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Karla Martins comenta incêndio que destruiu Museu Nacional e diz quais medidas são tomadas nos prédios locais

Foto: Gleilson Miranda/Secom

Conhecida por defender a cultura de maneira geral, mas, especialmente, a existência e manutenção de museus, a presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Karla Martins, comentou sobre os prejuízos com a destruição do acervo do Museu Nacional que foi assolado por conta de um incêndio na noite de domingo, 2.

De acordo com ela, essa é uma perda imensurável para a história do país. O museu foi fundado em 6 de agosto de 1818 por Dom João 6º e é o mais antigo do país.

Para evitar tragédias como a que aconteceu no Rio de Janeiro é que Karla, ao longo dos últimos anos, esforça-se para pelo menos manter o sistema de extintor de incêndios regular nas dezenas de prédios em que a FEM é responsável.

“Só com extintor o investimento é R$ 8 mil. Fora outros itens tão importantes quanto. Nossos prédios possuem muita madeira, não podemos facilitar. Agora que alguns deles estão em reforma nos dá uma segurança de que o sistema elétrico será novo e as regras a respeito de acessibilidade serão devidamente adaptadas”, comentou Karla.

O historiador Marcos Vinícius das Neves acredita que no Museu Nacional não havia acervo oriundo ou relacionado ao Acre. “Onde tem coisas do Acre com certeza é no Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional e Museu da República.
Os documentos do Tratado de Petrópolis estão no arquivo histórico do Itamaraty.
Todos esses espaços estão no Rio de Janeiro e correndo o mesmo perigo que o Museu Nacional”, destacou.

O Museu Nacional estava há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido. A situação chegou ao ponto de o museu anunciar uma “vaquinha virtual” para arrecadar recursos junto ao público para reabrir a sala mais importante do acervo, onde fica a instalação do dinossauro Dino Prata. A meta era chegar a R$ 100 mil reais.

Essa situação é uma consequência dessa política de contenção de gastos do Governo Federal. Já que também era uma importante instituição científica, administrada atualmente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em 2015 foi desenvolvido um projeto de recuperação estrutural do edifício histórico, mas a liberação do dinheiro – cerca de R$ 21 milhões, do BNDES, só saiu este ano e não deu tempo de salvar a história que foi consumida pelo fogo.

Em junho deste ano, o museu completou 200 anos, mas já era visível a necessidade de obras urgentes. Porém, a instituição não tinha recursos para realizar a restauração, uma situação que começou há vários anos.

A instituição deveria receber um repasse anual de R$ 550 mil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que passa por uma crise financeira. Há três anos, o museu só tem recebido 60% deste valor, e não tinha recurso para pesquisa e manutenção, por isso, as áreas de exposição foram reduzidas.

A falta de recursos afetou, inclusive, o funcionamento do museu. Há mais de 15 anos os visitantes não podem ver o esqueleto gigante de uma baleia Jubarte, por exemplo.

Além disso, uma infestação de cupins destruiu a base onde estava instalada a reconstrução do fóssil de um dinossauro de 13 metros que foi descoberto em Minas Gerais, e viveu há 80 milhões de anos.

Em 2015, o Museu Nacional chegou a fechar as portas por causa do atraso dos repasses do Governo Federal. Os serviços foram interrompidos por falta de pagamento a funcionários.

Tinha um dos mais ricos acervos de antropologia e história natural da América Latina, com mais de 20 milhões de itens. Muitos deles eram exemplares únicos, como fósseis humanos e de dinossauros, múmias e utensílios de civilizações antigas.

A Gazeta do Acre: