Diego Souza chegou ao São Paulo com a responsabilidade de ser a nova referência do time, como centroavante. Não à toa, ele recebeu das mãos de Raí a camisa número 9, herdada de Lucas Pratto, vendido para o River Plate.
Raí, executivo de futebol e ídolo do Tricolor, aliás, foi protagonista na negociação e fundamental para Diego Souza trocar o Sport pelo São Paulo.
De olho em um lugar na seleção brasileira de Tite, Diego Souza viu em Raí um exemplo para alcançar seu sonho de disputar uma Copa do Mundo com a seleção brasileira – o ex-jogador foi campeão em 1994. Antes, já havia conquistado o Mundial de Clubes com o São Paulo, em 1992.
Fora da primeira rodada do Paulistão, nesta quarta-feira, contra o São Bento, Diego Souza não vê a hora de começar a jogar para ajudar o São Paulo e consequentemente estar mais perto da Copa do Mundo na Rússia.
– Quero poder estar bem logo e entrar dentro de campo para fazer meus gols. Vou lutar por esse sonho até o final.
Confira abaixo a entrevista exclusiva com Diego Souza:
GloboEsporte.com: Você quer jogar como centroavante ou meia?
Diego Souza: Indiferente. Vou jogar onde precisar. Sempre fui um meia e, nos últimos tempos, venho jogando como centroavante. Estou bem adaptado às duas funções. Onde precisar vou tentar ajudar da melhor maneira possível para que o nosso Tricolor possa sair vitorioso. Sem problema nenhum, em qualquer função do meio para frente me sinto bem e posso ajudar. Ainda não (conversou com Dorival). Estou trabalhando no dia a dia, muitas vezes eu tenho feito papel de 9. Mas o Dorival me conhece há muito tempo.
Como ocorreu essa mudança de posição? Gosta de ser o camisa 9?
Foi bem natural. Jogávamos com duas linhas de quatro. Jogava eu e mais um atacante na frente, eu e André, e fazíamos esse rodízio de buscar. Hoje acho que não tem muito aquele centroavante fixo. Todo mundo participa do jogo e isso me ajudou bastante a conseguir a ser um camisa 9. É bom, uma responsabilidade boa. Gosto de estar fazendo gol. É bem gostoso.
Qual o seu principal objetivo no São Paulo?
O principal objetivo é agregar e poder fazer com que o clube volte a disputar as grandes competições, o torcedor voltar a sonhar com títulos. Esse é o meu principal objetivo. Poder voltar a pôr o São Paulo em evidência novamente, porque não deveria ter saído pela grandeza que tem.
Como recebeu em um primeiro momento a possibilidade do São Paulo?
Era bem complicado. Estava bem adaptado em Recife. Sou um cara bem quisto no Sport, que sempre me recebeu e tratou muito bem. Foi uma decisão muito acertada. Conversei bastante com Raí, e tem horas que você tem de tomar uma decisão. Escolhi bem chegar a um time que está formando grandes jogadores, com a ambição de ganhar. Essa responsabilidade também de ter de estar entre os quatro no Campeonato Brasileiro, disputando Copa do Brasil. Tem essa responsabilidade, e eu sempre gostei disso.
Sente a responsabilidade de ser um líder dentro e fora de campo, após as saídas do Pratto e do Hernanes?
Isso é relativo. Sei da minha responsabilidade. Perdemos referências, o Pratto e Hernanes têm muita qualidade técnica dentro de campo. Fora de campo, pelo que fiquei sabendo, também. Mas temos grandes companheiros que têm condições de ajudar. Vamos conversar bastante e vou ajudar da melhor maneira, passando algumas coisas que eu aprendi com o futebol. Só assim, agregando e se ajudando, vamos conseguir buscar nossos objetivos.
Você hoje é mais consciente de que precisa se cuidar pela idade? De onde vem isso?
Experiência também. Sou um cara bem competitivo. Gosto de ganhar. Doem bastante as derrotas. Fico chateado. Então não posso perder isso. É meu. Tenho de me cuidar porque são muitos jogos no Brasil, então se você não se alinhar bem entre jogos e treinamentos acaba chegando em um ponto durante o ano em que arreia a bateria.
