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Educação: fator de controle social

O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) definiu a educação como “a ação exercida pelas gerações mais antigas sobre os que ainda não estão prontos para a vida social. Seu objetivo é despertar e desenvolver, principalmente, na criança os estados físicos, intelectuais e morais exigidos dela pela sua sociedade, de modo geral, e pelo meio ao qual está especialmente destinada”.
É, do mesmo modo, da observação de Durkheim, o conceito de que a educação também prepara a criança para a vida na sociedade em geral, transmitindo tradições sociais comuns através da linguagem, religião, moral e costumes da sociedade.
Deste modo, a função da educação no preparo da criança para um determinado meio na sociedade, definido por Durkheim, significou tradicionalmente o seu preparo para a participação num determinado grupo na hierarquia social. Esse conceito de educação, mesmo à luz das modernas políticas educacionais de “igualdade”, não perdeu sua característica básica, principalmente porque os critérios intelectuais e sociais, dos dias de hoje, permanecem, em parte, os mesmos da época de Durkheim: os filhos de famílias de alto status, estão em geral, melhor qualificados para , por exemplo, a educação superior, por causa da variedade de vantagens que desfrutam.
É inegável que, com o desenvolvimento da ciência somado ao fantástico mundo da tecnologia de comunicação, esse princípio elementar da educação foi afetado em, pelo menos, um resultado: a falta de objetivos para adolescentes e o adulto. Perdeu-se, o equilíbrio entre as tradições firmes, padrões de comportamento, tolerância, etc.
O “fracasso” da educação moderna, exacerbado por outras influências sociais, tem sua principal marca na perda de socialização dos jovens. Evidenciado nos problemas criados e enfrentados pelos juvenis que protagonizam desgraça de toda sorte, que predominam mundo à fora e, notadamente, no Brasil.
O mundo mudou! Em razão dessas mudanças rápidas, estamos experimentando, de forma intensa, conflitos sobre valores sociais, expresso na oposição aos acordos matrimoniais, na indisciplina dos jovens que vivem a desrespeitar todo e qualquer segmento social e, que termina na delinqüência juvenil.
Tais problemas suscitam uma indagação mais ampla: a eficácia da educação formal, como controle social, falhou no Brasil? Qual a razão de tal perquirição?
A resposta é simples: De Norte a Sul, o Brasil está vivendo, no seio da sociedade, conflitos violentos. Sem controle social. A tal ponto de, agora mesmo, no presente momento, o Estado do Rio de Janeiro, “estar” sob intervenção militar. Exército, forças armadas, nas ruas, significa à luz da democracia, situação extrema, que só acontece quando o controle social vive o caos. Então, a sanção final da lei é a coação física.
É verdade, também que não é só a educação que “falha”, pois temos outros tipos de controle social que perderam o rumo: A opinião pública, por exemplo, é agressiva, beirando a violência verbal; a religião mor, que pontifica na nação, na encontra guarida nos milhões de corações brasileiros, envolvidos em corrupção e desonestidade. Do sistema político e de seus representantes, como um segmento principal de controle social, nem se fala. O que dizer do atual legislativo e, mesmo, de alguns executivos? Nada!
Diante de tal quadro, creio que estamos enquadrados na máxima do filósofo e literato francês Claude Adrien Helvetius, ou simplesmente HELVÉCIO (1715-1771) que ao fazer referência à educação na França, do século XIII, disse: “Os homens nascem IGNORANTES, mas não ESTÚPIDOS; a educação é que os torna ESTÚPIDOS!”

 

*Gestor de Educação Superior/Humanista. E-mail: assisprof@yahoo.com.br

Fabiano Azevedo: