A equipe do jornal A Gazeta conversou com o governador eleito Gladson Cameli (PP). Eleito com 53,71% dos votos válidos, Cameli superou o petista Marcus Alexandre, seu principal adversário na disputa, que ficou em segundo lugar, com 34,54%.
Engenheiro civil de formação, o novo governador do Acre nasceu em Cruzeiro do Sul, interior do estado, em 1978. Ele é sobrinho do ex-governador Orleir Cameli, que esteve à frente do Executivo acreano de 1995 a 1998. Iniciou sua carreira política no antigo PFL (agora, DEM).
Candidatou-se a um cargo eletivo pela primeira vez em 2006, aos 29 anos. Naquele ano, conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados já pelo PP. Foi reeleito na eleição seguinte. Em 2014, foi eleito senador.
Na entrevista, Gladson falou sobre a transição do governo, a escolha de seus secretários e sobre como pretende governar o Acre, em especial nas áreas de Segurança Pública e Saúde.
E sobre a eleição da mesa diretora na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o governo eleito frisa que é natural que o próximo presidente da Casa seja do Partido Progressista.
“É natural que a nossa base tenha a presidência da casa. Não apenas porque somos a maioria, mas também porque representamos um governo escolhido pela população. O novo presidente terá uma missão difícil. Terá que ter experiência, capacidade de negociação e diálogo, a confiança do governo e dos seus colegas deputados além de seriedade para conduzir um orçamento importante”, disse.
Confira a entrevista:
A GAZETA – O senhor montou uma equipe bastante qualificada para trabalhar na transição do governo. Como tem ocorrido esse processo?
Gladson Cameli – Com muita tranquilidade e responsabilidade. Nossa equipe é coordenada pelo advogado e futuro chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade, e composta ainda por uma engenheira civil, um doutor em Economia, um bacharel em administração e um mestre em desenvolvimento regional. Pelo Decreto assinado pelo atual governador, Tião Viana, oficialmente a transição iniciou na última sexta-feira, dia 09 de novembro, mas já havia sido realizada a primeira reunião operacional das equipes do atual e novo governo na terça-feira (06) e muitas informações já estão sendo trocadas com intuito de acelerar o processo de transição. Como tenho dito, agradeço a cordialidade do governador Tião Viana e sua equipe técnica. Esperamos concluir esse trabalho até o dia 10 de dezembro e, diante da realidade dos dados, darmos início a reforma administrativa que pretendemos fazer no estado.
A GAZETA – O senhor assume a chefia do Estado depois de um governo de 20 anos do PT. Diante de tantas demissões e a venda de diversos prédios públicos, o senhor não temer pegar um Estado em frangalhos?
Gladson Cameli – Iniciamos o trabalho de transição com nossa equipe técnica há poucas semanas. Assim que tivermos os números exatos, a primeira coisa a se fazer é dividi-la com o cidadão. Até porque essa é uma norma do nosso governo: transparência, competência e seriedade. O que sabemos é que o atual governo prevê um corte de 85 milhões nas receitas do estado. Ou seja, teremos menos dinheiro para fazer o que for necessário. Não vamos promover caça às bruxas ou perseguir ninguém. Esse é um ponto que colocamos já durante a campanha. Mas vamos estudar cada ação para que o estado não seja prejudicado. Vamos levantar os números, dividir com a população e, caso tenha alguma irregularidade, isso será repassado às autoridades responsáveis.
A GAZETA – Como está a estruturação da sua equipe de governo? Dois secretários já foram anunciados. Mais algum nome definido?
Gladson Cameli – Estamos trabalhando, conversando e definindo nomes capacitados tecnicamente e dispostos a trabalhar para servir o Acre. Além do chefe da Casa Civil, o advogado Ribamar Trindade, anunciamos a secretária de Comunicação, jornalista Silvania Pinheiro e o futuro secretário de Infraestrutura, o engenheiro civil Thiago Caetano.
A GAZETA – Como tem sido o processo de escolha de seus secretários?
Gladson Cameli – Com diálogo e análise da capacidade técnica e compromisso por parte daqueles que estarão compondo nosso secretariado.
