Caro leitor e leitora do Jornal A GAZETA, Paz e Bem! Este mês venho refletir com você sobre a urgência de se voltar a contemplar a BELEZA, que juntamente com o PÃO, trás vida e prazer ao ser humano. Realização e paz na peregrinação dessa vida. Pão e Beleza juntos, numa harmonia que lembra o “paraíso buscado”.
O ser humano tem fome de pão e de beleza! Às vezes incorremos no erro, de considerar somente a fome do pão, que alimenta o corpo; e é elemento primário de sobrevivência de todos os seres vivos, como o único necessário a felicidade do espírito humano. Não! Não podemos dar tréguas ao mal da fome, que assola o mundo; e que vem crescendo acentuadamente em nosso Brasil, nestes anos. A fome desperta uma conexão de forças destrutivas: mortalidade infantil, desnutrição, miséria, violência, doenças. Isso tudo traz consequências planetárias.
Muita instituição, no ambiente da fome, mergulha numa ação heroica de sanar esse desequilíbrio social; muitas vezes oriundo de concentração dos recursos por grupos ou por calamidade natural; ambos sugam as forças físicas e simbólicas do ser humano, não dando espaço para o Belo. Este se torna supérfluo! Luxo! Secundário, diante do monstro cruel da fome, tirando a beleza dos corpos e dos espíritos.
Os poucos recursos adquiridos, as poucas forças transformadoras, são canalizadas para abrandar a violência da fome, que deixa a alma seca, dura, utilitarista. Corpos desfigurados! Almas secas! Vidas sem utopias! Sem espaço para a leveza do Belo. Tudo se torna dinheiro! Tudo se faz para tê-lo, como realizador das necessidades básicas do ser humano, reduzindo o ser humano, somente o consumidor de Pão sem Beleza.
Vivemos num contexto onde não se valoriza o humano necessitado de Pão e muito menos da Beleza. O Pão adquire-se no trabalho na terra, nos mercados, feiras, shoppings. A Beleza, por sua vez, se colhe das chamadas belezas naturais, nas estruturas artificias, edificadas pelos humanos em concordância com o belo estético. Pão e Beleza se entrelaçam para dar harmonia cósmica ao ser humano que se abri a admiração. Diante da fome do Pão, a admiração perdeu sua capacidade profunda de se entregar ao Belo. Pois toda preocupação, estará na sobrevivência do corpo em detrimento do espírito contemplativo do Belo. A fome não deixa espaço para edificar o Belo. Esse é tido como supérfluo e luxo.
Ao lutar pelo Pão nosso de cada dia, não podemos esquecer que o Belo, também, é elemento importante para apaziguar as violências interiores que afetam a sociedade! Um Templo belo, uma Avenida Bela, uma casa bela, praças Belas, uma cidade Bela, um estado Belo. Tudo isso, somado a Beleza natural abre na alma contemplativa uma janela mística, capaz de religar o ser humano com o Belo: onipresente, onisciente, onipotente, chamado Deus Pai criador de todo Belo, que dá o Pão de cada dia.
A cultura do corpo, da glória e do prazer deixa um vazio; porque o homem só pode se satisfazer com aquilo que está acima dele; não com o que está abaixo.
Os homens também são assim, fazem muito barulho quando estão vazios… Se a hierarquia de valores for invertida, a grandeza do homem fica comprometida. Quando você permite que as paixões do corpo sufoquem o espírito, não há mais homem ou uma mulher em você, mas uma ”caricatura” de homem ou de mulher
Em nossa pratica eclesial, não pode e nem deve limitar o ser humano somente a consumidor de pão. Deve também, leva-lo a utopia do Belo. Sem utopia termos tudo e seremos nada! Sem o Belo mergulhamos nossos sentidos na prisão do materialismo! Do desespero da solidão existencial produtora de desencanto. Isso suga as forças da sobrevivência trazendo a treva da violência.
A família é a primeira escola de contemplação do Belo! A Escola tenta denominar o Belo aguçando o espirito do saber-construtivo e harmonioso. A religião exorciza o coração, não permitindo o surgimento de ídolos que queiram substituir a Beleza Eterna, manifestada em cada criatura e em cada ser belo da criação. Aprenda a contemplar o belo e sua vida e nos outros. Paz e Bem!