BRUNA LOPES
As lembranças do período em que o Acre ficou isolado por terra ainda são bem recentes na memória dos acreanos. Na ocasião, por conta de uma combinação de fatores, o Rio Madeira atingiu níveis recordes e inundou a BR-364. O ano foi 2014 e, desde então, as autoridades monitoram as condições climáticas da Bolívia e de Rondônia.
Nos últimos dias, um grande volume de chuva tem sido registrado no país vizinho. Em Porto Velho, o nível do rio vem oscilando fortemente, isso devido à intensidade da chuva na Bolívia.
Embora a cota de alerta do CPRM seja de 15 metros, a Defesa Civil decreta com 14 metros pelo fato de que muitas casas são atingidas em determinadas áreas, aponta a Defesa Civil local.
O Rio Madeira apresentou 12,96 metros e mostrou um leve descenso em sua média do último mês de dezembro, que está entre 13 e 14 metros. Mas, com a chuva que caiu no Bolívia em região considerada como a Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS é provável que o rio comece a apresentar uma rápida subida nos próximos dias.
Já em Rio Branco, a situação parece estar sob controle. Há mais de uma semana, o rio que corta a Capital estava a menos de três metros da cota de transbordamento que é de 14 metros. Mas, nesta quinta-feira, 4, o nível registrado foi de 7,66 metros, com seu principal afluente, Riozinho do Rola registrando 7,42 metros.
O pesquisador metereológico Davi Friale esclarece que clima não é previsão de tempo, mas sim a média dos registros meteorológicos efetuados durante muitos anos. Conhecer o clima de uma cidade ou região é, portanto, importantíssimo para o planejamento das atividades humanas.
“Na capital do Acre, janeiro é o mês com o maior volume de chuvas, porém não é o mais chuvoso. Por ter 31 dias, janeiro tem média de 287,5mm de chuva, ao passo que o mês seguinte, fevereiro, com apenas 28 dias, tem um volume médio quase igual, ou seja, de 285,9mm, o que faz dele, o mais chuvoso de todos os meses do ano.
Já, no vale do Juruá, o mês mais chuvoso e com maior volume de chuvas é março”, destacou.
Neste mês, na região, não são comuns ventanias fortes, mas ocorrem muitas descargas elétricas e chuvas torrenciais, que podem causar rápida inundação de ruas e transbordamentos de córregos, completou o pesquisador.
“Os ventos predominantes, em janeiro, no Acre, em Rondônia e no sul do Amazonas, sopram da direção noroeste, com variações do norte, de nordeste e de oeste.
Devido ao enorme volume pluviométrico, são comuns, em janeiro, inundações provocadas pelo transbordamento de rios de maior porte da região, os quais, muitas vezes, causam muitos prejuízos e transtornos à população das áreas mais baixas”, aponta Friale.