Hoje o mundo, o Brasil e as pessoas são assoladas pelo medo de assaltos, às vezes com morte, de balas perdidas e de atentados terroristas. Indo mais a fundo na questão, há que se reconhecer que esta situação generalizada de medo é a consequência última de um tipo de sociedade que colocou acumulação de bens materiais acima das pessoas e estabeleceu a competição e não a cooperação como valor principal. Ademais escolheu o uso da violência como forma de resolver os problemas pessoais e sociais. Sem falar esquecimento de Deus, tão atual entre nós.
Em nossa realidade, vemos os jovens e adultos com medo de decidir-se por algo, de tomar uma decisão definitiva, pela qual somente ele vai arcar com as consequências. Muitos buscam pessoas, palavras e sinais para confirmar a sua vocação, o que, em muitas situações, pode significar o desejo de responsabilizar alguém pelas suas atitudes. O jovem tem medo de decidir-se por sua vida. E o medo é o avesso da coragem, ou pode ser confundido com uma depressão. Mas não vamos falar sobre este tema aqui.
Numa sociedade onde esta lógica se faz hegemônica, não há paz, vigora sempre o medo de perder, perder um bom emprego, um bom relacionamento, de consagra-se a Deus, ou ainda perder mercados, vantagens competitivas, lucros, o posto de trabalho e a própria vida. O medo da desgraça é pior do que a desgraça. O medo de sofrer é pior do que o sofrimento. É natural ter medo, é algo humano, mas devemos enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida, pois o medo, tem matado muitas vocações.
O que determina a paz no barco não é a ausência da tempestade lá fora, mas a presença de Jesus do lado de dentro (São Mateus 8.23-27). Jesus nos prometeu uma paz que o mundo não pode dar (São João 14.27), no entanto, afirmou, também, que no mundo teríamos aflições (São João 16.33). Paz não é a ausência de problemas e aflições, mas é uma dependência completa do cuidado de nosso Pai.
Jesus Cristo em sua Palavra nos diz: “Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais” (Evangelho de São Lucas 12,7). Dizem que, na Bíblia, a expressão “não tenhais medo” está escrita 365 vezes. Isso significa que, para cada dia no ano, temos de nos lembrar de que podemos vencer esse inimigo e vencer os medos.
Existem muitos tipos de medos: medo do passado, do presente, do futuro; medo de pessoas de dentro de casa e fora dela; medo de solidão, de multidão; medo da violência em nosso bairro; medo de chegar em casa; medo de morrer, de viver; medo de homem, de mulher; Medo de escuro; medo de cara feia, (risos). Existem pessoas que têm medo de quem está vivo, outras de quem está morto. Alguns ainda, com medo da traição, outros da paixão; outros com medo do perdão (dar ou receber); alguns com medo de falar, outros com medo de calar; alguns com medo do conhecido, outros, do desconhecido. Enfim, são muitos os tipos de temor e escrever uma lista de todos seria algo quase impossível.
Com isso, lembramos sempre de várias passagens bíblicas que retratam o medo: a mulher do fluxo de sangue; Pedro andando sobre as águas; a própria angustia e medo que o Senhor sentiu no monte da Oliveiras. Enfim, temos muitas outras passagens bíblicas que foram superadas pela confiança no Senhor. Em vez de ficarmos pensando em nossas fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários, pensemos como o salmista: “ O Senhor é a minha luz e a minha salvação. A quem temerei?” (Salmo 26,1) ou mesmo em São Marcos 9, 23: “Não temas, crê somente”. Ou ainda: “Coragem! Eu venci o mundo” (São João 16,33). “Não tenhais medo, Eu estou convosco” (São Marcos 6,50c e São Mateus 28,20). Quem confia em Deus não precisa ter medo! Faça suas orações; busque um sacerdote para uma boa confissão ou mesmo para uma orientação espiritual; leia a Palavra de Deus; participe com alegria da Missa em sua paróquia ou comunidade, reze o santo terço, tenha um coração agradecido sempre.
Confiarmos em Jesus. Diga a Ele: Jesus, eu confio em Vós. Vós sois a Minha força, vós sois a minha defesa. E confiando em vós, eu jamais serei derrotado, pois todos os meus inimigos já foram derrotados, já foram subjugados e pisados pelos seus pés. Jesus, eu confio em Vós. Amém. Coragem a você que parou para ler este artigo. Paz e Bem!
Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Bom Jesus do Abunã em Plácido de Castro – Acre.
Assistente Espiritual do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular – OFS, encontro todo 3º domingo do mês, na Paróquia Santa Inês, às 7 horas. (Em dezembro e janeiro 2019: Recesso)