É durante o Carnaval que a maioria das mulheres gosta de se fantasiar para curtir a folia. Mas, também é durante a festa carnavalesca que o número de violência sexual contra elas aumenta. É o que afirma a secretária de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), Concita Maia.
Vale ressaltar que violência sexual é qualquer ato sexual ou tentativa por meio de coerção. Comentários, cantadas, investidas sexuais indesejadas e até um beijo forçado também entram na classificação.
De acordo com dados da Polícia Civil do Acre, no período de janeiro a outubro de 2017, foram registrados 3.126 casos de violência contra a mulher. Em Rio Branco, foram contabilizadas 1.483 ocorrências. Do total, 139 foram vítimas de estupro e 13 de feminicídio. Já os números do período carnavalesco não foram disponibilizados.
A secretária acredita que, por conta do machismo, a mulher ainda é a maior vítima de violência, seja física ou sexual. “No Carnaval as mulheres gostam de se fantasiar, usar roupa curtinha. E os homens acham que por conta da exposição, a mulher está disponível. Nesse período, o assédio, que é um comportamento completamente machista, fica mais explícito. Isso é uma realidade”.
Maia destaca que devido aos cortes nos repasses federais para o Acre, a SEPMulheres não realizará campanha nas ruas, alertando os foliões sobre o assédio contra a mulheres durante o Carnaval. “Nossa campanha vai ser através da Rádio Aldeia, que é nosso canal de comunicação”.
Mas, como identificar o assédio? A resposta é simples: depois do “não” é tudo assédio. A feminista Isna Fernanda, membro do Movimento de Mulheres do Acre, explica que durante o Carnaval é comum ver situações de assédio contra a mulher.
“A partir do momento que a garota não gostou de certa atitude, não foi compatível, não se interessou, disse não e mesmo assim o homem tentou, é assédio. No Carnaval, a gente bebe, se diverte, vai curtir e nem por isso nós estamos disponíveis para qualquer coisa. Os homens precisam entender isso. A diferença entre o assédio e a paquera é a abordagem”, explica.
A feminista, que já foi vítima de assédio durante o Carnaval, acredita que a violência contra a mulher se origina do sistema patriarcado, em que os homens mantêm o poder de liderança política, autoridade moral, privilégio social e controle das propriedades. “Foi imposto pra gente que a culpa é da vítima por causa da roupa que ela estava usando, da cor do batom ou porque estava bêbada. E nada justifica”.
Onde denunciar
As mulheres que se sentirem violadas podem fazer as denúncias pelo telefone 190 ou procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, que funciona 24 horas.
Além disso, o Centro de Apoio a Vítima (CAV/MPE) estarão de plantão no Carnaval. Qualquer denúncia pode ser feita pelo (68) 99964-4258.