“Matei a Déborah porque ela matou o meu irmão”, afirmou André de Souza Martins, 28 anos, ao ser apresentado pela Polícia Civil, nesta terça-feira, 30, como principal suspeito da morte de Déborah Bessa, que foi decapitada e deixada numa cova rasa no bairro Caladinho, no começo deste mês. A ação dos criminosos foi filmada e divulgada por meio das redes sociais.
Outro participante do crime, um menor de idade, entregou-se às autoridades no último final de semana. Durante a apresentação que ocorreu na Delegacia de Investigações Criminais (DIC), André explicou de maneira fria os motivos e a forma como tudo aconteceu.
“Ela disse ‘mano, estou precisando de drogas e arma’. Falei que arma não tinha, mas droga sim. Ajeitei um papel com plástico e mostrei para ela vir buscar. Quando chegou lá, levei para o lugar que era para acontecer. Matei ela por vingança. Jamais ia fazer isso por causa de mandado, até porque tenho sete filhos para criar e não ia fazer isso porque alguém mandou. Acabou com minha vida, minha mãe hoje toma remédio controlado porque viu o filho sendo esquartejado”, detalhou.
Segundo André, em 2013, Débora participou de um esquartejamento. “Ela pegou e armou com os irmãos dela e armou pro meu irmão que me ajudava dentro da cadeia e esquartejou o meu irmão, tá entendendo? Arrancaram as pernas, o braço do meu irmão”, acusou ele.
A versão do acusado contraria a da irmã de Déborah, a secretária Sarah Freitas Bessa, que garantiu que a jovem ia visitar o filho no dia do crime.
Ao todo, as autoridades apontam que cinco pessoas participaram do crime que resultou na morte de Déborah, sendo duas na execução e outras três filmando.
Arrependimento
Ainda sobre o crime, André disse que convidou os demais envolvidos apenas para filmar, mas o adolescente de 17 anos resolveu também furar a vítima com uma faca. “Tenho noção do crime que pratiquei. Que vocês me perdoem. O que fiz não é certo, mas ela acabou com minha vida, com a vida da minha mãe e de muitas outras pessoas. Todo mundo sabe que ela não era santa. Era uma mulher, mas muito perigosa. Sei que o que fiz não é certo e quero que Deus me perdoe”, falou André.
André foi encontrado na Estrada de Porto Acre
A polícia localizou André de Souza Martins na Estrada de Porto Acre. Ele portava uma pistola ponto 40 e a blusa que usava no dia do crime na cor rosa com detalhes pretos foi encontrada junto aos seus pertences. Ele também tem passagem por tráfico.
Durante a apresentação, o delegado responsável pelas investigações, Cristiano Bastos, falou que Martins é a pessoa que aparece com um facão ao lado de Déborah.
“Conseguimos prender um dos executores desse crime bárbaro. Desde o início, já tínhamos identificado os autores, mesmo antes de ter sido divulgado o vídeo. Fizemos um trabalho de inteligência e investigação acompanhando os autores”, detalhou.
Emylson Farias afirmou que há indícios de que Déborah tenha participado de execuções
O delegado responsável pelas investigações, Cristiano Bastos, explicou que a polícia encontrou o vídeo da decapitação em um celular apreendido. Os suspeitos foram identificados pelas imagens e a polícia pediu a prisão deles ao Judiciário.
“Conseguimos fortes elementos probatórios confirmando a autoria, apreendemos o celular que, possivelmente, fez a filmagem, as roupas utilizadas no momento do crime e uma arma de fogo que aparece nas imagens”, acrescentou.
O secretário de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias, afirmou ainda que há indícios de que Déborah tenha participado de execuções de membros da facção rival, inclusive com filmagens.
“A Déborah era de facção rival e há indícios de que tenha participado de crimes contra a facção que ela foi executada. Inclusive, em situação de filmagens idênticas a que ocorreu”, afirma.
André vai para o RDD
O secretário de segurança pública garantiu que vai pedir que André Martins seja instalado no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no presídio.
“Um crime como esse causa uma repulsa e passa a ruir a paz social e tínhamos que prendê-los. Quem pratica esse tipo de crime tem logo que alcançar as barras da cadeia e o Estado tem que agir rapidamente. Vamos conversar ainda com o Judiciário e Ministério Público para que não tenha nenhuma visita íntima por, pelo menos, uns dois anos”, ressaltou Emylson Farias.