O Acre tem avançado muito no tocante aos transplantes de órgãos, salvando várias vidas e obtendo destaque nacional. No entanto, um fator impede que o progresso seja ainda maior: a recusa familiar para a doação de órgãos. Para quem precisa de um transplante, nada é mais importante do que a solidariedade. Sem esse gesto de amor, os transplantes se tornam impossíveis.
No Brasil, o índice de recusa familiar é alto: 44%. No Acre, a situação é ainda pior. O Estado tem índice de cerca de 60% de possíveis doadores, mas que a recusa familiar obstam o transplante, sendo importante ressaltar o fato que um único doador pode beneficiar até 10 pessoas que aguardam por um transplante. Ou seja, um “não” pode ser a desesperança de 10 vidas. É um dos maiores percentuais do país.
“A doação é um ato voluntário onde as pessoas se declaram doadoras, no Brasil a doação é consentida e a forma de ser um doador é apenas avisar seu familiar sobre essa vontade. Por isso, precisamos conscientizar a população que nós mesmos podemos ajudar as pessoas do nosso estado, a decisão está em nossas mãos”, destaca a gerente da central de transplante, Regiane Ferrari.
Para incentivar e conscientizar sobre esse gesto de doação, no dia 27 de setembro é celebrado no Brasil o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos.
Mesmo com um alto índice de recusa e a dificuldade na logística em relação aos outros estados, o Acre já realizou 342 transplantes, sendo 40 de fígado, 210 de córneas e 91 de rins no Hospital das Clínicas. Proporcionalmente, o Acre é um dos dos estados do país que mais realiza o procedimento de fígado.
A distância do Acre em comparação aos grandes centros é outro fator que pesa na busca pelo aumento de doadores. Os órgãos possuem tempo específico para doação, deste modo, quando há notificação de um possível doador em outro Estado, a Central Nacional de Transplantes regula para o Estado mais próximo, considerando a vida útil do órgão. Deste modo, o Acre, em algumas oportunidades, deixa de fazer novos transplantes.
Critérios para doação de órgãos – Para ser doador não precisa deixar nenhum documento escrito. Basta apenas manifestar o desejo aos familiares, pois a doação de órgãos é feita mediante consentimento familiar.
O transplante é permitido apenas nos casos de morte encefálica, e são considerados possíveis doadores, aqueles que não possuem nenhuma doença infectocontagiosa, como HIV, Hepatites B e C, tumores, insuficiência nos órgãos, doenças degenerativas crônicas.
Os órgãos que podem ser transplantados são, córneas, coração, rins, pulmões, fígado, pâncreas, ossos, e cada um possui um tempo limite para a retirada e transplante para o novo corpo.