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Queimadas em Rio Branco desafiam os homens do Corpo de Bombeiros

FOTO/SERGIO VALE- SECOM

Desde o início do ano, foram registrados cerca de 216 mil focos de incêndios em áreas florestais e de lavoura em todo o país, de acordo com informação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No Acre, o número já maior que no mesmo período do ano passado.

De acordo com o levantamento, de janeiro até o último dia 16 tinham sido registrados 758 focos de calor. Registro maior que em todo o ano passado onde ocorreram 752 focos.

O dado é do relatório diário do Programa Queimadas Monitoramento por Satélites. Os três estados com o maior número de queimadas são Roraima, Mato Grosso e Tocantins. Juntos, eles somam cerca de 55% dos focos de incêndio registrados em todo o Brasil neste período.

Enquanto isso, o Corpo de Bombeiro do Acre contabiliza 2.589 incêndios ambientais em 2018 só em Rio Branco. De acordo com o major Claudio Falcão, somente em agosto foram 379 ocorrências atendidas pela corporação. Em todo o Estado, os registros chegam a 898.

“As duas chuvas significativas registradas no mês de agosto minimizou o número de incêndios ambientais em Rio Branco. O curioso que esse número de ocorrências tem uma dimensão muito grande. Teve incêndio que constam nesses números que levou até seis horas para combater. Teve ocorrência em uma área muito extensa com 60 mil metros quadrados ou até mais. A queima ainda é muito intensa”, concluiu o major.

Ele também salientou sobre a importância de conscientizar a população. “Estamos realizando reuniões com brigadas rurais e palestras nas escolas para disseminar o perigo que as queimadas podem causar. Nossa grande dificuldade é de conscientizar as pessoas sobre essa prática criminosa, que infelizmente, já se tornou um hábito cultural”, ressaltou.

Em junho, o Estado lançou o Plano de Prevenção e Controle de Desmatamento e Queimadas. O instrumento agrega as diretrizes que norteiam as estratégias, metas e ações do Estado no quadriênio 2017-2020 e tem como principal objetivo reduzir o desmatamento e a degradação da vegetação nativa, assim como controlar as queimadas florestais, promovendo a manutenção dos serviços ecossistêmicos.

Com o Acre assumindo o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2020, este ano o governo intensifica as ações com campanhas educativas e a aplicabilidade dos Planos de Gestão de Riscos Ambientais e de Prevenção e Controle às Queimadas e Incêndios Florestais.

Estima-se que só de 2004 a 2017, a taxa de desmatamento ilegal no Acre reduziu 66% por meio das políticas públicas do governo. Segundo o Inpe, a redução no Acre, de agosto de 2016 a julho de 2017, foi de 34%. O levantamento faz uma comparação com o período anterior: 2015/2016.

De acordo com o monitoramento do Estado, as cidades de Tarauacá, Feijó, Manoel Urbano e Rio Branco lideram o ranking de focos de calor neste período.

Friagem deve chegar nesta segunda-feira, 20

Antes do frio, este fim de semana será com tempo muito quente no Acre, alerta o pesquisador meteorológico, Davi Friale. “Deve chover forte neste domingo, devido à aproximação de uma forte frente fria”.

Uma intensa onda de frio polar atingirá os extremos sul e oeste do Rio Grande do Sul no próximo domingo, despencando a temperatura naquela parte do Brasil. “No Acre, em Rondônia e em Mato Grosso, os primeiros ventos da frente fria – fenômeno que antecede a massa de ar polar – chegam na manhã de segunda-feira, 20, com fortes rajadas, cujas velocidades poderão passar de 50km/h, em alguns pontos”, avisa o pesquisador.

A temperatura cairá bruscamente no Acre. Assim, uma típica friagem de forte intensidade deixará a segunda-feira e a terça-feira com tempo frio, fechado, chuvoso e bastante ventilado.

A temperatura mais alta, nesses dias, deverá ficar abaixo de 20°C ou até inferior a 18°C, em alguns municípios do Acre, pois o céu ficará encoberto e as chuvas ocorrerão a qualquer momento. A temperatura mínima, no início desses dias, deverá oscilar entre 11 e 15°C ou até menos.

Baixa umidade do ar e aumento da velocidade do vento são características de frentes frias, que apesar de baixar a temperatura momentaneamente, se tornam um problema maior com a incidência das queimadas. E é esse cenário que é possível prevê nos próximos dias, devido a chegada de mais uma friagem ao Acre.

E como dificuldade para executar esse trabalho, ele elencou o desgaste no combate de incêndio ambiental. “Com a frente fria e o aumento da velocidade do vento existe uma propagação ainda maior. Então, a população não deve realizar qualquer queimada visto que os danos atingem a todos nós”, frisou o major.

População pode ajudar

Vale ressaltar que a população pode ajudar com atitudes simples, como não jogar bitucas de cigarros na estrada ou em grandes avenidas. Não depositar lixo, especialmente vidro, em terrenos baldios e não queimar lixo.

Os incêndios florestais ganham maiores proporções com baixa umidade do ar e acontecem geralmente ocorrem devido à queimadas. Muitas pessoas confundem queimadas com incêndios florestais, porém as queimadas acontecem quando alguma pessoa usa o fogo para limpar o terreno, renovar o pasto ou a terra para plantio

Já o incêndio florestal é quando o fogo destrói a floresta e pode ser originado por agentes naturais, como solo muito seco e por agente humano, no caso as queimadas que perderam o controle.

E se flagrar alguma queimada, basta denunciar aos órgãos competentes através do 190, 193, 3228-5765 (Semeia) e 3227-5095 (Policiamento Ambiental).

Queimar é crime

As queimadas urbanas são regulamentadas pela lei municipal nº 1.330/99, onde no artigo 112 diz que fica proibida a queima a céu aberto. Também a lei municipal 1.459/92 regulamenta a questão das queimadas urbanas.

No artigo 12, inciso VI da lei 1.459/92 diz que: “efetuar queima ao ar livre, em área própria ou pública, de lixo domiciliar bem como de restos de poda de árvores até o volume de 100 litros” dá uma simples de 2,24 UFMRB.

O artigo 13, em seu inciso XV considera como infração grave “utilizar ou provocar fogo para destruição de formas vegetacionais em projetos agropastoris ou qualquer outra área sem a devida licença ou desacordo com a obtida”.

Já o inciso XVI da lei 1.459/92 diz que “efetuar queima ao ar livre ou em incineradores que operem sem autorização ou fora dos padrões legais de resíduos domiciliares em volume superiores a 100 litros” provoca uma multa diária para os estabelecimentos comerciais, industriais, institucionais ou prestadores de serviço.

FOTO/DIVULGAÇÃO
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