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Boatos que geram pânico favorecem o crime organizado, aponta secretário de Segurança

Operação Ilha Grande resulta na prisão de 100 pessoas envolvidas com tráfico de drogas e organizações criminosas no Vale do Juruá.

O Acre registrou 231 homicídios dolosos até o dia 9 de julho deste ano – uma média de 35 vítimas por mês. Apesar dos números, houve uma queda de 6,9% no número de mortes em comparação ao mesmo período de 2017. Os dados foram divulgados pelo Ministério Público do Acre (MP/AC).

Mesmo com a redução, o clima de insegurança permanece na capital acreana. O último ataque de facções criminosas deixou cinco pessoas mortas e 10 feridas entre os dias 7 e 8 de julho.

Entre as vítimas estava o estudante Ygor Werik de Lima Cavalcante, de 16 anos, que foi assassinado a tiros em um bar. Segundo os pais, o jovem teria saído de casa para comprar um refrigerante.

Diante da situação, o secretário de Segurança, Vanderlei Thomas, convocou 150 policiais civis e militares para reforçar o policiamento nas ruas de Rio Branco. Segundo ele, desde então, até a tarde desta quinta-feira, 11, não houve registro de homicídios. “Isso é em decorrência da nossa forte ação de policiamento ostensivo”.

O secretário admite que a guerra entre facções criminosas passou a atingir também pessoas que não possuem ligação com o crime. “Nem todas as vítimas têm envolvimento com as organizações criminosas. O que antes era uma guerra entre eles em que um matava outro integrante da facção rival, agora eles também passaram a atingir inocentes”.

Sobre o ataque criminoso do último final de semana, Thomas afirma que os autores foram identificados e devem ser presos em breve. “Alguns mandados de prisão já foram expedidos e alguns ainda estão no judiciário. Diligências estão sendo empreendidas no sentido de prendê-los”.

Desde o último final de semana circulam nas redes sociais mensagens que supostamente teriam sido escritas por criminosos. O texto avisa a população para não sair de casa e quais bairros serão alvos de ataques.

“Não saiam porque amanhã vai ser um inferno. Nós não matamos vítimas. Aqui é o Comando Vermelho”, diz trecho de uma das mensagens.

Ao ser questionado quanto à veracidade das mensagens, o secretário alerta: “No ambiente em que nós vivemos existem aquelas pessoas que querem espalhar o caos. Essas pessoas não contribuem com a segurança pública porque uma vez espalhando boatos acabam criando uma insegurança ainda maior na população”.

Operação Ilha Grande

A Polícia Civil deflagrou nesta quinta-feira, 12, a operação Ilha Grande, no Vale do Juruá. Ao todo, mais de 140 mandados de prisão devem ser cumpridos. Até a tarde de ontem, foram presas 100 pessoas envolvidas com tráfico de drogas e organizações criminosas.

Também foram apreendidas ainda armas e drogas, além de dinheiro que continha nome dos bairros. O secretário de Segurança acompanhou de perto a ação. “É um duro golpe contra as organizações criminosas. A Polícia Civil tem investido nisso, nas operações de grande envergadura tanto na Capital quanto no interior do estado”.

 

Pedido de intervenção militar é uma forma de ‘politização’ do assunto, aponta o governo  

Após a bancada federal pedir ao presidente Michel Temer a intervenção federal na Segurança Pública no Acre, o governador Tião Viana se manifestou a cerca do assunto.

No texto assinado por parlamentares acreanos, o grupo pede a “decretação da intervenção federal de natureza militar, nos moldes aplicados ao Rio de Janeiro, necessária ao restabelecimento dos princípios constitucionais afrontados no Estado do Acre”.

Para o governo, o ato é irresponsável e não respeita a dor das famílias que perderam parentes em ataques criminosos. “Temos tentado dar o melhor de nós como sistema de segurança para o combate ao crime. Está aí o exemplo do Rio de Janeiro. Governo Federal fez a intervenção a pedido do governo, não repassa os R$ 3 bilhões para custear as operações, morreram 50 policiais assassinados esse ano pela intervenção”.

Viana ressalta que foi prometido cerca de R$ 150 milhões para segurança em uma emenda de 2016, mas o dinheiro nunca chegou para o Estado. “Pedi muitas vezes a presença do Governo Federal, do Exército, do efetivo da Polícia Federal e da Rodoviária Federal no cuidado das fronteiras do Acre”.

O governador finaliza dizendo que combater o narcotráfico em Cruzeiro do Sul com apenas 35 policiais federais é quase inviável. “Tinha que ter no mínimo uns 200. Cobrei o ministro Raul Jungmann. Ele me disse: ‘governador, nossa prioridade é fortalecer, nessa etapa, o trabalho de inteligência. Não temos como dar conta das fronteiras. São 40 mil quilômetros do Acre até o Mato Grosso’. Disse que não tem condições de fazer esse trabalho”.

Ao Jornal A GAZETA, o secretário de Segurança declarou que o assunto está sendo politizado por parte da bancada federal. “O que esperamos da bancada federal é de que eles valorizem nossas instituições policiais, cujos integrantes saem de casa todos os dias sem a certeza de voltar e colocam sua vida em defesa da sociedade. Queremos que esses parlamentares briguem pelo aporte de recursos que estão sendo contingenciados. E peço, sim, uma atuação firme dos governos nas fronteiras”.

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