O sonho de um goiano e uma cuiabana – que se consideram acrianos – nasceu dentro de casa. De forma despretensiosa. Ele expôs o que queria, a esposa fez sugestões e o filho transformou a ideia em desenho que se transformou na logo da marca. Pronto. Ali surgiu a grife Forest Man, em tradução literal, “homem da floresta”. Uma linha de camisas assinada pelo empresário Marcelo Amaro e Débora Izidorio.
Apesar da marca ser acreana, Marcelo faz questão de ressaltar que as influências locais na hora da criação não são o foco. “Desde o início imaginamos uma marca que pudesse entrar em qualquer mercado, até mesmo o internacional. Por isso, não posso regionalizar meu produto”, esclarece.
E para quem torce o nariz quando o assunto é moda, a Forest Man surge no mercado democratizando e permitindo aos seus clientes vestirem peças de excelente qualidade, bonitas e, em alguns casos, peças exclusivas.
Isso mesmo. Você não leu errado. A marca possui uma linha de camisas/camisetas/regatas exclusivas. “Eu fabrico apenas um modelo com um único tamanho. Não faço três tamanhos tipo P, M e G. Faço de 200 a 250 camisas exclusivas a cada nova coleção. Esse tipo de produto vai para o Brasil todo. Além disso, as camisas são unissex”, explica Marcelo.
O próximo desafio para o empreendedor será lançar uma série exclusiva com estampas das imagens feitas de regiões do Acre. O projeto é em parceria com o fotógrafo Daniel Cruz.
“Serão imagens como tribos indígenas ou o Rio Acre. Será apenas de uma vertente do nosso trabalho. Mas, no dia a dia, não procuro me apegar às características locais senão eu torno a marca regional. Mas, minha pretensão é que o produto ganhe o mundo. Claro, sem esquecer que ela nasceu aqui. Tenho orgulho disso. Eu poderia ter começado essa empreitada em Brasília, mas preferi ficar”, comenta Marcelo.
Além disso, em breve será lançada a linha executiva da marca. “São as camisas de botão que vão ser uma linha exclusiva. Não vou fabricar elas em linha de montagem. Então, quem comprar uma delas, não vai encontrar outra igual. Quando eu faço isso, eu agrego valor”, ressalta Marcelo.
Ainda de acordo com ele, existe também uma linha com preços mais populares. “Eu entendo que preciso atender a todos os públicos. A linha exclusiva é para aqueles que podem gastar mais. Os acreanos até então, não tinham essa opção”.
Novos desafios e dificuldades
Ele adiantou que em breve o novo produto da marca será calças e calçados. “Para isso, preciso fechar parcerias. Atualmente, eu terceirizo o serviço de indústria, por exemplo. Infelizmente, ainda não encontrei no Acre alguém que faça o serviço de sublimação de alta qualidade da forma que quero. Por isso, eu produzo numa indústria em Brasília”.
O serviço de sublimação que Marcelo se refere é o processo de estamparia onde é impresso um desenho em um papel para sublimação com tinta sublimática, e, depois, através de uma prensa quente, transfere o desenho do papel para a peça de roupa.
“Se um famoso, como um jogador de futebol ou um cantor sertanejo, veste minha marca, eu preciso que ela tenha excelente qualidade, já que disputo espaço com nomes como Ricardo Almeida ou Gucci, por exemplo,”, afirma Marcelo.
Se essas dificuldades reduzem a vontade de trabalhar? Muito pelo contrário. Marcelo prevê que, até o final do ano, vai lançar a linha de camisas pólo e também uma coleção sobre filmes antigos.
Apesar de toda vontade de trabalhar, existem muitos desafios para quem realiza o sonho de ter o próprio negócio diante de um cenário econômico tão desfavorável.
“Além de estarmos vivendo num momento de crise, vivemos num estado sem indústria, onde a construção está parada por conta, também, do período das chuvas. Viemos de um Natal que não foi bom, um começo de ano fraco, um Carnaval que acaba tirando um pouco do dinheiro da cidade. Na minha avaliação, o Governo Federal não ajuda o empreendedor. É muito imposto, taxa para pagar. Mas, quando corre atrás de um benefício ou facilidade, como linha de crédito, por exemplo, você não consegue. Senti isso na pele. Hoje, você tem que ser muito corajoso para investir”, aponta o empresário.
