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Com receio de retorno do sarampo no Acre, campanha de vacinação acontece entre os dias 6 a 31 de agosto

FOTO/ ILUSTRATIVA

O Ministério da Saúde divulgou a existência de 677 casos de sarampo em seis estados brasileiros, são eles: Amazonas, Roraima, Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O número de casos em investigação assusta. De acordo com o órgão, são 2.724.

Para evitar que o Acre também registre casos e devido à baixa na quantidade de pessoas imunizadas, uma nova campanha de vacinação ocorre de 6 a 31 de agosto. Essa é a oportunidade dos pais e responsáveis atualizarem as carteiras de vacinação das crianças. Apesar disso, se por algum motivo as pessoas de até 49 anos ainda não tiverem tomado a vacina, elas também poderão receber a imunização.

Vale ressaltar que a única forma de prevenção contra o sarampo é a vacina. Por isso, crianças com um ano devem tomar a primeira dose e a segunda deve ser aplicada com um ano e três meses.

De acordo com a gerente de Vigilância Epidemiológica, Eliane Costa, um caso suspeito de sarampo está em análise no Acre. Além disso, ela destaca que cerca de 11 mil crianças acreanas que ainda não foram vacinadas contra a doença devido à baixa cobertura vacinal registrada nos últimos três anos.

A baixa cobertura vacinal é um dos principais obstáculos enfrentados pela Saúde. Em 2015, a taxa de imunização no Acre contra o sarampo foi de 84%, em 2016, foi de 75% e em 2017 ficou em 74%. Da série histórica analisada pelo setor de Vigilância, o Acre atingiu a meta de 95%, estabelecida pelo Ministério da Saúde, somente no ano de 2014.

“Quando a gente olha a nossa cobertura vacinal, que é a única maneira de se prevenir, de imunizar, observamos que, nos últimos quatro anos, o Acre não vem alcançando a cobertura adequada. Traduzindo isso em números hoje, nós temos uma população infantil em que a vacinação adequada, a partir de 1 ano de idade até os 4 anos, está reprimida”, destacou a gerente.

Sobre esse possível caso que está sendo analisado, Eliane Costa esclarece que as suspeitas acontecem, pois é uma doença que confunde muito com outras.

“Os sintomas são febre, coriza, manchas avermelhadas do pescoço ao rosto. Quando a gente faz uma coleta sorológica, é feita uma bateria de exames diferenciais. A coleta é feita para o sarampo, mas, se der negativo, nós vamos pesquisar qual é a doença e pode ser dengue, zika, chinkungunya e uma rubéola”, explicou.

Acre não registra sarampo há 18 anos

Desde o ano 2000, o Acre não registra casos de sarampo. Ao todo, foram três casos, um em Acrelândia, um em Mâncio Lima, um em Plácido de Castro e seis em Rio Branco, totalizando 11 confirmações.

Diante desse cenário, a vigilância iniciou uma recapacitação e reciclagem na rede de saúde. O objetivo é ter uma assistência mais ativa e atenta.

“Aos primeiros sinais dos sintomas suspeitos, é preciso fazer a coleta para a confirmação ou descarte. As suspeitas nesse momento são mais evidentes, justamente por conta de uma vigilância ativa”, afirma.

A doença

O sarampo é uma doença infectocontagiosa considerada uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil em países do terceiro mundo. Atualmente, o Brasil enfrenta surtos da doença.

Transmissão

Ocorre diretamente de uma pessoa para outra, seja por secreções do nariz ou da boca expelidas ao tossir, respirar ou falar. Para interromper a transmissão do sarampo é preciso que 95% da população esteja vacinada. Portanto, todas as crianças, adolescentes e adultos precisam se certificar de que estão com a caderneta de vacinação em dia. “Como o contágio é semelhante ao da gripe, vale evitar o contato desnecessário com o doente, lavar as mãos com frequência e manter o ambiente arejado”, orientam os médicos.

Campanha

Para fortalecer ainda mais as ações vai ser lançada, no dia 4 de agosto, a Campanha Nacional de Segmento do Sarampo que segue até 31 de agosto. Segundo a coordenadora do programa de prevenção ao sarampo, Renata Miranda, a doença é altamente transmissível e leva à morte.

A campanha será disponibilizada para população de um a menor de cinco anos. Os pais devem estar atentos e levar os filhos mesmo que já tenham sido vacinados e procurar a unidade de saúde com a carteira de vacinação dessas crianças.

As crianças de 12 meses devem tomar a primeira com 12 meses e o reforço deve ser aplicado aos 15 meses.

“A doença chega parecendo uma gripe com muita tosse, mas logo surgem manchas vermelhas pelo corpo e conjuntivite e pode levar à morte”, alertou a especialista.
O governo quer mobilizar as famílias para que procurem a vacina e evitem a entrada do sarampo no Estado.

Em municípios como Bujari, Assis Brasil, Porto Acre e Rodrigues Alves, menos da metade das pessoas que deveriam ser imunizadas foram vacinadas ano passado.

Porém, independente do período de campanha, a população pode procurar os postos de saúde para se imunizar com a vacina tríplice viral, que é aplicada com 12 meses de idade e um reforço aos 15 meses. Além disso, adultos que por algum motivo não tomaram a vacina no tempo correto também podem procurar os postos.

“A vacina está disponível até os 49 anos. Muitas vezes, as pessoas não veem a carteira de vacinação como um documento que deve ser guardado ao longo da vida. Às vezes, a gente esquece, mas tentem resgatar, para ter a certeza ou não da vacina. Na dúvida, ou sem comprovação vacinal, a imunização também vai ser fornecida à população adulta”, finalizou Eliane.

 Qual motivo leva os pais a evitarem a imunização?

A pouca procura pela vacina tríplice viral que imuniza contra o sarampo, caxumba e rubéola é um dos principais obstáculos enfrentados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre).

“O estado vem tendo uma cobertura decrescente. A cada ano, a gente percebe que cada vez menos a população tem procurado o serviço. É importante tomar a vacina, pois a pessoa vai prevenir três doenças que são graves e podem acarretar sérios problemas para a família”, destacou a enfermeira da equipe técnica do setor de Imunização, Núbia Campos.

Um dos motivos para essa dificuldade é o movimento antivacina que se fortaleceu nas redes sociais. Além disso, a geração atual não vivenciou grandes surtos da doença e acabou se acomodando.

Dados do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apontam que a parcela da população contrária à vacina faz parte, curiosamente, de classes sociais mais altas.

Na maioria dos casos, essas pessoas defendem a causa por questões religiosas, modismo ou naturalismo. Mas, não são apenas crenças. O receio que as vacinas provoquem reações adversas é o principal motivo.

Para quem ainda tem dúvidas sobre a eficácia das vacinas, a Sesacre reforça que elas são seguras. Suas reações geralmente são pequenas e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira. Eventos graves de saúde são extremamente raros e cuidadosamente monitorados e investigados.

Os programas de vacinação nacionais estão entre os mais bem-sucedidos do mundo, contudo, seu sucesso depende da cooperação de cada indivíduo para assegurar o bem comum.

“A responsabilidade de vacinar é de todos. Uma decisão que envolve pais ou responsáveis pelas crianças, sociedade e governo”, destacou a professora Drª. Ivana Maria Saes Busato, por meio de um artigo.

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