Os carrapatos são um inimigo temido dos cães e seus donos, afinal, ninguém quer encontrar um carrapato em seu animal de estimação. Em Rio Branco, há quase três anos os casos de doenças transmitidas aos animais pelo inseto vêm aumentando, segundo o médico veterinário, Joaquim Medeiros.
No laboratório de Medeiros, um dos maiores da capital, o aumento da doença é constatado diariamente. Em 2016, dos 350 exames realizados, 33,7% confirmaram a doença do carrapato. No ano seguinte foram feitos 575 exames e 41% apresentaram o mesmo diagnósticos. Somente até abril deste ano, dos 326 exames realizados, 39,8% apontaram a doença.
“Estamos tendo uma epidemia que se mantém há dois anos em um nível elevado. É um surto persistente que já vai entrando no terceiro ano”.
O médico veterinário explica que existem três tipos de carrapatos no Acre, sendo que o mais perigoso, que transmite anaplasmose, é o que está em maior incidência. Basta uma picada de um carrapato infectado para que haja a transmissão da doença.
“É uma doença de evolução silenciosa que atinge os rins, o baço, provoca baixas de plaquetas e anemia. E ainda existem as complicações decorrentes disso por que o animal fica debilitado favorecendo o desenvolvimento de outras doenças. Existe uma série de complicações que às vezes mascaram o quadro da doença. Na maioria das vezes, os donos nem ficam sabendo que o cachorro foi picado por um carrapato por que muitas vezes eles mesmos arrancam”.
Os sintomas mais comuns da doença em cães e gatos são a perda de apetite, perda de peso, apatia, febre e anemia. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais chances de cura.
“Dependendo da situação fisiológica do animal, às vezes você chega a um ponto que você identifica a doença, mas não consegue salvar o animal. Os rins não voltam a funcionar, o fígado também não se recupera”.
Para ter uma ideia dos riscos causados pelos carrapatos é necessário saber a velocidade que eles se reproduzem. Uma fêmea pode produzir até 300 carrapatos a cada 21 dias.
A recomendação para evitar que o animal seja contaminado é manter o ambiente em que ele vive sempre limpo, além de dedetizar o local quando houver a presença dos parasitas. Os pets também podem se proteger do carrapato, com uso de remédios via oral, coleiras, entre outros. O veterinário recomenda a realização de exames de sangue todo ano.
Para ter uma ideia da importância de manter o ambiente sempre limpo é necessário saber um pouco sobre o ciclo de reprodução dos carrapatos. Uma fêmea pode produzir até 300 carrapatos a cada 21 dias.
“Você imagina que nunca tem uma fêmea, são várias, se reproduzindo a cada 21 dias. Esses carrapatos saem andando para todos os lados a procura de parasitar algum animal”.
Picadas em humanos
Medeiros alerta ainda sobre os riscos de o carrapato picar o humano. Neste caso, o inseto pode transmitir doenças como, babesiose, borreliose de Lyme, febre macular, entre outros.
“Há um risco de o carrapato picar as pessoas também. Há essa possibilidade da transmissão desses tipos e de outras doenças”.
As 17 mortes causadas pela febre maculosa, doença transmitida pelo carrapato, em cidades do interior de São Paulo, provam o risco que o carrapato oferece à saúde dos seres humanos. Naquela região, o transmissor se hospeda principalmente na pele das capivaras. Até à tarde de quinta-feira, 26, a prefeitura de Americana interditou 15 áreas consideradas de risco, entre elas pontos turísticos da zona rural.