“Hoje, além, muito além mesmo, dos
portais de notícias, a comunicação caiu na vala comum da existência humana. Muitas críticas, julgamentos e condenações, são feitas por pura mesquinhez…”
As “redes sociais” ou as “redes de intrigas” e seu fantástico condutor de informação, que são os aplicativos tecnológicos instantâneos, tornaram o mundo de hoje, as sociedades em geral, num tribunal a céu aberto!
Cada qual ou cada um, individualmente, com a máquina na mão, se dá o direito de, em nome da sua antipatia e vulgarização dos fatos, assacar contra “A” ou “B” a pecha de “ladrão” e outros adjetivos impublicáveis. Dependendo de quem fez ou faz a afirmação, na mesma hora, você estará execrado junto à opinião pública.
Por que isso acontece? Uma das respostas, antes de qualquer juízo de valor, é que isso tudo começou, infelizmente, com a comunicação que atende pelo nome de “jornalismo verdade”, fenômeno com explicação na curiosidade das pessoas em relação à violência, acidentes, escândalos, crimes e exploração da miséria humana, que nas últimas três décadas passou a assumir a função do Ministério Público e, alguém tem dito, virou um balcão de reclamações do povo.
Aliás, dos meios de comunicação, no passado a mais temida era a “imprensa marrom”. Havia também, a imprensa “chapa branca”. Ambas tinham como foco principal os homens públicos, que não deveriam temer as críticas, mas usá-las como ferramentas para melhorar seu desempenho em prol da sociedade. Com o tempo, ambas deram lugar a um meio de comunicação mais nefando, aquela que traz a marca do “jornalismo verdade”. Aquela que vulgariza o fato! Imprensa que reduz a verdade às verdades particulares. Para os tais, cito uma, dentre as muitas opiniões de renomados jornalistas, sobre o assunto: “o papel do jornalista pode representar uma figura aliada de Deus ou do diabo. Existem profissionais na imprensa que fazem o chamado jornalismo vulgar, como se fosse os donos do mundo, criando fama em cima das desgraças dos outros. Julgam-se acima do bem e do mal”.
Hoje, além, muito além mesmo, dos portais de notícias, a comunicação caiu na vala comum da existência humana. Muitas críticas, julgamentos e condenações, são feitas por pura mesquinhez, pois o que se vê, rotineiramente, são acusações, na maioria, irresponsáveis, que vão desde as camadas inferiores da sociedade, ao mais alto patamar do poder instituído.
Sabe aquela declaração universal dos direitos do homem, dentre as muitas existentes por aí, que todo indivíduo acusado de um ato delituoso tem seu direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa? Sabe? No Brasil, não serve para nada! Salvo, se o acusado tiver muita “grana” para recorrer às últimas instâncias da Justiça!
Diante de tal quadro, como julgar essa avalanche de “notícias” oriundas da “convicção” particular da maioria. Como não é possível julgar o outro sem incorrer em juízo pré-concebido. Nesse caso, a reflexão passa, numa autocrítica, do pressuposto de que a razão humana tem consciência não só dos direitos do homem, enquanto pessoa humana e pessoa cívica, mas também dos seus direitos enquanto pessoa social inserida no processo econômico e cultural. É o julgamento de consciência centrado no equilíbrio entre o interesse individual e o interesse coletivo. Como julgar, por exemplo, os produtos das artes, das religiões e das ciências? Como entender os discursos dos homens e o meu próprio discurso, se há em mim, uma predisposição de fazer juízos de valor com base em opções partidárias?
Eu bem poderia dizer, à luz do meu entendimento e experiências de anos vividos, que no Brasil atual experimentamos, à flor da pele, a encarnação da antiga filosofia sofística, onde tudo é VULGAR e CARO!
Contudo, com tal julgamento eu seria mais um tipo ou componente duma sociedade completamente dominada por aqueles que determinam o que é bom ou mau, certo ou errado, justo e injusto. Afinal, há pessoas que vêem o Brasil com outro olhar!