Pensando em ajudar moradores de rua, os funcionários de um cartório decidiram criar uma geladeira comunitária. Há duas semanas, são disponibilizamos alimentos de graça no local, que fica no Segundo Distrito de Rio Branco.
Segundo a tabeliã e registradora interina do cartório, Suellen Leite, desde 2016 os funcionários realizavam doações e ações sociais naquela região. Pelo menos 50 famílias são beneficiadas pelo projeto.
“Nós percebemos uma quantidade maior de moradores de rua aqui. Achamos que a geladeira atingiria mais o nosso objetivo, que é ajudá-los principalmente à noite. Eles falam que nesse horário eles sentem mais fome por que ninguém abre as portas, não tem restaurante aberto para eles pedirem comida”.
O eletrodoméstico fica ligado 24 horas do lado de fora do cartório. A ideia é que as pessoas que possam ajudar abasteçam a geladeira com alimentos. As regras para doar estão expostas logo na porta.
As pessoas podem doar água, sucos, frutas, alimentos dentro do prazo de validade, copos descartáveis, entre outros. Não é permitido colocar bebidas alcoólicas, alimentos estragados ou crus, como carne e peixe, além de pacotes abertos. Doar amor é liberado, diz o cartaz com as regras.
“Os moradores de rua entenderam muito bem a mensagem. A princípio tínhamos o receio de que eles levassem até as grades da geladeira por que nós não sabemos as condições psicológicas dessas pessoas, mas graças a Deus foi bem entendido. Eles ficam muito felizes quando vêem que tem doação”.
Nos dias que não tem nada na geladeira eles procuram os funcionários para saber se algo será doado. Porém, desde que a iniciativa foi compartilhada nas redes sociais, o eletrodoméstico é abastecido diariamente.
“No início ficava mais tempo vazia, mas agora que as pessoas estão sabendo começaram a doar. Não precisa entrar em contato com o pessoal do cartório, basta chegar e colocar na geladeira. Não há regras quanto a isso. Hoje [quarta-feira, 1] teve uma doação de uma família que encheu a geladeira”.
Ainda segundo a tabeliã, em breve será monitorado tudo que é retirado para que todos sejam beneficiados. “Vamos tentar reunir eles em um futuro próximo para conversar para que eles entendam que o projeto é para beneficiar a todos. Vamos ver se eles entendem dessa forma. Não dá pra todo mundo, a gente abastece um horário e mais tarde já não tem nada”.
De acordo com o último levantamento feito pelo Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial (Natera), existem 242 pessoas vivendo nas ruas da capital acreana. O Ministério Público do Acre (MP-AC) acompanha seis casos críticos de pessoas com problemas de saúde, como tuberculose e HIV.