O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou por 55 minutos na manhã de sábado, 7, em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo Campo, antes de entregar-se a Polícia Federal. Na ocasião, o petista negou que tivesse cometido os crimes pelos quais foi condenado e reafirmou que provará sua inocência.
Lula foi condenado em duas instâncias da Justiça no caso do triplex em Guarujá (SP). A pena definida pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é de 12 anos e 1 mês de prisão, com início em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente afirmou que está agindo de forma “consciente”. “Mas muito consciente. Eu falei para os companheiros: ‘Se dependesse da minha vontade, eu não iria. Mas eu vou’. Eu vou porque eles vão dizer a partir de amanhã que o ‘Lula está foragido’, que o ‘Lula está escondido'”.
Ele frisou ainda que haverá continuidade após a prisão. “Minhas ideias estão pairando no ar, não há como prendê-las. Quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês. Não adianta achar que tudo vai parar quando o Lula enfartar, o meu coração baterá pelo coração de vocês. Por milhões de corações. Não adianta acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia”, disse.
Lula reafirmou que julgaram seu caso pressionados pela opinião pública e cobrou provas contra ele. “Eu não tenho medo deles, eu até já falei que gostaria de fazer um debate com o Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim, gostaria que ele me mostrasse alguma prova. Qual o crime que cometi neste país? […] porque sonhei que era possível governar esse país envolvendo milhares de pessoas pobres na economia, dar vagas nas universidades e empregos para os pobres?”, questionou.
Manifestações
Dezenas de manifestantes chegaram a tentar impedir que o ex-presidente Lula saísse do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, para se entregar à Polícia Federal. O petista chegou a entrar num carro, mas não conseguiu sair devido um grande cordão humano que cercava todo o prédio.
Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, pediu que os militantes liberassem os portões, e frisou que o bloqueio poderia trazer consequências negativas para a defesa de Lula. Após diversas tentativas, Lula conseguiu deixar o prédio e seguiu para o aeroporto de Congonhas onde uma avião da FAB o aguardava para conduzi-lo a Curitiba.
Prisão
Uma sala foi reservada para Lula no último andar Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná. “Esclareça-se que, em razão da dignidade do cargo ocupado, foi previamente preparada uma sala reservada, espécie de Sala de Estado Maior, na própria Superintendência da Polícia Federal, para o início do cumprimento da pena, e na qual o ex-presidente ficará separado dos demais presos, sem qualquer risco para a integridade moral ou física”, diz Moro no despacho.