Final de tarde do dia 20 de novembro de 2017. Começava naquele momento um drama familiar e a necessidade de uma ação imediata do Complexo Regulador do Estado/Tratamento Fora de Domicílio (TFD) para salvar uma vida. Manoel de Lima Silva de Alencar, de 49 anos de idade tinha acabado de sofrer um grave acidente de trânsito, e seu caso não poderia ser resolvido no Acre, por se tratar de uma cirurgia de alta complexidade na área de ortopedia.
Os dias angustiantes e a espera chegaram ao fim há cerca de dois meses. Manoel foi transferido, via UTI aérea – contratada pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) – para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) do Rio de Janeiro, onde está sendo acompanhado e fazendo tratamento com uma equipe médica especializada.
“Um segundo que mudou tudo. Assim foi o acidente dele. Deixamos de viver nossas vidas para que meu irmão pudesse viver a dele. Foi e ainda está sendo difícil, mas não estamos mais só. Todo mundo dizia que seria difícil, que não conseguiríamos levar ele para outro estado naquelas condições, acamado como ele estava. E graças a Deus, o pessoal do TFD conseguiu, o momento é de agradecimento”, Antônio Carlos Lima, irmão de Manoel.
O transporte de pacientes por UTI aérea é mais um importante serviço realizado pelo governo do estado, que somente em 2017 investiu mais de R$ 5,8 milhões para ajudar a salvar a vida de 302 pacientes graves que precisavam de Tratamento Fora de Domicílio e não podiam viajar em voos comerciais, sem auxílio médico e os equipamentos necessários, como maca e cilindro de oxigênio, além de medicamentos de acordo com o quadro clínico do paciente.
Só de janeiro a abril deste ano, a aeronave equipada com Unidade de Terapia Intensiva (UTI), contratada pelo estado, já realizou o resgate de 81 pacientes, sendo 77 intermunicipal, que tem como referência o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e 4 interestaduais que foram referenciados para unidades executoras de outros estados, a exemplo do Into do Rio de Janeiro, onde Manoel, o último a utilizar a UTI aérea, foi transferido no dia.
“A Sesacre não tem medido esforços para angariar recursos e atender de forma integral nossos pacientes, pois sabemos que neste momento de crise em que o país vive é bem difícil, mas temos conseguido, enquanto governo, atender, dar suporte e salvar vidas, o que é o mais importante”, destaca o gerente administrativo do Complexo Regulador, Kennedy Nasserala.
Cirurgias cardíacas e doenças graves
Ainda de acordo com os dados da Sesacre, os casos mais atendidos com esse tipo de transporte são de pessoas com insuficiência respiratória que necessitam de cirurgia cardíaca, pacientes neurológicos e crianças que nascem com alguma doença não tratável dentro do Estado, e que por conta da gravidade só podem ser removidas via UTI aérea.
Dependo do trecho, o custo da UTI aérea com um único paciente pode chegar até R$ 140 mil. Isso porque esse tipo de aeronave especializada é essencial em casos de enfermos que precisam ser transferidos para grandes centros de tratamento com rapidez e agilidade. Pessoas essas que se encontram em estado instável, e que podem não suportar os serviços convencionais de transporte.
Assim também foi com o paciente cardíaco, João Romão Medina, de 77 anos, portador de marcapasso que teve que utilizar o serviço de UTI aérea em dezembro do ano passado, após complicações com o seu dispositivo eletrônico implantado para regularizar o ritmo das batidas do coração. “Essa assistência foi fundamental para salvar a vida do meu pai. Devido a sua condição, por estar muito debilitado, a UTI aérea era necessária. Somos grato por toda equipe, TFD e Sesacre, que graças a esse apoio, a agilidade e a rapidez no atendimento meu pai hoje está vivo”, lembra Márcio Medina, filho do seu João.
O custo da Secretaria Estadual de Saúde com a UTI aérea do paciente foi de R$ 84,6 mil. João Romão foi transferido do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) para o Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Goiânia. O paciente já se prepara para uma nova ida a Goiânia, mas apenas para uma avaliação de rotina em seu marcapasso, que é normal acontecer com pacientes que utilizam o dispositivo, duas ou três vezes ao ano, a critério do médico.
O serviço é normatizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e habilitado pelo Ministério da Saúde (MS). A aeronave utilizada para o transporte é homologada para voos diurnos e noturnos, funcionando 24 horas, inclusive nos finais de semanas e feriados.
Sobre o TFD
O objetivo do TFD é fornecer auxílio a pacientes atendidos pela rede pública ou conveniados/contratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a serviços assistenciais de outro município/estado, desde que esgotadas todas as formas de tratamento de saúde no local onde o paciente reside.