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O doce silêncio

Vivemos uma rotina tão louca, barulhenta e intolerante que durante algum tempo cheguei a esquecer o valor que o silêncio tem para que estejamos em paz verdadeiramente. Sempre fui espalhafatosa e escandalosa.
Contudo, aprendi que não posso me mostrar como verdadeiramente sou para o mundo. As pessoas da minha confiança continuam tendo que conviver com a minha risada alta, mas das outras pessoas eu prefiro me resguardar.
Sabe qual o motivo? Se não há exposição da minha pessoa ou dos meus sentimentos, também não existe alfinetadas, fofoca e desilusão.
Confesso que adoro barulho. Gosto da voz da minha sobrinha me chamando de titia, músicas, som da chuva no telhado ou da farra que os pássaros fazem na minha janela. Mas, quando se está inquieta tudo isso se torna comum, banal.

 

“Mas, sabe de uma coisa? Não mudaria. Todas as experiências positivas ou negativas me
fizeram ser quem sou”

 

Quando se está em silêncio, não aquele que perturba, tira o sono, o mundo parece uma caixa de som com o volume extremamente alto. Você não entende sequer o que o outro cochichou em seu ouvido. E aí começa uma verdadeira batalha, porque para conseguir fazer suas atividades cotidianas é necessário que pelo menos ao seu redor as coisas estejam na mesma vibe que você.
Ledo engano que o mundo vai se calar por ti ou te esperar. Não espere, porque ele não vai. Mas, ouvir o seu silêncio é viciante. Eu demorei para aprender. Tive que apanhar e sofrer muito. Hoje eu vejo o quanto me maltratei por aquele ou esse outro. E quantas coisas tive que fazer mesmo não querendo, na tentativa de agradar ou evitar comentários maldosos a meu respeito.
Mas, sabe de uma coisa? Não mudaria. Todas as experiências positivas ou negativas me fizeram ser quem sou.
E sobre o silêncio? Hoje posso dizer que minha mente, coração e alma estão se ajustando na mesma frequência. E sim, hoje posso dizer que estou em mais silêncio do que nunca estive na vida.

 

Bruna Lopes é jornalista.
jornalistabrunalopes@gmail.com

Fabiano Azevedo: