Caro (a) irmão (ã) leitores (as) do Jornal A GAZETA, Paz e Bem! Neste nesse mês quero refletir com vocês, sobre o evento da descoberta da Fé por Francisco de Assis. Jordano de Jano um de seus biógrafos apresenta Francisco, como homem da penitência: “No ano do Senhor de 1207, Francisco começou a fazer penitência (viver em estado de penitência) no hábito de eremita. No ano do Senhor de 1209, tendo ouvido no Evangelho o que Cristo disse aos seus discípulos da primeira hora, mudou o hábito e tomou este que os irmãos agora vestem, tornando-se imitador da pobreza evangélica e pregador zeloso do Evangelho”. O processo de conversão de Francisco de Assis, dado aos 25 anos, traz características comuns a todo processo de conversão: encontro com o Senhor Vivo, gosto pela vida de oração, mudança de mentalidade, serviço sem limites ao Senhor, busca de maturidade espiritual, amor a Igreja do Senhor. Resultado de tudo isso foi que, “inflamados pelo fervor da pregação dele, muitos se ligavam às novas leis da penitência, segundo a forma adotada pelo homem de Deus: o próprio servo de Cristo estabeleceu que o modo de vida deles se chamasse de Ordem dos Irmãos e Irmãs da penitência” (LM IV, 6). Francisco começou a anunciar, não uma teoria aprendida, não uma estrutura religiosa, mas o testemunho de uma experiência feita, de Encontro, que revolucionou a sua vida, a Igreja de sua época, e ainda hoje. Isso tudo ocasionou muitas incompreensões, difamações, perseguições, mas no fim venceu a verdade de Deus.
Entre o final do século XII e começos do século XIII houve um despertar do laicato, que se manifestava numa busca de vida “verdadeiramente evangélica” e pelo ingresso na Ordem da Penitência, inspirando o Concílio de Latrão IV, pela primeira vez, a interessar-se de modo especial pelos Leigos. O Cânon primeiro diz: “Se depois de haver recebido o batismo alguém tenha caído em pecado, pode sempre ser salvo pela penitência. Não somente as virgens e os que se abstêm do sexo, mas também os casados, os que servem a Deus com fé reta e boas obras podem alcançar a bem aventurança eterna”. É a secularidade, vivida, como aspiração, através de um radicalismo evangélico na Igreja e com a Igreja, que distingue os leigos e leigas, seguidores do carisma de Francisco de Assis. Este e seus irmãos manifestavam uma vida e uma pregação, segundo o Evangelho, convidavam ao respeito pelos sacerdotes e teólogos, porque somente eles têm o poder de nos dar a Eucaristia “sem a qual não tereis a vida em vós”. Francisco afirma que os leigos e leigas têm um lugar na Igreja e podem chegar à santidade através de sua laicidade e viver, como tal, o Evangelho.
Francisco é o homem da catolicidade. Não propaga reforma, mas com sua vida começa a realiza-la na Igreja e sempre de acordo com ela. Da mesma forma, agirá quanto à sociedade. Ele não trilha o caminho dos monges ou do clero, mas percorre um sendeiro (caminho) próprio, autenticamente evangélico numa vida penitencial com suas características: forma de vida evangélica, vida fraterna, vida de desapropriação, vida de oração de oração e penitência, relacionamento com a hierarquia, vida de trabalho manual e de esmola, pregadores penitenciais e promotores da paz, perfeita alegria, acolhimento, relacionamento com os pobres da sociedade, proximidade com os leigos.
Os leigos começaram a buscar aconselhamento e uma diretriz evangélica junto dos freis, mesmo permanecendo em suas casas. Os leigos e leigas, seguindo as exortações de São Francisco e de seus frades, se espalharam por toda a Itália e difundiram a Ordem dos Irmãos e das Irmãs da Penitência que mais tarde ficou sendo chamada: Ordem Franciscana Secular – OFS. Segundo uma tradição, os bem-aventurados Luquésio e Bonadona de Poggiobonsi, na Toscana, são os primeiros terceiros franciscanos. São verdadeiros (as) herdeiros(as) de são Francisco que imbuídos de seu carisma são chamados a evangelizar o mundo com a mensagem de paz e bem.
De 26 de novembro de 2017 a 25 de novembro de 2018, a Igreja no Brasil está celebrando o Ano Nacional do Laicato, com o tema: Cristãos leigos e leigas sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino; e o lema: Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14). Esse evento pretende trabalhar a mística do “apaixonamento” por Jesus Cristo e do seguimento de nosso Senhor. Isto leva o cristão leigo e leiga a torna-se de fato, um missionário na família e no trabalho, onde estiver vivendo. Desde 1975, com o Sínodo sobre a Evangelização, e 1975, com Evangelii Nuntiandi, toda a Igreja começou a tomar consciência geral da importância e necessidade da evangelização na própria Igreja e não somente em terra de missões, para pagãos de países não cristãos. (EN 1,5.14). Em Catechesi Tradendae n°19 está escrito: “a primeira evangelização, nas paróquias, não está tendo lugar” e o n° 44 diz: “ a maioria dos católicos é, como adultos, verdadeiros catecúmenos”, não iniciados na fé, necessita de uma evangelização profunda.
Permita Deus, que todo o empenho da Igreja no Brasil, neste ano nacional do laicato, possa fazer acontecer uma nova geração de crentes católicos mais maduros, adultos na fé. Mas para isso, temos que contar com evangelizadores que comuniquem a sua experiência pessoal de um Deus familiar e intimo; não de uma teoria ou uma teologia abstrata e racionalista. Anunciamos o que vimos e ouvimos! Paz e Bem!
Frei Paulo Roberto Gomes é da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap. Pároco da Paróquia de Bom Jesus do Abunã em Plácido de Castro – Acre.
Assistente Espiritual do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Francisca na Secular – OFS, que se reúnem todo 3º domingo do mês, na Paróquia Santa Inês, às 7 horas.