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O Brasil nas garras da águia americana

Os americanos são, realmente, muito previsíveis e não dão a mínima importância ao que as demais nações acham das suas atitudes. São do tipo que negociam a mãe a dois tostões para levar vantagem em cima de quem quer que seja, inclusive da própria. Para vender armas, pois, eles promovem guerras. Para ganhar dinheiro, então, eles invadem nações sem um pingo de medo das consequências, principalmente, quando, do lado de cá, existe uma elite que também não mede esforços para vender o que é brasileiro, de forma a ganhar sempre os seus dividendos em moeda forte.
As estratégias, é claro, são as piores possíveis, conforme denunciou o australiano Julian Assange, no WikiLeakes, o seu sítio na Internet. É claro que as nossas maiores riquezas estão na mira dos piratas da modernidade. Eles já se apossaram do nosso petróleo, dos nossos aquíferos e, agora, a invasão se faz por terra, no extremo norte do Brasil, na calada da noite, utilizando-se de estratagemas sutis, muito cuidadosamente, para não nos assustar tanto.
As denúncias feitas por Mara Sílvia Alexandre Costa, pesquisadora da Universidade de São Paulo, Usp, dão conta de uma realidade catastrófica, se levamos em consideração o sonho do Brasil independente que, agora, se faz mais distante e quase impossível. Não há dramaticidade, nem poesia romântica, como a direita costuma apregoar quando um intelectual fala as suas verdades. Há, certamente, doses exageradas de realismo e tragédia. O caos total entrou pela porta da frente sem bater e sem sequer cumprimentar os poderosos de Brasília, porque eles também estão vendidos e bem pagos.
Roraima, o palco da invasão, no extremo norte da Amazônia, Estado onde hoje a cientista reside, é, realmente, um pedaço de Brasil estupidamente desconhecido dos brasileiros.
Segundo o relato, as duas semanas que ela permaneceu em Manaus foram interessantes. Lá, há um Brasil um pouco diferente. Todavia, chegando-se em Boa Vista, Roraima, a realidade choca profundamente qualquer brasileiro que diz orgulhar-se deste gigante deitado nesse berço hoje nada esplêndido. Incomoda deveras a situação.
De início, é preciso enfatizar que o mais difícil de se encontrar por aqueles ermos são pessoas nascidas em Roraima. Uma pesquisa em métodos simples apontaria, tranquilamente, para a proporção de um roraimense para cada dez habitantes. Há gaúchos, cariocas, cearenses, amazonenses, piauienses, maranhense, dentre outros. Logo, observa-se que falta uma identidade com a terra. A população é formada por forasteiros de todos os quadrantes do Brasil e do mundo. Estamos, verdadeiramente, no mato sem cachorro.
Não existem muitos meios de sobrevivência. Ou se é funcionário público, ou a pessoa trabalha no comércio local, ou recebe ajuda de programas governamentais. Não existe indústria de qualquer tipo e mais de setenta por cento do território roraimense é demarcado como reserva indígena. Daí a azáfama.
Na única rodovia que existe em direção ao Brasil real – que liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km – existe um trecho de aproximadamente duzentos quilômetros, dentro da reserva indígena Waimiri-Atroari, por onde é permitido passar apenas no período entre seis da manhã e seis da tarde. Nas outras doze horas, a rodovia é fechada pelos índios, com a autorização da Funai e dos americanos. Tudo para que os índios não sejam incomodados e para que muita coisa aconteça nas sombras da noite.
Detalhe que chama a atenção é que apenas os brasileiros não passam. O acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Quem vem dos Estados Unidos entra quando bem entende. Se o cidadão não tem uma autorização da Funai, mas tem dos americanos, fica tudo muito mais fácil.
A maioria dos índios fala a língua nativa, além do inglês ou francês. Pior é que a maioria não fala português. Ademais, segundo os brasileiros lá residentes, é corriqueiro, na entrada de algumas reservas, encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum serem encontrados americanos estilo nerd, com cara de quem não quer nada, que veio apenas caçar borboleta e joaninha, e catalogá-las.
Se um brasileiro quiser montar uma empresa para exportar plantas e frutas típicas, como cupuaçu, açaí, camu-camu – este a maior fonte de vitamina C que a natureza produz – dentre outras espécies medicinais ou com componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar ‘royalties’ para as empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia.
Nas palavras da cientista, “os americanos já não estão apenas em processo de tomada da Amazônia.”
Para uma residente em Mucajaí, “tudo aqui já é deles. Eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum, porque eles não deixam. Quando acabar essa fase da invasão, eles irão fazer o que fizeram no Iraque: determinaram uma faixa para os curdos, onde os iraquianos não entram. Aqui vai ser a mesma coisa.”
Para piorar, segundo a ONU, o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena, o que tem levado os americanos a alegarem que estão libertando ou protegendo os povos indígenas.
Há, inclusive, relatos segundo os quais os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo à fronteira com o Brasil, numa parceria com o governo colombiano, com a finalidade mentirosa de combater o narcotráfico.
Acrescente-se que nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente, se for americano, europeu ou japonês, porque isso pode causar um incidente diplomático.
Vem então à mente uma pergunta: porque os americanos querem tanto proteger os índios?
A resposta é absolutamente a mesma. As terras indígenas, além das riquezas animal e vegetal, e da abundância de água, são extremamente ricas em ouro. São encontradas pepitas que são pesadas em quilos. Há muito diamante, dentre outras pedras preciosas, além de vários minerais. Nas reservas de Roraima e Amazonas há petróleo em abundância.
Preocupa muito o fato de as pessoas contarem essas coisas como que querendo fazer ecoar um grito de socorro aos ouvidos dos brasileiros do Sul. Eles não imaginam que o poder público tapa os ouvidos e fecha os olhos, porque a direita, em nível internacional, está mancomunada para apoderar-se das riquezas do terceiro mundo.
Homens e mulheres das nossas Forças Armadas, a Oprah Winfrey escreveu alguma coisa segundo a qual a grande descoberta de todos os tempos é que uma pessoa pode mudar o seu futuro por simplesmente mudar a sua atitude.
Eu aplicaria isso ao Brasil dos esquecidos e dos desavisados.

Fabiano Azevedo: