Relações Humanas é tema atual e de objetiva importância no mundo do trabalho. Em todos os lugares, onde existe um agrupamento de pessoas, o assunto é falado, quer seja nas empresas, clubes, escolas, instituições de ensino superior, igrejas e na sociedade em geral. É temática sempre recorrente ao sucesso no mundo do trabalho. Ao se pensar em valores humanos, abre-se um leque sobre o assunto, pois várias são as interpretações e concepções para tal, bem como sua aplicação na sociedade e em especial na sua “degradação” que é visível. Mas quais seriam estes valores humanos? Pode-se descrever como valores tudo o que é importante para a vida do ser humano, seja no campo material ou espiritual, sendo destacados alguns em especial como ética, verdade, integridade, justiça, paz e amor.
Assim, onde há duas pessoas existe um relacionamento. Onde há mais pessoas a necessidade harmoniosa entre elas se faz mais necessária. Isso porque é visível, em grandes grupos, a rivalidade, a hostilidade, a disputa desigual, a ausência de compreensão e tolerância. Tanta gente carrega extremada vaidade, egoísmo, arrogância. E ao julgar-se um deus na terra, pode, logicamente, menosprezar pessoas. Ainda há os que levam a vida a culpar os outros de seus insucessos. Há aqueles sem tempo para o tempo e sem alegria para olhar no rosto do outro. Esses são alguns pontos a serem minimizados nas relações de trabalho.
Em tal cenário, não vale ter a melhor tecnologia, a melhor localização, recursos financeiros abundantes, massa trabalhadora bem titulada se não há pessoas motivadas. Os recursos financeiros e tecnológicos serão inoperantes se os HUMANOS que trabalham e forem considerados simples “recursos humanos” e não pessoas. Esses recursos humanos necessitam tratados como GENTE, como pessoas inteligentes, que têm muito a contribuir.
Dessa forma, os HUMANOS, em qualquer local de trabalho, devem ser tratados como ativos intangíveis, como valores infinitos e inesgotáveis, e não como ativos tangíveis, com valor absoluto e finito. Pois não se pode perder de vista que as relações humanas, em todos os níveis, são complexas e difíceis. Todavia, se bem trabalhadas e motivadas, os resultados logo se farão sentir. Quem trabalha com prazer, confiança, motivação, elogio, o resultado irá impactar, positivamente, na vida da instituição/empresa e, conseqüentemente, na vida de cada membro daquele grupo social.
Assim, aquele que trabalha com satisfação, competência, deve ser valorizado, elogiado, sob pena daquele que não faz nada ficar no nível de quem faz muito. É preciso estabelecer diferenças entre aquele que trabalha e o que nada faz, evitando-se que todos caiam no mesmo saco. Pois um funcionário, um servidor insatisfeito é um inimigo em potencial. Então é melhor fazer amigos, não ‘passando a mão na cabeça’, mas valorizando o potencial de cada pessoa, estimulando-a a ser cada dia melhor.
Por isso tudo é melhor fazer do servidor um amigo e não um inimigo. Fazer do colega um amigo. Logicamente que essa amizade deve ser desinteressada, mas quando se é amigo de verdade o benefício da amizade é a conseqüência dela. Nesse sentido, um administrador, um chefe, um patrão, um funcionário deve observar algumas regras básicas para obter sucesso no mundo do trabalho.
PRIMEIRA REGRA – Colegas passam, mas inimigos são para sempre. A chance de uma pessoa se lembrar de um favor que você fez a ela vai diminuindo à taxa de 20% ao ano. Cinco anos depois, o favor será esquecido. Mas a chance de alguém se lembrar de uma desfeita se mantém estável, não importa quanto tempo passe.
SEGUNDA REGRA: A importância de um favor diminui com o tempo, enquanto a importância de uma desfeita aumenta. Favor é como um investimento de curto prazo. Desfeita é como um empréstimo de longo prazo. Assim, todo o cuidado é pouco. Importante fazer amigos no trabalho, respeitar e valorizar o bom trabalhador.
TERCEIRA REGRA: Um colega não é um amigo. Colega é aquela pessoa que, durante algum tempo, parece um amigo. Amigo é aquela pessoa que liga para perguntar se a pessoa está precisando de alguma coisa, se está bem, como vai no trabalho, etc.
Portanto, profissionalmente falando, o sucesso no trabalho consiste, essencialmente, em não fazer inimizades. Porque, por uma infeliz coincidência biológica, os poucos inimigos são exatamente aqueles que têm boa memória. Então, é melhor não fazê-los, trabalhar em prol da grandeza de todos, elogiando os grandes e oportunizando o crescimento dos ‘pequenos’. Dizer: “bom dia”, ‘obrigada”, ‘com licença”,”como vai”, “tudo bem”, “isso é ótimo”, demonstra EDUCAÇÃO e SABEDORIA.
Jürgen Habermas (1997) aponta a linguagem, e não o trabalho, como o ponto central nas relações humanas. A fala é processo primordial que permite aos seres humanos se relacionarem dando sentido a própria vida. As pessoas, através do trabalho, constroem laços que estão presentes na reprodução da sua própria existência, no ato laborativo de suas vidas. O trabalho é uma forma de existência exclusivamente humana.
Mas a realidade é que muito se fala e pouco se pratica quanto a valores, pois teorias são inúmeras, mas as práticas são possíveis de serem contadas. A própria mídia se preocupa mais em mostrar a degradação ao invés de mostrar a construção dos valores humanos. Só teremos uma sociedade justa e fraterna quando unirmos forças para formar e também resgatar cada valor do ser humano, através do conhecimento e aprimoramento deste conceito dentro das ciências, das artes, da religião e da gestão como um diferencial de qualidade para a produtividade e para a vida dentro de cada organização.
DICAS DE GRAMÁTICA
– A posição de uma palavra na frase pode mudar totalmente seu sentido. Vejamos:
a) Quando algum vem antes do substantivo — eu tenho algum dinheiro — é porque eu tenho um pouco de dinheiro.
b) Quando algum vem depois do substantivo – não tenho dinheiro algum — significa o contrário, que estou sem nenhum dinheiro.
* Luísa Galvão Lessa Karlberg – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Presidente da Academia Acreana de Letras; Coordenadora de Pós-Graduação Campus Floresta.