“Entretanto, é inegável, existe uma ferrenha crítica social que remonta os tempos de lutas do eterno canto dos aflitos”
Aludindo ao mês da Consciência Negra, a IES Sinal Faculdade de Teologia e Filosofia realizou, nos dias 10 e 17 deste mês, o Seminário de História e Cultura Africana e Afro- Brasileira.
Este Seminário, com amparo legal nos termos da Lei nº 9.394/96, nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, Resolução CNE/CP nº 1/2004, fundamentada no parecer CNE/CP nº 3/2004, para a Educação das Relações Étnico-Raciais; Cultura Africana; Cultura Indígena e Afro-Brasileira, oportunizou atividades complementares que consistem na participação, especialmente do acadêmico de cursos de graduação/bacharelado, em pesquisa de iniciação científica e eventos acadêmicos culturais.
O evento, dado a exiguidade do tempo, abordou dois temas centrais: África, Raízes da Nossa História, subdivido em: A expansão do Islã pela África; A África Subssariana e; Etnias da África Negra. Nesta temática, com a condução do professor Alexandre Cordeiro Barreto, a avaliação que se faz, de forma óbvia, da grande África com capacidade geográfica, em extensão territorial, de caber quatro (04) continentes do tamanho do Brasil, é a de que vão ser necessários décadas e mais décadas, sem fim, de Consciência Negra, para minimizar, neste mundo à parte do Planeta Terra, os sofrimentos e as barbáries vividas em alguns países e republiquetas africanas. É uma eterna ausência de qualidade de vida, protagonizadas por guerrilhas idiotas, causando devastação, sem trégua, notadamente nas regiões do “Chifre da África”, tendo como centro do “conflito” a Etiópia e a Somália. São miríades de anos de tirania política e sincretismo religioso.
No tema “A Escravidão no Brasil: Aspectos Geográficos, Sociais e Culturais”, com a regência do professor Arivaldo D’Avila de Oliveira, centramos o nosso pensar em velhas querelas do país tropical. Aliás, lê-se nas melhores enciclopédias, que a nação brasileira surge na história vítima de um processo de colonização que nutriu a tese obscura de uma hierarquia de raças na qual índios e, especialmente, os negros ocupariam as últimas posições. De lá até aqui tem havido pouco avanço em relação a essa realidade que enxerga o negro pelo prisma do preconceito de raça.
Entretanto, é inegável, existe uma ferrenha crítica social que remonta os tempos de lutas do eterno “canto dos aflitos” encarnado na pele pelo fenomenal Castro Alves (1847-1871), o poeta dos escravos:
“Meus leões africanos, alerta!
Vela a noite… a campina é deserta.
Quando a lua esconder seu clarão
Seja o bramo da vida arrancado
No banquete da morte lançado
Junto ao corvo, seu lúgubre irmão.
Cai, orvalho de sangue do escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz.”
Portanto, este Seminário, de forma incipiente, foi e é um leve esboço do muito que ainda devemos fazer em prol da “inserção” da cultura africana e afro brasileira na sociedade contemporânea. É a contínua luta pela igualdade e pela justiça, especialmente pelo viés de políticas públicas e privadas de reparação da instabilidade entre diferentes grupos sociais.
Francisco Assis dos Santos é humanista.
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