Um dos mais importantes programas do Itaú Cultural, o edital Rumos 2017-2018 divulgou os selecionados. Entre os 109 escolhidos, um deles é do Acre. Vindo do Jordão, o grupo Kayatibu foi criado em 2013 por jovens indígenas Huni Kuin, estudam canções, histórias, danças e arte do seu povo. No projeto o grupo de propõe a troca entre pessoas aproximando cidade e floresta por meio da música.
Também pelo Rumos, o Acre será impactado com projetos naturais de outros estados do país. Dessa forma o projeto HIP HOP CABOCLO – Em Busca das Batidas Brasileiras, que se propõe a promover encontros musicais entre as fronteiras territoriais, estéticas e sonoras da cultura popular e o hip-hop.
A partir daí, uma pesquisa fundamentada nos ritmos brasileiros de matrizes africanas e indígenas em consonância com as métricas e poéticas do rap. Além do Acre, o projeto também desembarca em outros estados como Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco e São Paulo.
Ao todo, a organização revelou que foram inscritos 37 projetos acreanos. A 18ª edição do programa de fomento à cultura se consolidou como um dos mais importantes do país recebeu 12.616 inscrições. Na edição anterior, 117 projetos haviam sido selecionados.
“Estamos na terceira edição desse novo modelo, mais interdisciplinar e diverso, que soma quase 40 mil inscritos em seis anos. E eu já anuncio que esses 40 mil inscritos serão objeto de estudo do Observatório de Política Cultural. Queremos saber quais os desejos, os anseios e o que impulsiona esses inscritos. Certamente é uma das maiores amostragens da cena cultural brasileira e ela nos dará elementos para as novas ações do Itaú Cultural”, adiantou o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron.
Pela primeira vez, o Rumos contemplou projetos de todos os estados da federação. Dos 109 projetos escolhidos, há temáticas relacionadas à negritude, questões de gênero, indígenas e acessibilidade, além de criações em literatura, audiovisual, artes cênicas, música e História em Quadrinhos (HQ).
Entre as marcas da 18ª edição do edital foi relevante a conexão entre os projetos encaminhados e as discussões contemporâneas no Brasil, como negritude, LGBTQIA+, questões indígenas e assuntos ligados à mulher. Também é possível notar a inclusão de ferramentas de acessibilidade, facilitando a participação de surdos e pessoas cegas ou com baixa visão.
Outra novidade é a inversão na concentração de projetos por região. Proporcionalmente, Norte e Nordeste tiveram mais aprovações em relação aos inscritos do que nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
“Esse é o resultado de um trabalho que começamos a fazer identificando onde havia menos inscrições e fazendo uma escuta maior nos estados através de emissários do projeto Rumos”, explicou o diretor do Itaú Cultural.
Ainda de acordo com Eduardo Saron, o Rumos não é apenas um edital de patrocínio, mas sim um edital de parceria.
“Por isso, os contemplados ganham, além do aporte financeiro, a possibilidade de usar os recursos da instituição, incluindo consultoria jurídica e logística”, detalhou o diretor. O certame tem projetos com diferentes valores.
O programa vai destinar mais de R$ 15 milhões nesta edição. “Essa edição teve um pequeno aumento no valor distribuído em relação ao ano passado”, destacou Saron.
Ao todo, a organização revelou que foram inscritos 37 projetos acreanos.
A 18ª edição do programa de fomento à cultura se consolidou como um dos mais importantes do país recebeu 12.616 inscrições.
Forma de escolha dos projetos
Os projetos foram examinados por 40 avaliadores na primeira fase seletiva. Na segunda fase, passaram por avaliação dos 21 profissionais da Comissão de Seleção, multidisciplinar, que incluiu gestores da instituição.
Do total de contemplados pelo Rumos 2017-2018, 46 são da região Sudeste, 36 do Nordeste, 13 do Norte, 10 do Sul e 4 do Centro-Oeste. 61,7% dos selecionados são projetos de criação e desenvolvimento, 16,1% são de documentação e 22,2% são de pesquisa e desenvolvimento.
