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Com 19 anos de carreira, árbitro acreano aposentado analisa uso de VAR na Copa do Mundo

Com 19 anos de carreira, árbitro acreano aposentado analisa uso de VAR na Copa do Mundo
Com 19 anos de carreira, árbitro acreano aposentado analisa uso de VAR na Copa do Mundo
Carlos Ronne -( FOTO /ACERVO PESSOAL )

Os confrontos das oitavas de final da Copa do Mundo prometem grandes emoções. Uma delas é no jogo do Brasil nesta segunda-feira, 2, contra o México. A partida é um reencontro das equipes que duelaram na Copa de 2014, porém na fase de grupos.

A primeira fase do mundial terminou e agora é a etapa “mata-mata”. É preciso vencer para continuar vivo na competição. Agora, mais do que nos primeiros jogos, o uso do árbitro de vídeo (VAR) pode definir se uma seleção continua ou não na Copa do Mundo.

Segundo a Fifa, o VAR  foi usado 335 vezes durante a primeira fase do Mundial da Rússia. Todos os 122 gols da primeira fase foram verificados. Foram 99,3% reivindicações de decisões corretas, contra 95% sem ela. Ao todo, 14 decisões foram modificadas durante as partidas em função do árbitro de vídeo, enquanto que outras três foram confirmadas.

Para fazer uma análise sobre o uso da nova tecnologia, o Jornal A GAZETA conversou com o árbitro acreano aposentado Carlos Ronne Casas. São 19 anos de bagagem apitando jogos importantes tanto para o futebol acreano, quanto em âmbito nacional.

Segundo o árbitro, a nova tecnologia pode chegar ao campeonato brasileiro ano que vem e, apesar do alto custo de implantação, a tecnologia evita lances polêmicos. “Resta saber aonde vai quebrar essa conta, se para os clubes ou para a CBF. Vai ter que se pagar muito para ter um árbitro de vídeo, mas é bom. Temos visto que tem ajudado na Copa do Mundo. O grande momento do futebol é o gol, e o gol está sendo privilegiado”.

Ronne explica que a tecnologia permite anular gols irregulares e marcar gols válidos que foram anulados.

“Ajuda numa possível aplicação de cartões errados, principalmente dos cartões vermelhos, que é quando o jogador deixa de fazer parte do jogo. Muitos cartões são aplicados de forma injusta e depois corrigidos. O VAR é muito bem quisto no futebol, desde que seja utilizado de forma correta. É uma ferramenta formidável.”

Lances polêmicos

Apesar de ser a favor do uso do árbitro de vídeo, Ronne diz que criticou algumas decisões como, por exemplo, quando o jogador Cristiano Ronaldo deu uma cotovelada e derrubou Pouraliganji, do Irã. O árbitro recorreu ao VAR, viu e reviu as imagens e entendeu dar apenas cartão amarelo ao capitão de Portugal.

“Estamos vendo que, em algumas situações, ele tem dois pesos e duas medidas. Para a Copa do Mundo, um Cristiano Ronaldo, quatro vezes eleito o melhor do mundo, ficar fora das oitavas de final não seria bom para a competição. Porém, a arbitragem não tem que compactuar com isso. Então, o Cristiano deveria ter sido expulso”, opina.

Como falar de polêmica durante a Copa sem citar o pênalti sofrido por Neymar que foi anulado? O Brasil ia empatando por 0 a 0 com a Costa Rica quando o jogador brasileiro foi puxado e caiu dentro da área. O juiz holandês Bjorn Kuipers, sem hesitar, marcou o pênalti. Após revisar a jogada pelo recurso de árbitro de vídeo, ele voltou atrás e anulou o pênalti.

“Foi feito uma encenação exacerbada. O jogador do Brasil usou de uma malícia muito grande e o árbitro viajou e depois voltou atrás. Está de parabéns! Não existe faltinha e faltão. A regra doze ela captura as faltas da mesma forma. No meu ponto de vista, não houve infração. O jogador em questão teve uma mão sobre seu peito, mas aquela mão não tinha força suficiente para derrubar, como derrubou. Se ele continuasse em pé e continuasse a tentar, talvez o outro jogador tivesse tentado puxar e feito pênalti. Mas, naquela situação, eu particularmente, não daria pênalti de forma alguma”, declara.

 “Foi feito uma encenação exacerbada. O jogador do Brasil usou de uma malícia muito grande”, afirma o árbitro, sobre a falta sofrida contra Neymar na disputa entre Brasil e Costa Rica

 

Evolução da seleção brasileira

Assim como o técnico Tite, o árbitro acreano acredita que a seleção está em processo de evolução ao longo do mundial. “O Brasil tem criado muito e finalizado de forma errada, não tendo acertado o gol. Acredito que quando a seleção começar a chutar mais certeiramente dentro do gol, vamos ter mais sucesso”.

Sobre o confronto desta segunda-feira, 2, contra o México, o acreano é certeiro no palpite: 2 x 0. Mas, apesar do otimismo, admite que a seleção brasileira terá jogos duríssimos pela frente.

“Vai ser um jogo difícil. O México tem se mostrado um adversário forte. Nas duas últimas competições sul-americanas, os títulos do México foram exatamente em cima do Brasil. Mas nós acreditamos que, hoje, o volume de jogo apresentado individualmente pelos jogadores da nossa seleção é maior do que o do México. E, como bons brasileiros que somos, vamos torcer para que o Brasil passe das oitavas para que possamos ver o prosseguimento do excelente trabalho feito pela equipe técnica do Tite. Daqui pra frente, só vamos ter pedreira, muito maior do que já tivemos”, analisa.

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