Mudanças são necessárias para a evolução humana, mas fica o questionamento: o que mais precisará ser mudado? Para onde as consequências da violência nos levarão?
Numa breve comparação, é possível perceber que, em menos de 30 anos, tanta coisa mudou na nossa rotina. O que era normal, hoje é inédito. O que antes era falho, hoje é conquista, motivo de orgulho.
“As crianças tinham medo do velho do saco ou do escuro, hoje são apavoradas com os disparos de armas de fogo e as consequências delas ao acertar alguém”
Veja bem, as crianças de hoje em dia não sabem o que é bom. E nem é por culpa delas. Durante a minha infância, pude brincar na rua até tarde da noite. Hoje em dia, em qualquer bairro é possível notar as iniciais de facções criminosas que marcam cercas e muros para mostrar quem é que manda. Se é que alguém duvida.
Durante minha infância, adorava fogos e suas cores que pintavam o céu… Hoje no primeiro estouro, logo se pensa ‘de onde veio esse tiro?’. E os vizinhos fecham as portas e se jogam no chão.
Isso é sério! Parece aquelas reações em treinamentos para terremoto. Mas, o acreano não precisou ir ao Japão para aprender tais técnicas.
Lembro bem que, antes, as crianças tinham medo do velho do saco ou do escuro. Hoje são apavoradas com os disparos de armas de fogo e as consequências delas ao acertar alguém.
Nos bairros mais tradicionais só se veem muros altos, cercas elétricas, câmeras e cachorros. Nem parece que, até bem pouco tempo, pessoas de todas as idades colocavam suas cadeiras de balanço na calçada no final da tarde para jogar conversa fora e fofocar, afinal, ninguém é de ferro.
As coisas mudam e continuam mudando. Acho que o problema sou eu mesmo. Que não me acostumo com o que não deveria ser tolerado.
*Bruna Lopes é jornalista.
jornalistabrunalopes@gmail.com