Já dizia meu poeta preferido Bráulio Bessa: “Quando a vida bater forte e sua alma sangrar, quando esse mundo pesado lhe ferir, lhe esmagar, é hora do recomeço, recome a lutar”.
É com uma estrofe do poema “Recomece” que consegui imaginar numa forma de diminuir a dor de uma família que perdeu tudo. A dona de casa Lindalva de Souza, moradora da zona rural de Sena Madureira, perdeu a casa em que morava e teve 60% do corpo queimado após uma explosão pelo uso de um fogão a álcool.
Ela, o filho e o esposo perderam tudo que lutaram anos para construir. Uma casinha feita de madeira e de palha, mas que aquecia e protegia a família das intempéries. Não consigo nem imaginar a dor e desespero da família, mas penso que é nesses momentos que precisamos de força para recomeçar.
Recuperar a fé, a esperança, a alegria, a força, os sonhos, e recomeçar. Recomeçar do zero porque é durante a tempestade que aprendemos a dar valor aos dias de sol. São os dias tristes que nós fazem pensar nos felizes. É preciso sentir dor para saber o valor da nossa saúde.
“Recomeços são uma nova chance de fazer dar certo. Seja lá qual for seu sonho, recomece a sonhar”
O caso de dona Lindalva é apenas um entre inúmeros que estão em leitos de hospitais, nas ruas, unidades prisionais, casas de reabilitação ou até mesmo em casa. Não existe lugar certo para inícios e finais de ciclos, assim como não existe hora ou lugar para recomeçar.
Recomeçar um projeto parado ou uma dieta que não deu certo. Recomeçar a guardar dinheiro ou o curso de inglês. Recomeçar a reforma da casa ou uma amizade esquecida. Recomeçar a aula de dança ou a arrumação no guarda-roupa. Recomeçar a pensar em mudar de país ou recomeçar um relacionamento.
Você pode achar que recomeçar é sinal de fraqueza, mas para existir recomeço é preciso existir um final. Recomeços são uma nova chance de fazer dar certo. Seja lá qual for seu sonho, recomece a sonhar.
Bruna Mello é jornalista