A falta de segurança pública em Rio Branco é uma realidade e alimenta um setor dedicado a tentar preencher esse vazio: o mercado de vigilância particular e venda de equipamentos de segurança.
Devido ao avanço da criminalidade, a procura por sistemas de monitoramento realizado por empresas especializadas que oferecem unidades de apoio móveis 24h aumentou e se tornou item indispensável no orçamento de pessoas e empresas que buscam proteger seus familiares e patrimônios.
Ao longo dos últimos anos, esse mercado de segurança privada e equipamentos de monitoramento vêm se consolidando cada vez mais. Prova disso é que os comerciantes do setor percebem um aumento considerável desde a compra de cadeados para reforçar o portão até a instalação de complexos sistemas integrados de vigilância. Tudo que remete a um pouco mais de proteção está em alta no mercado.
O custo para se sentir seguro varia. Desde o valor de um cadeado, que pode chegar R$ 45, até ao sistema de câmeras mais tecnológico, além de vigilância noturna que pode chegar a R$ 350.
Seja adquirido pela internet ou em lojas físicas, itens como cerca elétrica, sistema de câmeras, sistema de alarme e motor para portão eletrônico são alguns dos equipamentos que tem mais saída nos últimos tempos, aponta o vendedor Douglas Souza.
“Os preços variam, mas os interessados não precisam ter medo, pois eles estão cada vez mais acessíveis. Além disso, por conta do avanço tecnológico, os itens possuem um consumo mínimo de energia e é muito fácil de manusear o sistema de câmera, por exemplo”, explica o vendedor.
Seja para uma residência ou estabelecimento comercial, o medo tem sido combustível para o crescimento desse mercado.
“Resolvi instalar alguns equipamentos para o sentimento de segurança pelo menos em casa. Já sofri com algumas invasões, foi aí que instalei o portão elétrico e as câmeras. Fiquei mais tranquila depois disso, porque não tem sensação pior do que saber que teve um ladrão dentro de casa levando os objetos que você trabalhou tanto para ter. Levaram dois televisores de LED, uma quantia em dinheiro, relógios e joias, algumas roupas e pares de sapatos. Procurei a polícia, mas nunca tive retorno dos objetivos furtados”, confessou a funcionária pública Andreia Lima.
Outra vida que virou de ponta cabeça foi da aposentada Lúcia Mota, após uma invasão à residência dela. “Não me sentia mais segura lá. Nem com todos os equipamentos mais sofisticados. Preferi deixar a casa e me mudar para um apartamento num condomínio fechado. Só depois disso, voltei a dormir direito”, relata.
No condomínio, além de câmeras e portão elétrico, o serviço de portaria 24 horas por dia trouxe a tranquilidade para a aposentada.
A rotina da família Sousa mudou após os três filhos adolescentes serem assaltados na porta de casa ao sair para fazer uma caminhada. “Após esse episódio, eu preferi que eles frequentem uma academia onde posso ir deixar e buscar. Com isso, sei que eles estão seguros. Eles ficaram com muito medo. Foi um período difícil para toda a família”, comentou a mãe dos jovens, Silvia Sousa.
Variedade e praticidade aliada à tecnologia
Atualmente, a quantidade de equipamentos voltados para a segurança residencial e comercial aparece até nos smartphones que, por meio de aplicativo, conseguem acessar as câmeras de segurança de dentro de casa, em qualquer lugar com acesso à internet.
Os smartphones, além de tudo que já fazem, podem também funcionar como câmera de segurança. Seja para observar à distância o que acontece em casa ou vigiar as crianças, há aplicativos para vários tipos de necessidade. Assim, você pode acompanhar, remotamente, a rotina de um ambiente. Quer mais detalhes? Então confira a lista com cinco opções para Android, iOS e Windows Phone.
Depoimentos de comerciantes
Medo de sair de casa, de ir à padaria ou ao mercado, de esperar pelo ônibus nas paradas, desconfiança de qualquer pessoa que se aproxima e o abandono de velhos hábitos, como sentar e ler um livro na praça, conversar com vizinhos na calçada e até mesmo as caminhadas, estão ficando a cada dia mais comuns entre a populaçãode Rio Branco.
Entre os comerciantes isso não é diferente. “Eu tenho consciência de que esses equipamentos apenas dificultam a entrada do criminoso no meu estabelecimento. Infelizmente, nós é que estamos presos. Mas, hoje em dia não temos outra opção”, comenta um comerciante em Rio Branco que preferiu não se identificar.
Essa é uma realidade muito comum, praticamente uma unanimidade entre empresários. Abrir o bolso para se proteger e evitar entrar para as estatísticas de violência ou prejuízos.
Após um episódio de arrombamento, a saída encontrada pelo comerciante Paulo Vieira foi investir no sistema de proteção privada.
“Tive um prejuízo total foi de R$ 150 mil, entre conserto do que foi quebrado e o que foi roubado. Hoje, vivemos quase presos aqui dentro, com grades protegendo a frente da loja. Ficou até feio, mas é necessário”, justifica. Desde então, a situação ficou um pouco mais tranquila, relatou o comerciante.
O trauma e prejuízos por conta de um assalto ocorrido há dois anos mudou a forma de trabalhar de uma loja de confecção no Centro de Rio Branco.
“Antes, a loja tinha as portas abertas. Fazia uma exposição das peças logo na entrada e trabalhava até após o horário comercial. Depois do assalto, fechei as portas. Quem tem interesse em olhar alguma peça, bate na porta e a vendedora abre. Nesse intervalo, deu para perceber uma queda de quase 30% nas vendas e, como consequência disso, precisei reduzir o número de vendedoras”, afirma a gerente do empreendimento, Larissa Alves.
Perigo maior nas férias e feriados como o Carnaval
Nesse período de férias e com a proximidade do Carnaval, muitas pessoas optam por viajar, ausentando-se de casa e deixando seus imóveis mais expostos. Por isso, é importante que o proprietário siga algumas dicas de segurança para que tenha mais tranquilidade nestes dias.
Em casa, vale prestar atenção nos seguintes aspectos: por exemplo, antes de viajar, avise um vizinho de confiança sobre a ausência nestes dias e, se possível, solicite que ele faça uma visita à residência esporadicamente. Cancele a entrega de correspondências para que não se acumulem na porta, o que podem passar uma impressão de abandono do imóvel. Não deixe as luzes acesas durante o dia. E evite divulgar nas redes sociais viagens e detalhes do dia a dia.
Outras dicas
*Observar a rua antes de sair ou entrar em casa. Deve observar se há a presença de pessoas estranhas no entorno da residência antes de abrir o portão para sair ou entrar, pois é nesse momento que os bandidos rendem a vítima e realizam o assalto;
*Reforçar portões e janelas para que não haja imprevistos;
*Mantenha a parte externa da casa bem iluminada até mesmo com holofotes;
*Se for assaltado não reaja de jeito nenhum;
*Trancar sempre portas e portões de acesso de sua casa. Não os deixe abertos inutilmente, ainda que por poucos momentos. Os delinquentes se valem de nossos descuidos.