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Conheça a história da Água na Boca: a pizzaria que virou uma marca

Se você mora em Rio Branco, certamente já comeu na Água na Boca ou pelo menos ouviu falar das suas famosas pizzas. Há 27 anos, o estabelecimento é o point dos rio-branquenses aos domingos à noite. E mesmo com as inúmeras opções de pizzarias disponíveis atualmente, o local mantém sua clientela fiel: a família.

O primeiro carro chefe da casa foi o sorvete, que em pouco tempo perdeu espaço para as saborosas pizzas e pratos a la carte. Porém, todos os produtos possuem a mesma característica, a qualidade. É o que conta o casal de empresários Ilova Barcelos e José Barcelos.

Para o casal, o que transformou a Água na Boca numa marca conhecida foi à qualidade dos produtos. “Eu poderia usar um presunto mais barato para ganhar mais dinheiro, mas eu não uso. Usamos sempre o melhor produto, o melhor peixe, o melhor presunto”.

Outro ponto forte do estabelecimento é o atendimento ao cliente, conta o empresário. “Nós zelamos muito pelos clientes. Às vezes, quando vamos a outros lugares, como São Paulo, se você pede algo e vêm errado eles não querem nem saber. Já nós, quando acontece algo do tipo, nós fazemos a troca ou negociamos com o cliente. Sempre zelamos muito pelo cliente”.

O atendimento e a qualidade dos pratos servidos na pizzaria são indiscutíveis. Porém, outra característica chama atenção de quem frequenta o local: a baixa rotatividade de funcionários. O filho do casal, Rafael Barcelos, que também cuida dos negócios da família, afirma que a qualidade tanto dos produtos quanto do atendimento se deve ao fato de não haver muitas mudanças no quadro de funcionários.

“Nós temos uma rotatividade baixíssima. Nosso garçom mais novo deve ter dez anos de trabalho. Temos garçons de 18 anos, 20 anos trabalhando com a gente”.

Tradição. Essa palavra poderia definir a Água na Boca. Assim como os funcionários, as pizzas e comidas em geral são as mesmas há 27 anos. O sabor e processo de produção são os mesmos, garante Rafael.

“Nós falamos muito em 3Ps: pessoas, processo e produto. Trabalhamos com os melhores produtos, trabalhamos com as melhores pessoas, e os processos são os mesmos, nós não mudamos”.

Não é a toa que a pizzaria recebe três gerações de família. Quem frequentava o local há 20 anos hoje vai com os filhos e/ou netos. “Nós acompanhamos a transição das gerações. Eu vejo muito isso hoje, as gerações vindo comer juntas. O pai, o filho e o avô, comendo o mesmo prato, e, às vezes sendo atendido pelo mesmo garçom”.

 

“Nós acompanhamos a transição das gerações”

 

De pizzaria a grupo de franquias

Ao longo dos anos, apesar de manter a tradição, a pizzaria foi crescendo e acompanhando as novidades. Hoje, existe a pizzaria matriz, o delivery e a loja do shopping, que foi outra grande aposta da família Barcelos. Ao todo, a empresa emprega 62 pessoas diretamente.

“No início, minha mãe não queria, tinha medo, shopping, grandes marcas, franquias. Eu e meu pai acreditamos no negócio, entramos numa saga de seis meses de estudo. Começamos a viajar a São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro para entender o que era um shopping. Passamos meses vendo o que o cliente comia, como era o prato dele, fomos nas fábricas das franquias para entender como era o funcionamento. Nossa cozinha é totalmente moldada como uma franquia. E nós acertamos, acreditamos, treinamos insistentemente três meses antes, repetindo várias vezes os processos. E estamos lá desde a abertura prosperando a cada ano”.

A aposta não poderia ser mais certeira. Rafael e seu pai estavam certos, o empreendimento seria um sucesso. Mas, como continuar expandindo uma marca tão tradicional?

“Percebi que a marca Água na Boca era muito familiar. Não é uma marca que podíamos expandir para qualquer negócio. A concepção dela é diferente, uma concepção de família. Então vi que não dava pra expandir mais e começamos a pegar franquias.”

E foi assim que a pizzaria se tornou uma marca que carrega um grupo de franquias, são elas: Subway, Burger King e mais recentemente a Domino’s e Spoleto. E engana-se quem acha que a clientela dessas franquias é atraída pelo nome das grandes marcas, diz o jovem empresário.

“A seriedade da Água na Boca transcende para outras marcas. Não é um Burger King que carrega uma Água na Boca nas costas. Nós somos conhecidos pela Água na Boca”.

 “A seriedade da Água na Boca transcende para outras marcas. Não é um Burger King que carrega uma Água na Boca nas costas”

 

O filho do dono

Impossível falar da história da Água na Boca sem mencionar a visão empreendedora de Rafael. Aquela história de que o filho do dono tem privilégio em relação aos demais funcionários não funcionou para ele.

Após concluir o curso de Direito, o jovem não se imaginava advogando dentro de um escritório. Ele ainda não sabia, mas em pouco tempo sua paixão pelo empreendedorismo despertaria.

“Filho de advogado vira advogado porque cresce dentro do escritório do pai. Não que isso seja uma regra, mas acontece muito. Eu nasci aqui dentro. Com oito anos, meu pai mandava eu olhar se estavam jogando alface no lixo, desperdiçando. Eu cresci cuidando do negócio inconscientemente.”

Sem vocação para advogar, Rafael pediu para trabalhar com os pais. Porém, havia apenas uma vaga disponível, a de balconista. “Trabalhei dois anos na Água na Boca e passei por todos os setores, atendimento, copa, salão, balão, tudo mesmo. Depois de dois anos, meu pai disse que eu iria fazer parte do grupo. A partir daquele momento comecei a entender como funcionava as coisas”.

Em pouco tempo e a passos largos, Rafael expandiu os negócios da família. Além disso, a ideia é continuar investindo em tecnologia e infraestrutura na pizzaria Água na Boca, responsável pela maior parte da renda da família. “Estamos em vários meios e percebemos que a Água na Boca, independentemente de crise, não é afetada. A marca é muito forte, o cliente mesmo em crise vem gastar com a gente, mas deixa de comer na Subway”.

 “Trabalhei dois anos na Água na Boca e passei por todos os setores, atendimento, copa, salão, balão, tudo mesmo”

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