A Polícia Federal divulgou na terça-feira, 18, conversas do celular do deputado federal eleito preso, Manuel Marcos. Nas mensagens enviadas pelo WhatsApp o vereador pede dinheiro para comprar cestas básicas e distribuir entre pastores da região do Alto Acre.
“Estou querendo dar uma ajuda aos pastores aqui do interior do Alto Acre, queria ver se você poderia liberar uma ajuda pra mim”, diz Marcos a Thaisson de Souza Maciel, que seria um laranja, dono da empresa de fachada usada para imprimir o material da campanha.
Em seguida, Thaisson pergunta como o vereador gostaria de fazer a negociação. “Ou o senhor prefere falar pessoalmente?”.
Em outro momento, Marcos pede R$ 1 mil para pagar o conserto do carro de um pastor. “Thaisson, boa noite gostaria de ver com você qual a possibilidade de nois (sic) pagarmos o conserto do carro do pr. Sandro no valor de ER$ 1 mil é um pedido que o Bispo me fez, ver com o Diegão ok”, escreveu.
Outras diversas conversas mostram pedidos e transações de pagamento entre os dois acusados.
O presidente da Câmara e a deputada estadual Dra. Juliana foram presos pela Polícia Federal na Operação Santinhos. Outras seis pessoas também foram presas preventivamente, entre eles, o diretor do Procon Acre e filho de Juliana, Diego Rodrigues, e Yargo Rodrigues, também filho da parlamentar.
O grupo é acusado de praticar crimes, como abuso de poder político e econômico, gastos ilegais de verbas de financiamento de campanha e compra de votos, desviando verbas do Fundo Partidário Fundo Especial de Financiamento de Campanha Eleitoral destinados aos candidatos do Partido Republicano Brasileiro (PRB) no Acre.
O advogado Odilardo Marques, que atua na defesa do deputado eleito, afirmou que ainda não teve acesso ao material. Somente após ter acesso ao inquérito à defesa deve se pronunciar.
Já a defesa de Juliana informou que o habeas corpus pedindo a liberação dos parlamentares está sob a relatoria do juiz Marcos Antônio Motta, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AC).
O advogado Kaio Marcellus diz que não acredita no impedimento da diplomação dos políticos. Na semana passada, o Ministério Público Eleitoral, por meio da Procuradoria Regional Eleitoral no Acre, entrou, junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AC), com ação judicial para impedir a diplomação dos parlamentares.
Segundo o advogado, não há na legislação eleitoral nenhum impedimento ou causa de inelegibilidade de quem é investigado em inquérito policial, já que a deputada reeleita não possui ação penal condenatória por crime eleitoral.
“O pedido liminar do MP não tem previsão legal e o que é pior é pode tumultuar o resultado das urnas, pois se ao final ficar provado à inocência dos investigados os prejuízos institucionais não serão reparados e o voto do eleitor será desrespeitado, fragilizando o sistema democrático”, acrescenta.
Compra de voto
Além das conversas entre Marcos e Taisson, também foram encontradas mensagens trocadas com o diretor Procon, Diego Rodrigues. Em uma das conversas, o filho da Drs. Juliana pede que o vereador gasolina para uma pessoa. Segundo a polícia, o combustível seria troca por votos.
“Meu bom, eu fiquei de arrumar 50 litros de gasolina pra ele. E eu tô (sic) torrando de tudo, até sem crédito estou hoje. O senhor tem como me arrumar essa água?”. Marcos pede que Rodrigues vá até a cada dele.
A polícia informou que também foi encontrado, em um dos quartos da casa de Marcos, documentos descritos com nomes, cargos e valores. O documento, intitulado ‘Repasse de todos’, mostra o nome e o valor que seria pago.