A queima na Amazônia é cultural e essa é a maior barreira dos órgãos ambientais, aponta o Instituto de Mudanças Climáticas no Acre (IMC). Por isso, a conscientização das pessoas também é fundamental para resolver o problema. No acumulado, segundo o Greenpeace, a Amazônia já perdeu cerca de 19,4% de sua cobertura florestal original.
O relatório avaliou os nove estados que compõem a Amazônia Legal e detectou que as queimadas se concentraram mais no oeste da Amazônia. No ranking dos estados, o Acre aparece no 7ª lugar em relação aos números de queimadas.
“As pessoas põem fogo, às vezes, só porque não querem ver um amontoado de folha no quintal, aí eles queimam o lixo e queimam tudo. Dados do Ibama apontam que esse ano a gente não teve fogo dentro da floresta, mas na borda, porém, o que ficou fora do controle foram as pessoas que decidiram colocar fogo no quintal e passou para a propriedade vizinha”, destaca a diretora técnica do IMC, Vera Reis.
Ainda de acordo com o Greenpeace, o Acre teve um aumento de 28% nos focos de calor. O período avaliado é de janeiro a setembro do ano passado e deste ano. Os dados mostram que esse ano foram registrados 6.190 focos de calor, enquanto no mesmo período do ano passado foram 4.833.
Ações são definidas por força tarefa
Vera explica que todas as terças são feitos relatórios que são distribuídos para os órgãos ambientais do Estado. Com isso, são definidas ações de combate nos pontos de queimadas.
“Esse trabalho é chamado de força-tarefa. A gente baixa os dados, acompanha, monitora e, a partir desses dados, a gente faz produtos da sala, os boletins e relatórios diários e toda terça-feira reportamos isso para os gestores da força-tarefa, que decidem onde vão atuar”, explica.
Fazem parte desse trabalho, o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e também Batalhão Ambiental.
Baixas temperaturas agravam o problema
A diretora ressalta ainda que as altas temperaturas aliadas à baixa umidade relativa do ar contribuem para que o fogo se alastre com mais rapidez.
“A gente pede que as pessoas não queimem, porque mesmo que você tente fazer um fogo em casa, ele pode sair do controle. Na primeira semana de setembro, culminando com o dia 7 de setembro, a partir do dia 5, nós tivemos muitas queimadas e muita fumaça. Dia 4, o pico de material particulado foi mais de 220 microgramas/m3, quando, na verdade, 25 microgramas/m3 é o limite”, relembra.