X

Orgulho de ser brasileiro

O sonho do hexa acabou. A eliminação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo foi sofrida. Não tão humilhante como a da peia em casa do 7 a 1 pra Alemanha, no Mundial passado, mas arrancou as lágrimas de muitos brasileiros. Diferente, também, daquela vez, ficou a sensação agora de que talvez dava para termos ido mais longe.
Muitos ‘SE’s ficaram na nossa mente: e SE aquele maldito gol contra não tivesse acontecido; e SE o volante Casemiro não estivesse suspenso; e SE aquelas duas bolas seguidas, depois do 1º tento do Brasil, tivessem ido no gol; e SE o árbitro de vídeo tivesse considerado pênalti o lance no Gabriel Jesus; e SE o goleiro da Bélgica não tivesse num dia tão inspirado.
Enfim, acabou. Possibilidade de Hexa só em 2022.

“Há quem nos critique por tanta festa, e até confundem isso com apatia social, mas acontece que não há nada de ruim em ser alegre”

Agora vão dizer que essa Seleção é um fiasco; que não tinha chance nenhuma; que o Neymar só caía; que o Tite só convocava corintiano; etc, etc, etc. Nas horas boas, é tudo muito bom, só alegria, todo mundo joga junto. Nas horas ruins, sobram apenas as críticas justas e as injustas.
Fato é que não devemos nos envergonhar da Copa que fizemos. Não dessa vez. Perdemos. Ok! Faz parte do jogo. No futebol é assim: um perde e só um ganha. E ser eliminado numa partida jogando até melhor, e frente a um time que é tido como favorito a papar o título, não é fiasco.
Nosso orgulho de ser brasileiro voltou no futebol. Nosso time era muito bom. Foi temido e respeitado por nossos adversários. A ferida do 7 a 1 foi superada. Precisamos, agora, de novos motivos para seguir nos orgulhando do nosso país, da nossa nacionalidade. É verdade que abrir os noticiários só nos dá motivos, uma sensação contrária. As notícias são pautadas em infindáveis escândalos de corrupção, violência, mortes, intolerância, reajustes…
De um lado, temos muitas razões para ser pessimistas, rudes e do contra. Mas a verdade é que nada disso muda nada. Não altera milagrosamente a nossa realidade. Por outro lado, conservamos coisas boas das quais ainda podemos nos orgulhar. Temos um povo feliz. Isso é indiscutível. Somos o povo dos memes, do Carnaval, do churrasco com os amigos e família. Há quem nos critique por tanta festa, e até confundem isso com apatia social, mas acontece que não há nada de ruim em ser alegre. Do que adianta ‘ser desenvolvido’, se o preço a pagar por isso for a indiferença, o calor nas nossas relações, o sacrifício do meio ambiente?
Além disso, somos resilientes. Não importa a situação, vamos dar um jeitinho. E quando o povo brasileiro descobrir que esse jeitinho pode ser sagaz e até malicioso, mas não precisa ser antiético, egoísta, ilegal ou moralmente inaceitável, o país será melhor.
No fim das contas, temos tudo para voltar a encontrar o nosso caminho, seja no futebol, na política, na economia, na Igreja, na vizinhança, em casa. Não há cenário adverso que não possamos superar. Só precisamos lembrar do orgulho que é ser brasileiro para tudo voltar a valer a pena.

 

* Tiago Martinello é jornalista.
E-mail: sdmartinello@gmail.com

Fabiano Azevedo: