Na minha visão estrábica, o homem da pós-modernidade, na hipótese de o mundo ser um mar, navega em duas barcaças velhas: Uma é a barca dos EQUÍVOCOS, onde não conseguimos mais perceber pelos sentidos. Estamos robotizados, mecanizados, guiados por um sistema mais equivocado ainda. Não sabemos mais quem somos e qual o significado da vida. Este é o sofisma do homem moderno: Ele não sabe quem é, ou em que consiste o significado de sua vida. Perdemos de vista a nossa gênese. Esquecemos ou deixamos, propositalmente, de lado a noção de que a natureza humana, apesar das circunstâncias, permanece essencialmente a mesma. Deste modo, estamos forçando equivocadamente à barra. Nós estamos numa vacuidade existencial, na qual procuramos “o enredo da falta” com desespero, mas poucos parecem estar encontrando. Na verdade essa busca aleatória e confusa nada mais é do que substituir ou pura e simplesmente, trocar de “valores” universal e milenarmente aceitos, sem encontrar a fleuma. É à busca de soluções imediatas (pragmáticas) em detrimento do verdadeiro modo lógico de viver existencial, que se definem pela não contradição, notadamente da particularidade das coisas naturais. Saindo do campo das ilações filosóficas ou subjetivas, os equívocos, estão aí mesmo em todos os níveis e segmentos sociais: Na economia, na religião; na política, etc. Que trazem em seu séquito séculos de decisões equivocadas, com conseqüências danosas à raça humana!
A outra embarcação é a INSANIDADE. Aliás, Albert Einstein disse brilhantemente: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. .O homem a cada dia que passa se escraviza em ações que coloca em risco a própria existência humana. É inegável que estamos vivendo perigosamente nos limites da irracionalidade, isto é, estamos na contramão da razão. Pode-se constatar, a olho nu, que “o mundo inteiro” de forma generalizada, não acredita que possamos reverte essa situação caótica, em que o homem se meteu, pelo prisma da razão humana. O entendimento racional, que, deveria ser útil no processo da compreensão última da vida, desmoronou total e cabalmente, pois o que pontifica, entre nós, são atitudes insanas do homem. Uma LOUCURA. Não, ‘uma loucura qualquer’, em verso e prosa, da antiga canção de Nelson Gonçalves: Uma LOUCURA total e irreversível. Sem remédio, mesmo!
Por causa dessa INSANIDADE humana, mas que se revela desumana, a relação entre os homens está seriamente comprometida; a convivência nos centros urbanos, principalmente, tornou-se um caos, uma desordem social que tende a se agravar. Não temos princípios, nossos valores são decadentes. Nesse contexto de loucura total, emanam cada vez mais as guerras particulares entre os indivíduos. Mulheres e homens, que podem e devem fazer o bem, ouvir a voz da razão, mas preferem fazer o mal. É o homem na contramão da razão permeando o seu habitat natural com a sua loucura moral, trazendo maior desgraça a existência humana.
No Iluminismo (Século XVIII) onde pontificou o racionalismo, a clareza e a simplicidade, acreditava-se que a idade da superstição e da barbárie estava a ser progressivamente substituída pela ciência e pela razão, atribuindo-se à história uma linha evolutiva de caráter moral. Triste engano, pois nem mesmo aquela “educação” moral de inculcar nas pessoas o medo às conseqüências da não observância da lei, não surte mais efeito.
Estou perfilado, entre os que não crêem mais que o homem seja capaz de se autocontrolar em sua volúpia de poder, de dominação, de bem estar egoísta. Porquanto, já não existe paz verdadeira, nem mesmo no seio da família. As nações, especialmente as mais ricas e poderosas, com efeito, são conduzidas por seus interesses espúrios!.
Concluímos, obviamente, que as aflições e sofrimentos do mundo, não são de caráter e origem alienígenas. São sofrimentos infligidos aos homens, pelos próprios homens.
Bem pertinente ao mundo, é uma assertiva de Rembrandt Van rijn (1604-1669): “O mundo é uma jaula cercada por barras de ferro.”