A GAZETA – Com relação aos partidos que o apoiaram ao longo do processo eleitoral, existe a possibilidade de “loteamento” das secretárias, conforme aconteceu nas gestões da FPA?
Gladson Cameli – O governo não pertence a mim nem aos partidos. Pertence a população. Portanto, vou montar uma equipe técnica, que atenda a população. É claro que os partidos têm em seus quadros gente competente para ajudar nesse desafio e pretendemos utilizá-los. Mas o principal critério será a competência, capacidade e seriedade de cada um. Os partidos servem a população e não o contrário. Foi para isso que as pessoas nos elegeram, para fazer diferente.
A GAZETA – Depois de eleito, o senhor pontuou sobre uma possível reforma administrativa. Vai acontecer? Podemos esperar uma máquina enxuta?
Gladson Cameli – Sim. A reforma é necessária para equilíbrio do estado e para que posteriormente possamos pensar em investimentos para melhorar a vida da população. Trabalharemos com o que for necessário para garantia dos serviços prestados ao cidadão acreano e consequentemente em políticas públicas que devolvam ao Acre desenvolvimento econômico e social.
A GAZETA – Os maiores gargalos do Estado são a Segurança e Saúde. Como seu governo pretende trabalhar essas duas áreas?
Gladson Cameli – Nossas propostas de campanha não eram apenas para fantasiar o programa eleitoral, mas para pedir aos acreanos uma oportunidade para poder resgatar a dignidade, a segurança, o respeito da nossa gente. Uma das prioridades da segurança pública é aumentar o orçamento para o setor, investindo em contratação de novos policiais concursados, fardamentos, equipamentos, e ainda a criação de programas que possibilitem o combate ao crime com propostas que contemplam medidas a curto, médio e longo prazo. Quanto a saúde, não temos dúvida que é um setor essencial para qualidade de vida da população. Para isso, é indispensável o investimento na prevenção e ainda a eficiência e resolutividade na assistência ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade. Precisamos de uma reestruturação geral no sistema de saúde e segurança do estado, e estamos prontos para trabalharmos juntos pelo bem do nosso povo.
A GAZETA – Eleição da Aleac. A vaga de presidente fica com o Partido Progressista?
Gladson Cameli – Confio muito no equilíbrio entre os poderes e quero ter com o legislativo estadual uma relação de parceria. É natural que a nossa base tenha a presidência da casa. Não apenas porque somos a maioria, mas também porque representamos um governo escolhido pela população. O novo presidente terá uma missão difícil. Terá que ter experiência, capacidade de negociação e diálogo, a confiança do governo e dos seus colegas deputados além de seriedade para conduzir um orçamento importante. As discussões atuais servem para isso, para que os deputados possam decidir em acordo quem reúne as qualidades necessárias para o cargo. Quero uma Assembleia com autonomia. Mas é certo que vamos acompanhar esse processo.
A GAZETA – No próximo dia 14 o senhor tem uma reunião com o presidente eleito Jair Bolsonaro. Quais pautas pretende abordar?
Gladson Cameli – Sim. Estaremos com o novo presidente da República, Jair Bolsonaro e todos os governadores do Brasil na próxima semana, e nossa expectativa é de que o Acre receba um olhar diferenciado para todos os setores, mas principalmente na segurança pública e na saúde, aonde precisamos de investimentos emergenciais para conter o caos em que se encontram. Temos muitas pautas prioritárias, mas a principal será o Pacto Federativo, onde acreditamos que o Acre deve ser tratado de maneira que o orçamento do Governo Federal atente para as necessidade e peculiaridades da nossa região.
A GAZETA – O que esperar do governo federal com relação ao Acre?
Gladson Cameli – O Brasil inteiro decidiu mudar, e por isso temos um novo presidente eleito, que não representa direita ou esquerda, representa a decisão do povo brasileiro. Como todos que acreditaram na mudança aqui no Acre, esperamos um governo que honre a confiança do eleitor e faça as reformas que o país tanto precisa. Além disso, esperamos que nossa bancada federal continue sendo respeitada e atendida na busca pelos interesses do nosso estado, que nada mais são do que os interesses da população acreana.
“A reforma é necessária para equilíbrio do estado e para que posteriormente possamos pensar em investimentos para melhorar a vida da população”.