Por área, 16 projetos selecionados são de audiovisual/cinema, 15 são de patrimônio e memória, 13 são de teatro, 12 são de música, 11 são de artes visuais e outros 11 são de formação. Dança (8), Literatura (6), Circo (4), HQ (4), Perfomance (3), Arte e tecnologia (3), Gestão Cultural (2) e Gastronomia (1) foram outras categorias contempladas.
A curadoria desse ciclo, que acontece em duas fases, teve um olhar mais apurado para os estados nortistas e nordestinos. As duas regiões tiveram crescimento proporcional, nesta edição.
O Norte teve 4,71% do total de inscritos, mas conseguiu atingir o percentual de 11,93% entre os selecionados. Já o Nordeste saltou de 19,66% nas inscrições para 33,03% nas aprovações. Para Aninha de Fátima Sousa, gerente de comunicação do Itaú Cultural, a mudança já aponta resultados do processo de escuta feito pela instituição ao longo do último ano. “As questões que estão inquietando os artistas aparecem no Rumos”, pontua Aninha de Fátima.
Itaú Cultural visitou estados para estimular inscrições de todo tipo de projeto
Segundo o diretor do instituto, não houve qualquer tipo de cota ou direcionamento por parte da comissão de seleção para abarcar iniciativas de todo o país. “Houve um processo de escuta mais depurada”, avaliou Eduardo.
Vale ressaltar que o instituto visitou os estados que historicamente tinham menos inscritos: Rondônia, Roraima, Acre, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Alagoas, Piauí, Mato Grosso, Sergipe e Amapá. “Não acredito em meritocracia sem dar oportunidades mais equânimes no processo”, afirmou.
Em Rio Branco, a Caminhada Rumos Itaú Cultural passou setembro de 2017. Na ocasião, a diretora-presidente da Fundação Elias Mansour e participante da comissão de avaliação do edital, Karla Martins, apontou que a medida beneficia a cultura local: “Essa escuta propõe que o movimento cultural se misture e possa pensar sobre o cenário da cidade, fazendo com que isso tome maiores proporções e ganhe mais visibilidade”.
Conheça os projetos
Kayatibu e Encontro Mi Mawai (Rita Pinheiro Sales Kaxinawa)
Jordão-Acre
Região impactada: Acre e Rio de Janeiro
Modalidade: Criação e desenvolvimento, documentação, pesquisa e desenvolvimento
Tema: Música
Questão indígena
O grupo Kayatibu foi criado em 2013 por jovens indígenas Huni Kuin que moram no município do Jordão (Acre). Desde então eles vêm estudando canções, histórias, danças e arte do seu povo, aprofundando sua bagagem ancestral, expandindo sua expressão criativa e realizando cerimônias com o Nixi Pae e suas medicinas sagradas. Mi Mawai, que significa música e encontro, é a essência desse projeto, que visa promover a troca entre pessoas aproximando cidade e floresta por meio da música. A proposta é aprofundar o diálogo, a interação e a criação entre os músicos-produtores-educadores: Txaná Ikakuru (representante músico Huni Kuin), Luiz Gabriel Lopes (MG), Rafael Rocha (RJ) e Fábio Lima (RJ). Essa vivência vai contar com oficinas de instrumentos e práticas de canto e corpo. Os registros audiovisuais serão lançados no YouTube.
HIP HOP CABOCLO – Em Busca das Batidas Brasileiras (Wagner de Oliveira)
São Paulo-São Paulo
Região impactada: Acre, Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco e São Paulo
Modalidade: Criação e desenvolvimento, documentação, pesquisa e desenvolvimento
Tema: Música
Encontros musicais entre as fronteiras territoriais, estéticas e sonoras da cultura popular e o hip-hop, uma pesquisa fundamentada nos ritmos brasileiros de matrizes africanas e indígenas em consonância com as métricas e poéticas do rap. Hip-Hop Caboclo é um projeto de pesquisa, documentação e registro, previsto para acontecer em um estúdio móvel em expedição pelo Norte e pelo Nordeste do Brasil: registrar sonoridades oriundas das manifestações tradicionais afro-brasileiras encontradas nos estados da Bahia, de Pernambuco, do Maranhão, do Pará e do Acre; incluindo um minidocumentário e um CD.