A Casa de Acolhimento Mãe nasceu há três anos, quando o esposo da autônoma Viucilene Rodrigues, 47 anos, venceu a luta contra a dependência química. A partir de então, a acreana decidiu se dedicar a cuidar de crianças e jovens, transformando sua residência em uma casa de acolhimento.
“Fiz uma promessa para Deus de que se Ele restaurasse meu esposo, eu iria ajudar mil crianças sem importar a idade, caráter ou circunstâncias em que elas estivessem”.
O ditado popular diz que “coração de mãe sempre cabe mais um” e retrata a realidade na casa de Viucilene. Crianças e jovens de 0 a 20 anos em situação de rua, abandono ou dependência química são acolhidas pela autônoma e seu esposo.
Viucilene trata a todos como filhos. Eles, por sua vez, possuem responsabilidade, como cuidar dos afazeres de casa em equipe, sempre ajudar o próximo, além de manter os estudos em dia.
“Se vier a mãe e o filho, eu pego os dois. Se vier a mãe grávida, eu pego a mãe e dou condição até a criança nascer. Vou aguardar o período até que a mãe possa trabalhar, se eu puder conseguir um emprego, vou correr atrás. Eu estava fazendo exatamente isso”, conta.
Contudo, em julho deste ano, o Conselho Tutelar juntamente com a Defensoria Pública proibiu o funcionamento da Casa até sua regulamentação. Ao todo, 26 crianças foram devolvidas às suas famílias para que o espaço fosse reformado. A previsão, segundo Viucilene, é de que as atividades retornem em janeiro de 2019.
“Quando eles [Conselho Tutelar] foram lá em casa disseram que o certo era levar todas as crianças, e que eu poderia ser presa. Mas eles viram que as crianças estavam bem cuidadas, estudando, com boas notas. Já tinham ido até a escola das crianças e investigado tudo, mas não vieram com nenhuma má referência”.
A autônoma conta, ainda, que durante o funcionamento da casa nunca pediu doações ou divulgou o trabalho feito com as crianças. A Casa, localizada na Estação Experimental, sempre sobreviveu de doações espontâneas.
“Eu pedia a Deus e dizia: Senhor, se tu mandou para minha casa, não vai faltar. Os pais das crianças, vez ou outra, visitavam a casa, levavam roupas, comida. E o que eu tinha em casa eu dividia em partes iguais, mas nunca deixaram de bater na minha porta e deixarem doações. Tudo foi proporcionado por pessoas que eu não tinha visto”.
Apaixonada pelas crianças, como os chama independente da idade, ela diz que a idade não influencia no desejo da juventude. “Eu tenho 47 anos, mas se você me chamar para brincar de casinha, eu vou. Eu adoro me sentir criança, de errar e poder consertar ou ser consertada”.