Os confrontos das oitavas de final da Copa do Mundo prometem grandes emoções. Uma delas é no jogo do Brasil nesta segunda-feira, 2, contra o México. A partida é um reencontro das equipes que duelaram na Copa de 2014, porém na fase de grupos.
A primeira fase do mundial terminou e agora é a etapa “mata-mata”. É preciso vencer para continuar vivo na competição. Agora, mais do que nos primeiros jogos, o uso do árbitro de vídeo (VAR) pode definir se uma seleção continua ou não na Copa do Mundo.
Segundo a Fifa, o VAR foi usado 335 vezes durante a primeira fase do Mundial da Rússia. Todos os 122 gols da primeira fase foram verificados. Foram 99,3% reivindicações de decisões corretas, contra 95% sem ela. Ao todo, 14 decisões foram modificadas durante as partidas em função do árbitro de vídeo, enquanto que outras três foram confirmadas.
Para fazer uma análise sobre o uso da nova tecnologia, o Jornal A GAZETA conversou com o árbitro acreano aposentado Carlos Ronne Casas. São 19 anos de bagagem apitando jogos importantes tanto para o futebol acreano, quanto em âmbito nacional.
Segundo o árbitro, a nova tecnologia pode chegar ao campeonato brasileiro ano que vem e, apesar do alto custo de implantação, a tecnologia evita lances polêmicos. “Resta saber aonde vai quebrar essa conta, se para os clubes ou para a CBF. Vai ter que se pagar muito para ter um árbitro de vídeo, mas é bom. Temos visto que tem ajudado na Copa do Mundo. O grande momento do futebol é o gol, e o gol está sendo privilegiado”.
Ronne explica que a tecnologia permite anular gols irregulares e marcar gols válidos que foram anulados.
“Ajuda numa possível aplicação de cartões errados, principalmente dos cartões vermelhos, que é quando o jogador deixa de fazer parte do jogo. Muitos cartões são aplicados de forma injusta e depois corrigidos. O VAR é muito bem quisto no futebol, desde que seja utilizado de forma correta. É uma ferramenta formidável.”
Lances polêmicos
Apesar de ser a favor do uso do árbitro de vídeo, Ronne diz que criticou algumas decisões como, por exemplo, quando o jogador Cristiano Ronaldo deu uma cotovelada e derrubou Pouraliganji, do Irã. O árbitro recorreu ao VAR, viu e reviu as imagens e entendeu dar apenas cartão amarelo ao capitão de Portugal.
“Estamos vendo que, em algumas situações, ele tem dois pesos e duas medidas. Para a Copa do Mundo, um Cristiano Ronaldo, quatro vezes eleito o melhor do mundo, ficar fora das oitavas de final não seria bom para a competição. Porém, a arbitragem não tem que compactuar com isso. Então, o Cristiano deveria ter sido expulso”, opina.
Como falar de polêmica durante a Copa sem citar o pênalti sofrido por Neymar que foi anulado? O Brasil ia empatando por 0 a 0 com a Costa Rica quando o jogador brasileiro foi puxado e caiu dentro da área. O juiz holandês Bjorn Kuipers, sem hesitar, marcou o pênalti. Após revisar a jogada pelo recurso de árbitro de vídeo, ele voltou atrás e anulou o pênalti.
“Foi feito uma encenação exacerbada. O jogador do Brasil usou de uma malícia muito grande e o árbitro viajou e depois voltou atrás. Está de parabéns! Não existe faltinha e faltão. A regra doze ela captura as faltas da mesma forma. No meu ponto de vista, não houve infração. O jogador em questão teve uma mão sobre seu peito, mas aquela mão não tinha força suficiente para derrubar, como derrubou. Se ele continuasse em pé e continuasse a tentar, talvez o outro jogador tivesse tentado puxar e feito pênalti. Mas, naquela situação, eu particularmente, não daria pênalti de forma alguma”, declara.
“Foi feito uma encenação exacerbada. O jogador do Brasil usou de uma malícia muito grande”, afirma o árbitro, sobre a falta sofrida contra Neymar na disputa entre Brasil e Costa Rica
Evolução da seleção brasileira
Assim como o técnico Tite, o árbitro acreano acredita que a seleção está em processo de evolução ao longo do mundial. “O Brasil tem criado muito e finalizado de forma errada, não tendo acertado o gol. Acredito que quando a seleção começar a chutar mais certeiramente dentro do gol, vamos ter mais sucesso”.
Sobre o confronto desta segunda-feira, 2, contra o México, o acreano é certeiro no palpite: 2 x 0. Mas, apesar do otimismo, admite que a seleção brasileira terá jogos duríssimos pela frente.
“Vai ser um jogo difícil. O México tem se mostrado um adversário forte. Nas duas últimas competições sul-americanas, os títulos do México foram exatamente em cima do Brasil. Mas nós acreditamos que, hoje, o volume de jogo apresentado individualmente pelos jogadores da nossa seleção é maior do que o do México. E, como bons brasileiros que somos, vamos torcer para que o Brasil passe das oitavas para que possamos ver o prosseguimento do excelente trabalho feito pela equipe técnica do Tite. Daqui pra frente, só vamos ter pedreira, muito maior do que já tivemos”, analisa.