Fica difícil defender o país em que não se valoriza seus heróis, artistas e até a própria história. O Brasil é conhecido como um país sem memória. E é mesmo. Quer ver só? O que você fazia em junho de 2013?
“O Brasil é conhecido como um país sem memória. E é mesmo. Quer ver só?”
Não sei você, mas eu acompanhava estarrecida a PM reprimir violentamente o movimento popular com bombas de gás e balas de borracha. Não lembra do protesto? Começou após o reajuste das tarifas do transporte público em São Paulo. Depois, os manifestantes incorporam à pauta críticas aos gastos com a Copa e a exigência de serviços públicos “padrão Fifa”, por conta da realização da Copa das Confederações, no mesmo período.
No dia 17 daquele ano, uma imagem simbólica foi o auge das manifestações que ocorreram por todo o país, inclusive, em Rio Branco. Em Brasília, uma das cenas mais emblemáticas daquele mês: um grupo de manifestantes sobe a marquise do Congresso Nacional.
No dia 20, novas manifestações superam o público das anteriores. Mais de 1,25 milhão de pessoas participaram de atos em mais de 100 cidades brasileiras mesmo após a redução das tarifas.
Entre outros pedidos estavam demandas por saúde, educação, segurança, combate à corrupção e um sistema político mais acessível à sociedade.
Muita coisa aconteceu de lá para cá. A presidente caiu. Prefeitos foram presos. Após as manifestações, os brasileiros e mundo inteiro viram que ainda não tínhamos chegado ao fundo do poço.
Aí você pergunta: o que eu, acreano, tenho com isso? O Acre tem suas próprias demandas. E se nada for feito, a lama vai consumir tudo que um dia já foi bom para nós e futuras gerações.
Mas, fica difícil colocar na pauta do dia um projeto que depende da vontade popular e que não tem qualquer garantia de sucesso.
Enquanto as pessoas não lembrarem sequer do que comeram no almoço de sexta da semana passada, o que esperar do Brasil?
Bruna Lopes é jornalista.
jornalistabrunalopes@gmail.com