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Desmatamento diminui, mas número de queimadas cresce no Acre

Dados do Instituto Nacional de pesquisas Espaciais (Inpe) apontam a redução de 34% do desmatamento ilegal no Acre entre 2016 e 2017. Em dez anos, a queda foi de 66%. Na Amazônia esse índice é ainda maior, registrando 70%.

Apesar dos índices expressivos, a fumaça que cobre a capital acreana mostra um problema que surge durante o período de seca: as queimadas. Além de prejudicar a saúde da população e o meio ambiente, os incêndios florestais emitem grande quantidade de gases-estufa.

Segundo levantamento do Corpo de Bombeiros, somente este ano foram registrados 2.912 incêndios ambientais na capital acreana. Em 2017, foram 3.759 incêndios de janeiro a dezembro.

Pesquisas do Inpe comprovam que a emissão de gases-estufa podem crescer até 50% nos anos de seca. O chefe da Divisão de Sensoreamento Remoto do Inpe, Luiz Aragão, explica que a estiagem facilita a propagação de incêndios. No Acre, o período mais crítico ocorre em setembro.

Para Aragão, uma das maiores preocupações é a falta de controle sobre como a população utiliza o fogo para abrir áreas para a agropecuária.

“O fogo é um processo usado tanto para o desmatamento, abertura de novas áreas, quanto para o manejo de áreas que já estão abertas, manejos de pastagens, entre outros. Na Amazônia, observamos um decréscimo de mais de 70%, mas os nossos estudos mostram que, as queimadas e as emissões de carbono que partem dessas queimadas para a atmosfera tem se mantido ou aumentado. Isso porque a floresta está cada vez mais fragmentada permitindo que o fogo possa escapar dessas áreas abertas e entrar nas florestas que não foram desmatadas”.

Sobre a massa de fumaça que cobre a cidade, o pesquisar afirma que parte da fumaça é oriunda de países vizinhos como a Bolívia. “Esse é problema trasnacional por que essa fumaça não tem borda. Mesmo que aqui não tivesse uso do fogo, a população poderia ser afetada pelos incêndios que ocorrem nos países vizinhos. Por isso, esse problema tem que ser atacado de uma forma combinada entre as diferentes nações”.

Durante esta semana, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de desastres Naturais (Cemaden) em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), o Instituto de Mudanças Climáticas, Universidade Federal do Acre, Inpe, e representantes da Bolívia e do Peru,trabalham na elaboração de um projeto que ajude a reduzir o índice de queimadas bem como os impactos causados pelo incêndios. Os estudos foram realizados ao longo de dez anos.

“O nosso objetivo é divulgar o resultado das pesquisas para influenciar os tomadores de decisões a atacar esse problema”, acrescentou.

Conseqüência das queimadas

Além dos impactos sentidos pela população, os incêndios ilegais afetam diretamente o ciclo hidrológico das florestas, segundo o pesquisador. O que compromete também a agricultura da região como explica Aragão.

“Quando o fogo entra na floresta também afeta o ciclo hidrológico, diminuindo a capacidade dessas florestas de prover água – o que de afeta de uma forma direta a agricultura. É um ciclo fechado. Por isso é essencial que se encontre um balanço entre o uso da terra e a manutenção do provimento dos serviços ecossistêmicos como água e a biodiversidade”.

Por fim, o pesquisador destaca que “o fogo é um fato que tem preocupado muito não só nessa região do Acre, mas na região Amazônica. Como o desmatamento na Amazônia diminuiu muitos acham que o problema está resolvido, mas o que a gente tem mostrado com as pesquisas é que associado ao desmatamento vem o efeito do fogo”.

 

 

 

 

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