A Polícia Civil divulgou, nesta quarta-feira, 31, um vídeo em que Clenilton de Souza, de 26 anos, e Francimar da Silva, de 27, aparecem torturando um morador do bairro Taquari, em Rio Branco. Segundo a polícia, as imagens foram feitas dois dias após a dupla matar os três adolescentes que desapareceram após saíram da Expoacre no dia 5 de agosto e foram achados mortos.
O delegado Roberth Alencar, da Coordenação de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core), explicou que as imagens foram extraídas do celular de um dos presos que passou por perícia.
No vídeo, um deles está armado e o carro usado para chegar até a casa da vítima foi o mesmo usado na morte dos adolescentes. O veículo foi apreendido pela polícia.
“Eles definiram que o morador não estava dentro das regras que eles definiam – pois, o morador havia praticado pequenos furtos – foram até a casa da vítima e o torturaram com arma de fogo, pedaços de madeira, agrediram a mulher dele e o cliente que estava dentro da oficina no momento. Utilizaram o carro próprio deles para ir até o local, que o mesmo usado para matar os adolescentes”, relatou Alencar.
Alencar explicou que um procedimento autônomo foi instaurado para investigar tortura e quatro pessoas foram indiciadas, entre eles Souza e Silva. Além disso, o terceiro envolvido que foi preso e apresentado pela polícia nesta quarta, 31, Amauri Sandro da Lima, de 53 anos, também foi indiciado por tortura.
“Eles gravavam as torturas para mostrar para outros os moradores e colocar nos grupos de facções para mostrar como fazem. Eles torturaram esse morador dois dias após um crime tão grave. Eles continuaram o domínio territorial. Essas organizações criminosas atuam nos bairros coagindo os moradores, cobrando valores que eles alegam ser uma mensalidade par prestar segurança no bairro, obrigam as pessoas a encobrir a prática de crimes e tudo aquilo que pode fomentar o domínio territorial realizado pelas facções”, relatou.
Protesto de familiares
O delegado Rêmulo Diniz, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também falou sobre o ato de familiares e amigos de Clenilton de Souza, de 26 anos, no último dia 23 de outubro.
Os familiares alegam que Souza não tem participação na morte dos três adolescentes assassinados após saírem da Expoacre.
“A polícia teve uma investigação linear e imparcial e não tem interesse pessoal em prejudicar ninguém. As provas são apresentadas ao Judiciário que vai julgar”, destacou.
Diniz destacou que o protesto é um direito dos familiares, mas que possuem provas que contrapõem os argumentos levados por eles. Além disso, afirma que a polícia não agiu de forma ilegal e que possuem provas contundentes de que a dupla praticou crimes graves, incluindo crimes hediondos e tortura.
“Lógico que entendemos e não impedimos a manifestação, mas fica claro com mais esse trabalho que a DHPP e a polícia como um todo, por meio das perícias técnicas, não trabalham para prejudicar A ou B e sim para buscar justiça com casos concretos de prática de crimes”, destacou.