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Policlínica do Tucumã vai zerar fila de espera para vasectomia

A Policlínica do Tucumã passa agora a realizar cirurgias de vasectomia, procedimento de esterilização masculina antes disponível somente no Hospital das Clínicas (HC), em Rio Branco. A nova sala onde serão feitos os procedimentos foi inaugurada na manhã desta quarta-feira, 19, pelo governador Tião Viana, e já contempla os pacientes que aguardavam pelo procedimento.

A nova estrutura tem por objetivo trazer maior comodidade ao público masculino que já era acompanhado pelo programa na unidade, e também zerar a fila de espera por vasectomia, insistindo no planejamento familiar como referência para o Acre. Atualmente, 158 homens que passaram pelo planejamento familiar esperam ser chamados para fazer a vasectomia.

A solenidade da implantação do novo serviço na Policlínica contou com a presença do governador Tião Viana, do secretário de Estado de Saúde, Rui Arruda, funcionários da unidade e outros representantes da saúde. O governador frisou a importância do serviço na unidade e aproveitou para desconstruir alguns mitos quando o assunto é vasectomia.

“A expectativa com a implantação do serviço aqui na Policlínica, que deve zerar a fila até o fim do ano, é de que os homens façam mais. Eu já fiz a vasectomia há mais de 10 anos. Um ato de amor dos homens porque as mulheres não vão precisar mais usar anticoncepcionais, hormônio ou DIU [dispositivo intrauterino] se nós homens fizermos a vasectomia. Isso não afeta em nada nossa saúde, pelo contrário, deixa a gente em paz em saber que essa decisão é um gesto de amor”, pontua o governador.

Na Policlínica do Tucumã, as vasectomias serão realizadas às quartas-feiras. Ao todo, nas duas unidades, oito pacientes passarão pelo procedimento semanalmente.

Preconceito infundado – A vasectomia é um procedimento simples e rápido. Mesmo assim, muitos homens se recusam a fazer essa cirurgia porque imaginam que ela possa provocar distúrbios de ereção. O governador observa que esse pensamento está completamente errado, já que a vasectomia torna o homem estéril, mas não interfere na produção de hormônios masculinos nem em seu desempenho sexual.

“Isso é bobagem. Nós ficamos é mais animados para a vida”, brinca o governador ao responder sobre o medo dos homens em fazer a vasectomia e não ter mais uma vida sexual ativa.

O pintor profissional de 43 anos José Bastos, casado e pai de dois filhos, sabendo da implantação do serviço, procurou a Policlínica na manhã desta quarta-feira para dar entrada no processo para fazer a vasectomia. Ele conta que, mesmo sob pressão dos amigos, que disseram que sua masculinidade seria afetada após a cirurgia, ele resolveu passar pelo procedimento visando o bem-estar da esposa, que não pode mais engravidar.

“É preciso ter coragem, inclusive de enfrentar as chacotas dos amigos. Mas me informei sobre o procedimento, que é simples e não vai causar nenhum dano a minha saúde. Como minha esposa não pode mais engravidar, porque suas gestações foram de alto risco, decidi passar pela esterilização, que para ela seria muito mais complicado”, conta.

O médico responsável pelas cirurgias de vasectomia, o urologista Mauro Trindade, explica que a cirurgia leva em média 15 minutos, e que logo após o procedimento o paciente está liberado para voltar para casa, podendo ir trabalhar já no dia seguinte.

“A vasectomia é um procedimento relativamente simples, com anestesia local, levando em média 15 a 20 minutos. Terminou a cirurgia o paciente sai andando e vai para casa. O pós-operatório também é simples e a recuperação é rápida. O indivíduo já pode voltar a trabalhar no dia seguinte, se a sua função não demandar esforço físico”, esclarece o médico, que disse ainda que 160 vasectomias já foram realizadas no HC, que continua com o procedimento toda terça-feira.

Critérios legais – No Brasil, a lei do planejamento familiar (nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996) permite realizar a esterilização cirúrgica voluntária somente em algumas situações. No caso da vasectomia, em homens com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviços de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce.

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