O filosófico existencialista Martin Heidegger (1889-1976) dizia que a queda do homem no plano das coisas do mundo desceria ao nível da inautenticidade e banalidade. Esta é uma situação em que a existência humana se distância de si, esconde a si mesma sua possibilidade própria e se abandona ao modo de ser anônimo. É um estado de “dejeção” em que o homem se caracteriza pela “tagarelice, pela curiosidade e pelo equívoco”. O termo dejeção se aplica de forma fenomenal aos dias de hoje. VIVEMOS a época da FALAÇÃO, das TAGARELICES e dos discursos FALACIOSOS ditos para enganar.
Essa conclusão se torna mais óbvia, neste momento de campanha política, notadamente nesta chegada final da corrida presidencial. Campanha, entre aspas, eivada de anarquismo e despautério, diria Odorico Paraguaçu. Alias, estamos tal qual a cidade fictícia de Sucupira: podridão, corrupção, devassidão, anarquismo, etc. Uma desmoralização total!!
Em sendo assim, cá estou, entre miríades de brasileiros, vestindo a carapuça de arauto do caos, sem o otimismo dos políticos e muito menos dos apóstolos religiosos do presente século, pródigos em fazer uso da pedagogia da promessa. Aqui estou, com minha postura crítica atrasada, embasadas nas vãs e repetitivas filosofias, perfilado a outros tantos mortais tupiniquins, que não mais suportam tantos equívocos e fanfarrice, ou bizarrice! É público e notório, de lado a lado, nesta famigerada ‘campanha’ que os valores morais admitidos ao longo de séculos, como: a solidariedade, a amizade, a lealdade, a honradez, e outros, estão sendo lançados no mais fétido de todos os esgotos.
“É público e notório, nesta famigerada ‘campanha’, que os valores morais admitidos ao longo de séculos, estão sendo lançados no mais fétido de todos os esgotos”
Adolfo Sanchez (1915-2011) filósofo e renomado escritor espanhol, diz que o progresso moral se mede, principalmente, pela ampliação da esfera moral na vida social. Essa ampliação se revela ao serem reguladas oralmente relações entre indivíduos que antes se regiam por normas externas, como as do direito, do costume, entre outras. O progresso moral se determina, ainda, pela elevação do caráter consciente e livre do comportamento dos indivíduos ou dos grupos sociais.
Também, não se pode negar que o pouco que resta, atualmente, de integridade moral, notadamente no campo dos “bons costumes” entre os homens, é remanescente da moral advinda da igreja, da família e da escola, que tinham um código moral unificador e que davam à conduta humana a maioria das regras do jogo da vida. Graças à iniciação, imitação ou instrução, transmitida pela igreja, pelos pais e pelos professores, a herança mental de grupo ou comunidades passou de geração a geração e chegou até nós, como instrumento que elevou o homem acima da pura animalidade.
Acontece que com o desaparecimento destes valores, alguns até questionados à luz de teorias sem qualquer senso ético, passamos a viver uma desmoralização desenfreada.
O mais “trágico” é ver pessoas de bem, jovens e adultos, se digladiando via WhatsApp e outro meios de comunicação instantânea. Como se não bastassem o cataclismo geológico e as profundas mudanças climáticas, bem como as epidemias quase incontroláveis, que assolam o mundo aqui e ali; Como se não bastassem à exaustão da terra madre que somados a escassez de recursos naturais, derivados do petróleo e de outras matérias-primas que tornam a vida nossa de cada dia mais difícil. Alem de todos esses tsunamis, nós os cidadãos de vida simples, envolvidos até a medula óssea com essa política partidária falida. Estamos descendo patamares ao nível dos que vivem a decadência mental e moral causada, especialmente, pelo mundo urbano cujo carro-chefe é a desordenada busca pelo “poder”, além do consumismo exagerado e sem controle.
No Iluminismo, acreditava-se que a idade da superstição e da barbárie estava a ser progressivamente substituída pela ciência e pela razão, atribuindo-se à história uma linha evolutiva de caráter moral. Triste engano, pois nem mesmo aquela “educação” moral de inculcar nas pessoas o medo às conseqüências da não observância da lei, não surte mais efeito. Uma lástima!
Francisco Assis dos Santos é Humanista
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