Há alguns anos a população de gatos abandonados na Universidade Federal do Acre (Ufac) gera polêmica dentro e fora do campus. Porém, recentemente a morte de cerca de quatro felinos chamou atenção de associações de animais e ONGs, que decidiram denunciar o caso.
Segundo a presidente da Associação Amor a 4 Patas, Mariana Lima, existe boatos de que um professor teria insinuado que a solução para o problema era não alimentar os animais. Além disso, ele agrediu um dos gatos que vive no campus com chutes. Ativistas da causa animal acreditam que os felinos estão sendo envenenados.
“Muitas testemunhas ouviram esse professor falando que tinha que acabar com os gatos e não alimentar mais. Também ouvimos falar de outras pessoas que trabalham na Ufac podem ter participado desses crimes de envenenamento. Foram achados quatro mortos, segundo a moça da Ufac, mas esse número pode ser maior. Estão aparecendo mortos praticamente todo dia”.
Lima explica que ninguém quer testemunhar o caso e oficializar a denúncia por medo de retaliação. Mesmo assim, a associação aguarda o resultado do laudo para verificar a causa das mortes e tomar providências.
“Não podemos apontar quem foi o responsável por essa barbaridade, sem provas ou testemunhas não podemos efetivar a denúncia. Estamos esperando o laudo do veterinário e se for comprovado o envenenamento, iremos ver quais medidas judiciais podemos tomar”.
Apesar de inúmeras campanhas feitas pelas ONGs, a universidade continua sendo um depósito de animais abandonados pelos donos. “Muitas pessoas acham que abandonando na Ufac terá sempre alguém para cuidar. Muitas campanhas contra o abandono foram feitas, reuniões com o reitor também, mas infelizmente nenhuma medida eficaz foi tomada”.
Vale ressaltar que abandono de animais e/ou maus-tratos é crime, com pena que pode variar de 15 dias a um ano de detenção mais multa. Qualquer pessoa que for testemunha de um caso e abandono ou agressão podem ir à delegacia mais próxima denunciar o caso.
“Não adianta matar, deixar de alimentar ou mau tratar porque outros animais irão aparecer. É um ciclo sem fim. Precisamos prevenis a situação e só há uma saída, que é a castração. Precisamos do apoio de toda a população. Infelizmente não muitos casos de abandonos, atropelamento e maus tratos que recebemos diariamente”.
Para a ativista, a implantação de políticas públicas para a castração de animais é necessária para controlar o aumento da população de animais de rua em Rio Branco. “A universidade pode ajudar na conscientização e vigilância para que não ocorra mais abandonos de animais no campus. Infelizmente não podemos cobrar do curso de Medicina Veterinária medidas para que castrem os animais de lá, pois falta equipamentos até para as próprias aulas práticas dos alunos”, acrescentou.
A reportagem tentou falar com a reitoria da Ufac por meio da assessoria de comunicação, mas até o fechamento desta edição não teve retorno.
Abandono de animais no Brasil
A Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que existam mais de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Em cidades populosas, para cada cinco habitantes há um cachorro. Destes, 10% são abandonados. Em cidades menores a situação não é muito diferente, a OMS diz que o numero de casos chega a ¼ da população humana.