Está pronto para jogar quando?
Quero jogar sempre. A partir de hoje estaria à disposição, se precisarem de mim vou para dentro, estou pronto para ajudar. Mas no início da temporada é importantíssimo ter uma base e equilibrar a musculatura, porque a temporada é longa e tem muita competição pela frente. Vale a pena esse sacrifício agora para quando começar ir bem até o final.
Como será a parceria com o Cueva?
Cueva é um cara muito inteligente, tem muita qualidade. Não é difícil se entender com um atleta desse nível. Sem dúvida nenhuma é um cara que vai me ajudar e ajudar o São Paulo na temporada. Vamos nos conhecendo melhor e cada vez mais as jogadas vão aparecendo.
E a mudança da família para São Paulo?
Rapaz, esse é o lado mais difícil (risos). Chegar na correria. Arrumar casa e escola. Tem que ter um carro a mais por causa do rodízio (risos). É bem diferente, mas bem legal, gostoso. Vim bastante motivado e feliz. Temos um grupo bom, com funcionários legais que deixam bem à vontade. Isso ajuda quando chega.
Como vê as chances de ir à Copa do Mundo?
Olha, temos dois jogadores que vêm muito bem nos seus campeonatos. Infelizmente o Gabriel (Jesus) machucou, o Firmino vem bem também. Eu quero jogar. Quero poder estar bem logo, entrar dentro de campo para fazer meus gols e vou lutar por esse sonho até o final. Não vinha sendo convocado. Tive algumas convocações no ano passado e isso me deu muita motivação para continuar trabalhando. Então, é trabalhar forte e deixar as coisas acontecerem, porque só vai acontecer se eu estiver bem no São Paulo. Estando bem aqui a possibilidade aumenta.
Imaginava que apareceria a Seleção na sua vida? Como foi isso? Ser convocado como centroavante?
Foi bem legal. Primeiramente teve aquele negócio da Chapecoense contra a Colômbia. Foi legal. Logo na sequência o Gabriel Jesus machuca o pé. Em uma entrevista ao vivo logo depois do jogo, o Tite disse que tinha poucos dias para convocar a Seleção para os jogos contra Paraguai e Uruguai. Nessa entrevista ele acaba dizendo mais ou menos que convocaria eu e Firmino. Aquilo me deu muita motivação para ir trabalhando. Acabei indo, entrei nos jogos e isso vai motivando. As coisas foram fluindo e hoje sei que pode ser uma realidade, quem sabe, ir para a Copa do Mundo…
Só de saber que o nome está ali…
Sem dúvida. Não vai mudar nada se não for. A motivação é grande por estar vestindo a camisa do São Paulo e pelos objetivos grandes do São Paulo também. Mas sem dúvida é uma motivação e uma expectativa que criamos de disputar o maior campeonato do mundo da nossa profissão. Vou trabalhar e batalhar para que isso aconteça. É torcer para que dê certo.
A preparação em um ano de Copa do Mundo é diferente?
Você tem de fazer tudo o que pode para estar bem e ter uma base boa, evitar qualquer tipo de lesão e desgaste. Tem de estar jogando em um nível elevado. Tem de se cuidar um pouco mais porque o período de recuperação é bem curto. As vezes você joga um, dois e no terceiro é natural (cair de ritmo). Mas tem de fazer por onde, estar bem para jogar em alta intensidade e com muita qualidade. Só assim você vai estar sendo observado.
Qual foi o peso do Raí na sua transferência?
Olha, não tem como não escutar um profissional como é o Raí. Foi um grande camisa 10, conhece o clube do avesso e ganhou uma Copa do Mundo. Vivenciou isso o que hoje estou vivenciando. Então, tudo o que ele me passou em relação ao clube, do que quer que aconteça, do que vê como jogo… Nós conversamos sobre isso e trocamos ideias. Fui passando o que penso para mim em 2018 e ele disse o que pensava também. Nós fomos afinando e graças a Deus deu certo. Hoje estou aqui para dar sequência e quem sabe realizar um dos melhores anos da minha vida.