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Um perigo chamado fake news

Ao conferir a programação televisiva na noite do último domingo, eu acabei esbarrando em um quadro interessante do Fanstástico, na Rede Globo, chamado Detetive Virtual.
O quadro pega uma imagem, seja foto ou vídeo, e coloca para o público votar, por meio de enquete, se aquilo é verdade ou mentira. Na semana passada, entrou em questionamento a foto de uma possível rã gigante.
Essa imagem circulava há dias nas minhas redes sociais, em especial no WhatsApp. Os compartilhamentos triplicavam a todo o momento e, sem saber se era de fato uma foto real, muitas outras pessoas iam tomando aquilo como verdade.
O Detetive Virtual, contudo, provou que a foto foi manipulada e que ela não passa de mentira.
Essa parece ser apenas uma notícia falsa inofensiva, mas o turbilhão de conteúdo compartilhado todos os dias pelo WhatsApp e demais redes sociais às vezes (muitas delas) se mistura com inverdades, boatos e notícias distorcidas, geralmente acompanhadas de um forte pensamento ideológico.
O Estadão publicou em março deste ano uma matéria que mostra o estudo de Claire Wardle no projeto da Universidade de Harvard dedicado ao combate global de informação falsa ou distorcida na era digital.
Aproximadamente 120 milhões de brasileiros se comunicam por WhatsApp. Talvez pela forte presença na ferramenta de comunicação ou pelo comportamento desses usuários, a pesquisadora revele preocupação. “O Brasil tem características que o tornam muito vulnerável ao que eu chamo de desordem da informação”, disse.
O maior estudo já realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, dos Estados Unidos, sobre a disseminação de notícias falsas na internet aponta que as “fake news” se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais pessoas.
O dado é alarmante. As pessoas criticam sem ler, compartilham sem saber da fonte, esbravejam ódio sem conhecer e, rapidamente, o mundo vai se tornando desinformado e intolerante. Isso não é um quadro futuro, já é real, mas eu temo que possa ficar pior.
Todos estão sujeitos a cair em uma notícia falsa, por isso, seja a diferença e não compartilhe informações sem saber se a fonte é confiável. Seja a luz na escuridão.
O período eleitoral está próximo, muitos pré-candidatos já começaram suas campanhas, e eu já estou só vendo o tanto de notícias falsas que vão brotar dos quatro cantos do mundo.

* Brenna Amâncio é jornalista.
E-mail: brenna.amancio@gmail.com

Fabiano Azevedo: