Quem usa transporte público todos os dias na capital acreana está pagando mais caro pelo serviço desde o último sábado, 14. Porém, diferente dos aumentos anteriores, o clima entre os usuários é de apatia. Pouco se fala no assunto, pelo menos nas redes sociais.
O preço da passagem passou para R$ 4,00 para quem paga no dinheiro. O valor da tarifa utilizado com bilhetagem eletrônica é de R$ 3,80. O preço da tarifa estudantil continua R$ 1,00.
Prova de que a população está indiferente ao assunto é que poucos protestos contra o aumento foram realizados. Em um deles, inclusive, apenas três pessoas compareceram ao local marcado. O fato ocorreu no começo de junho, poucos dias depois do anúncio do reajuste.
O aumento da tarifa de ônibus foi alvo de críticas devido à falta de transparência da câmara técnica responsável pela elaboração das planilhas de custos que serviram para justificar o reajuste.
A prefeita Socorro Neri chegou a revogar o aumento pelo período de dez dias, seguindo recomendação da Justiça e do Ministério Público do Acre (MP/AC). Entretanto, passados os 10 dias, ela homologou, mais uma vez, o reajuste que passou a valer no dia 14.
O MP/AC informou, por meio da Assessoria de Comunicação, que a promotora Alessandra Marques solicitou à Prefeitura de Rio Branco novas planilhas, alterando o prazo para conclusão da análise. A promotora deverá se pronunciar após o término do estudo. O prazo final não foi informado.
Aumento compromete 20% do salário mínimo
Há um mês, em entrevista ao Jornal A GAZETA, o economista Carlos Franco falou sobre o impacto do reajuste no orçamento do trabalhador que recebe um salário mínimo por mês.
Segundo o economista, levando em conta os R$ 4,00 cobrados pelas empresas de ônibus para quem paga no dinheiro, o trabalhador gasta por mês R$ 192 somando a ida e a volta. A quantia corresponde 20% do salário mínimo, que hoje é de R$ 954.
“Quem precisa de ônibus em geral é a classe baixa, então é um impacto muito grande. Quanto menor a receita da família, maior o peso do segmento alimentação no orçamento dela. Esse dinheiro faz falta para comida. Ou a pessoa anda de ônibus ou ela come”, destaca.
Os números apresentados pelo economista se aproximam da média nacional. De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o gasto com deslocamento chegou a 20,1% do orçamento do brasileiro, em 2010. Em 2000, esse tipo de serviço comprometia 18,7% das despesas de consumo do cidadão.