Nesta terça-feira, 23, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal tornou em definitivo o senador Jorge Viana inocente das acusações sobre prestações de contas vinculadas à eleição de 2010, dele e do governador Tião Viana. Com a decisão, foi arquivado em definitivo o processo de investigação que já tinha liminar contrária proferida pelo ministro Gilmar Mendes.
À tarde, o senador subiu à tribuna do Senado e registrou que esse foi o melhor presente que poderia receber: sua inocência comprovada e a sua honra resgatada. “Pena que isso veio depois da eleição; pena que veio depois de mais de um ano da morte do meu pai. Mas isso vale para os meus netos, para as minhas filhas, todos da minha família, especialmente os amigos e o povo acreano. Nunca precisei de mandato para me proteger”, declarou o parlamentar.
Jorge Viana foi prefeito de Rio Branco, governador do Acre por dois mandatos (de onde saiu com os mais altos índices de aprovação), depois foi eleito senador em 2010, onde procurou manter um mandato atuante, ganhando respeitabilidade de lideranças de todo o país, inclusive dentro do Senado Federal, onde foi vice-presidente por quatro anos e o único parlamentar do Acre eleito por oito anos consecutivos como um dos Cem Cabeças do Congresso pelo Diap. Com toda essa bagagem na vida pública, ele deixou claro que mesmo tendo perdido a última eleição, quer continuar ajudando o Acre e o Brasil com sua experiência política. Disse que não tem ressentimento com o resultado das urnas e fez questão de desejar sorte aos eleitos, mas que se preocupa com os eleitores.
“Está havendo muita manipulação de informações. No meu caso, fico triste de ver que adversário usaram fake news durante toda a campanha, versões falseadas para atingir a minha honra, especialmente junto a uma nova geração de acreanos que não conhece a minha história política de verdade. Atualmente, mais de um terço da população não viveu esses tempos de mudanças que ajudei a construir”, relatou Jorge Viana.
O senador fez questão de dizer que o que mais lamenta nas eleições é o mau uso das redes sociais. “Como dizia o chefe da propaganda de Hitler: uma mentira repetida muitas vezes vira verdade”, alertou.
Nesse sentido, ainda nesta terça-feira o senador Jorge Viana, acompanhado dos senadores Cristovam Buarque, Otto Alencar e Randolfe Rodrigues, esteve em uma audiência com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber. A audiência foi pedida por um grupo suprapartidário de senadores que têm influência no Senado Federal para levar a preocupação com as denúncias de fake news no processo eleitoral.
“A conectividade hoje é usada para o mal, para destruir reputações. Usada inclusive para tentar manipular o resultado das eleições”, afirmou Jorge Viana. Durante a audiência, que durou mais de uma hora, o senador acreano fez questão de deixar claro que não foram lá reclamar de resultado de eleição. Foram mostrar preocupação e cobrar uma ação sobre as tentativas de manipulação do eleitor. “Está havendo uma nova forma de compra de voto, com a contratação de empresas que, usando robôs, se organizam de maneira criminosa para distribuir mensagens falsas durante a campanha em todo o Brasil”, alertou.
A ministra Rosa Weber deixou claro que existem hoje seis investigações em andamento nas mãos da Polícia Federal e órgãos especializados na área para apurar manipulação de dados buscando favorecimento de candidatos.
“O melhor que podemos ter é uma apuração transparente e enérgica sobre se houve crime, quem praticou e qual o tamanho do dano”, disse o parlamentar. A evidência deixada pelos senadores da provável ocorrência de crime foi a notícia de que as próprias empresas como Whattsapp e Facebook baniram milhares de contas falsas que atendiam interesses de contratos ilegais de caixa dois para beneficiar determinados candidatos e prejudicar outros.
Os senadores deixaram claro também a preocupação com as ameaças ao Supremo, de fechamento da principal Corte de Justiça do país, e a agressão contra membros que compõem o STF, Ministério Público, e que isso põe em risco a democracia brasileira. “O TSE vai levar adiante essas investigações e, de certa forma, isso inclui o Brasil no mapa de eleições sob suspeição, como acontece hoje nos Estados Unidos e em outros países da Europa. Cada vez mais evidente que houve uma ação criminosa organizada manipulando redes sociais e perfis falsos para destruir pessoas e atingir candidaturas”, reforçou Jorge Viana.