Em postagem na sua página no Twitter, na quinta-feira, 1, o senador Jorge Viana (PT) criticou o juiz federal Sérgio Moro por aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para chefiar o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Viana questionou a decisão do magistrado. “Tudo dominado! Crime ou recompensa?”. Em outra postagem, Viana reforçou a tese de que a prisão do ex-presidente de Lula, cujo responsável foi Sérgio Moro, ocorreu em decorrência de um jogo de caratas marcadas. “Alguma dúvida sobre o jogo de cartas marcadas???”.
Um dos principais defensores de Lula, em pronunciamento no Senado Federal, em março deste ano, o senador acreano chegou a salientar que quem mereceria ser investigado eram os magistrados que condenaram o ex-presidente.
“Tenho uma relação de respeito com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas vocês acham que esse Judiciário brasileiro tem coragem de fazer com o presidente Fernando Henrique o que está fazendo com o presidente Lula? Ele pagou, numa cooperativa, R$ 205 mil por um apartamento, desistiu do apartamento, nunca ocupou o apartamento — nunca! E um juiz de primeira instância, que deu todas as manifestações de mau uso da justiça e de perseguição com o presidente Lula, combinado com um tribunal regional de cartas marcadas… Se houvesse uma justiça séria no Brasil, [eles] iam ser objeto de investigação, eles, sim — disse Jorge Viana a época.
Convite a Moro
Bolsonaro e Moro reuniram-se na manhã de ontem e, após longa conversa, o magistrado, por meio de nota, confirmou o convite feito pelo presidente eleito. Ao relatar que aceitou a proposta, Moro disse que sente-se honrado em ter sido lembrado e que vai “consolidar os avanços contra o crime e a corrupção”.
Moro disse, ainda, que aceitava o cargo com “certo pesar” pois terá que abandonar a carreira de juiz após 22 anos de magistratura. “No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão”, escreveu Moro.
Segundo o juiz, a Operação Lava Jato seguirá em Curitiba “com os valorosos juízes locais”. Ele disse que desde já vai se afastar de novas audiências.
Com a decisão de se afastar do Judiciário, Moro não vai mais interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – o petista seria ouvido em 14 de novembro.