“O Governo Federal não ajuda o empreendedor. É muito imposto para pagar. Mas, quando corre atrás de um benefício, você não consegue”
Vestindo famosos
Atualmente, a marca veste jogadores de futebol, cantores como Bell Oliver, vocalista do grupo Calcinha Preta, Antony e Gabriel, Mato Grosso e Matias, Pedro Paulo e Alex, Felipe Araújo, Dedé e Sassa, ambos os jogadores do Cruzeiro.
Loja física
Em Rio Branco, Marcelo possui a loja multimarcas que leva o mesmo nome da grife. “Coloquei outras marcas dentro da loja para agregar, porque hoje eu não tenho todo o mix de produto levando o nome da Forest Man. Aos poucos estamos implementando”, justifica o empreendedor.
Localizada na Estrada da Floresta, anexo I, em frente à rotatória que dá acesso ao Via Verde Shopping, a loja Forest Man foi inaugurada no dia 22 de dezembro de 2017.
“Toda loja hoje foi ideia da minha esposa, os móveis a arquitetura. Aqui temos, inclusive, um minibar. Sempre estou na loja. Mas, aqui dentro sou um vendedor. Estou construindo um sonho ainda. Estou feliz, mesmo com toda dificuldade, porque eu tenho o reconhecimento das pessoas que me apoiam e vestem literalmente a minha camisa”.
Para o segundo semestre, Marcelo adianta que pretende fazer uma remodelagem na loja e montar a primeira franquia da marca. “Quero montar uma loja modelo para franquiar a marca Forest Man”, planeja o empresário.
Para reforçar o time, Débora vai começar a fazer faculdade de moda. “Ela é minha sócia na vida. Eu valorizo e prezo muito por todo esforço e dedicação que ela tem para construir nosso sonho”, declara Marcelo.
“Estou construindo um sonho ainda. Estou feliz, mesmo com toda dificuldade”
Um pouco mais do trabalho
Ficou curioso sobre como uma marca é criada? Marcelo explicou detalhadamente como é o trabalho dele.
“Toda a parte do designer das camisas e elaboração é por nossa conta. Eu e minha esposa criamos e desenhamos. Mandamos para a fábrica em Brasília. Lá, os designers personalizam no sistema e nos encaminha novamente. Nós aqui avaliamos e aprovamos os cortes e os desenhos das camisas. Quando eu não for, quem vai decidir e resolver as coisas em Brasília é a minha esposa. Ela é base do nosso sucesso”, ressalta.
Por exemplo, para a Copa do Mundo 2018 que acontece em junho, Marcelo promete lançar uma nova coleção, com estampas e desenhos que marcam o evento. “Os cortes e desenhos eu faço de acordo com o que a moda vai vivendo. Penso que para a Copa precisa ser algo mais templária. Tenho camisas com corte diferenciado, irreverente e também o tradicional”, detalha.
“Sempre temos opções de regatas, por conta de o clima ser quente na região. Mas temos camisas long, usado muito por cantores como o Lucas Lucco.
Hoje, Marcelo conta com distribuidor no Rio Grande do Sul, Campo Grande e em outros lugares do país.
“Temos o apoio dos nossos clientes. Por isso, fomos crescendo com calma e solidez. A minha marca é pequena. Eu tenho consciência disso. Sou um grão de areia no universo da moda. Mas, meu sonho é daqui a três anos poder falar que a minha marca está presente na metade do Brasil e trazer toda a produção para Rio Branco. Com isso, poderíamos aproveitar a proximidade com o Peru e utilizar o melhor algodão do mundo e o que é produzido lá.”
Perfil
Morando há 13 anos no Acre, Marcelo Silva é formado em Administração e cursou até o sétimo período de Direito. Ele é casado com Débora Izidorio e tem dois filhos.
A marca Forest Man nasceu há um ano e dois meses. Antes disso, Marcelo trabalhou durante 11 anos na iniciativa privada. Mas, para agregar à renda da família, passou a vender roupas de outras marcas. Foi aí que pensou: se ele tinha abertura e mercado para vender as marcas dos outros, por que não criar uma marca própria?
A ideia de batizar a marca com um nome em inglês é para chamar a atenção do consumidor internacional, que dá grande valor aos produtos da região Amazônica de forma geral.