No volante de um caminhão de guincho, mas sem abrir mão do batom. Rosa Chalub, 48 anos, é o retrato da mulher que vai à luta sem medo da opinião alheia. Isso significa, muitas vezes, dirigir pelas estradas do país ou do Estado sozinha para recuperar um veículo que sofreu algum acidente ou teve algum problema.
Nesta profissão, ainda dominada pelos homens, a motorista precisa estar preparada para qualquer contratempo como, por exemplo, um pneu furado. E se engana quem acha que Rosa precisa de ajuda para trocar um pneu.
“Em algumas situações, temos que nos virar. Já aconteceu de a mangueira estourar e eu ter que adaptar, ou um pneu do caminhão furar. Uma vez fui motivo de chacota na estrada. Estava com o caminhão carregado e pesado, e meu pneu furou. Eu não podia rodar com ele vazio, por isso, parei no sol quente pra trocar. Os homens que estavam na obra ao lado ficaram de braços cruzados olhando e eu pensei: vou mostrar pra esses caras que eu sei trocar um pneu.”
Rosa trocou o pneu e mostrou para os homens observadores que mulher também entende de caminhão. Porém, apesar de ser uma excelente profissional, a motorista conta que já foi alvo, inúmeras vezes, de piadas machistas sobre mulheres e direção.
“Dizem que é serviço para homem. Mesmo de carro pequeno já fui confrontada aqui na cidade. O cara falou que mulher não podia dirigir. Nas estradas, os caminhoneiros já conhecem e não têm muito preconceito, até porque tem muita mulher dirigindo também. Aqui não.”
Já para as mulheres que a veem atrás do volante, a motorista é motivo de inspiração. “Percebo que elas ficam olhando e bate aquela curiosidade: será que é motorista mesmo? Rola sempre um cumprimento”.
Paixão pelo volante
Motorista há mais de 20 anos, Rosa já viajou quase o Brasil todo. E foi vendo outras pessoas dirigindo que a paixão pelo volante despertou. “Eu queria ser piloto de avião, mas virei motorista de caminhão. Quanto maior, melhor, mais segurança”.
A festa no caminhão
Quem costuma viajar pelas estradas coleciona muitas histórias, e com Rosa não poderia ser diferente. A mais recente aconteceu na BR-364, sentido Rio Branco – Cruzeiro do Sul. Um grupo de homens estava fazendo uma festa em cima de um caminhão, com direito à cerveja e muita chuva. Isso mesmo, você não leu errado, era uma festa.
“Quando me cheguei nas proximidades estava chovendo, e eu tava com o caminhão truncado pra subir a ladeira. De repente apareceu uma caçamba com um monte de homem em cima, dançando. Eu passei rápido e só vi os caras sem roupa balançando a camisa”, recordou.
Mulher multiuso
Além de motorista, Rosa é mãe, esposa e funcionária pública. Cuida da chácara da família, da casa e dos cachorros, tudo com muito amor. Ela realiza tantas atividades que se pode dizer que é uma ‘mulher multiuso’. Mesmo com tanto afazeres, ainda existe tempo para o lazer.
“Minha sobrecarga eu desconto nos finais de semana. Pego minha vara de pescar e me mando. Mesmo com tudo, ainda consigo me divertir. Gosto muito de festa, passeios, pescaria é meu esporte preferido.”