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Emoção e lágrimas marcam sessão para celebrar pessoas Down na Aleac

“Foi-se o tempo em que nossas crianças ficavam escondidas no quartinho escuro, no fundo do quintal. Ou que nossos jovens eram trancafiados em gaiolas e tachados como mongoloides”. A declaração, de forte tom emotivo, foi proferida na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Acre, (Aleac), na quinta-feira, 22, pela presidente da Federação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais de Rondônia, Ilda da Conceição Salvático.

O pensamento dela revela um novo marco nas relações com as pessoas Down no país, que agora é recheada de mais informações, de mais respeito, dignidade e amor por estes seres tão extraordinários quanto os que são considerados ‘ditos normais’.

A sessão solene da Aleac de quinta-feira celebrou o Dia Mundial da Síndrome de Down, que é comemorado sempre no dia 21 de março, e contou com a participação de crianças e jovens estudantes do Colégio Dom Bosco, de creches de Rio Branco, das Apaes da capital e de Cruzeiro do Sul, e de escolas particulares. Pais, mães, irmãos e amigos também se fizeram presentes.

A sessão teve um caráter todo especial porque o presidente da Mesa Diretora da Aleac, o deputado Ney Amorim, é um dos maiores defensores da inclusão plena de crianças, adolescentes e adultos Down.

Na cerimônia, o presidente da Aleac foi pego de surpresa por uma homenagem do filho Down, Ney Amorim Júnior, que fez uma declaração de muita gratidão e amor pelo que o pai representa na sua vida.

“Hoje eu usarei o microfone como meu pai. Quero dizer, na frente de todos, que te amo muito, meu pai. E quero agradecer por me sentir tão importante na sua vida. Por isso, você é o meu herói e o meu melhor amigo”, disse Júnior, para em seguida colocar no pescoço do pai uma medalha de herói. Todos foram às lágrimas no plenário.

Para Ney Amorim, ‘é uma honra ser pai de um jovem Down’.

“Só sendo pai desses seres incríveis para saber do que estou falando. É uma alegria e um amor incondicional que temos, e que só aumentam com o passar dos anos. O Juninho é meu companheiro de todas as horas e tenho imenso amor e orgulho por ele”, respondeu o deputado, com os olhos marejados e fala quase embargada de emoção.

Para Ilda Salvático, cujas declarações abrem essa reportagem, ‘muitas vezes os pais perdem as esperanças sobre tudo’.

“Mas quero dizer, que ninguém nesse mundo é perfeito. Ninguém é normal e foi preciso que se passassem 200 anos para que nossas crianças pudessem ser incluídas socialmente, que pudessem ler, escrever e caminhar, direitos fundamentais para todos os seres humanos”, ressaltou a especialista.

Os dois séculos mencionados por ela têm como base o tempo em que se levou da descoberta da síndrome, em 1866, pelo médico britânico John Langdon Down, até a conquista da cidadania e do respeito nos dias de hoje.

Depois da apresentação da banda de fanfarra da Apae Rio Branco, composta por estudantes da unidade, a bióloga Roberta de Freitas Lopes, mãe do menino Bernardo, apresentou as mais recentes conquistas sobre o tema no estado: o grupo ‘Família Down no Acre’, que reúne periodicamente 62 famílias para manifestarem apoio umas às outras, sempre que necessário.

O grupo ainda não é uma associação, mas conta com as redes sociais para ser fortalecer e informar, principalmente, pais de Down pela primeira vez. Participaram também da sessão, a ex-deputada Perpétua Almeida e representantes de Apaes dos estados de Rondônia, Tocantins e do Pará.

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