“A questão da mudança climática não é uma questão de opinião. Ela é real”. O alerta foi feito pelo senador Jorge Viana que, como relator da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional, participa da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Katowice, na Polônia. Para Jorge Viana, o mundo “não tem escolha” senão viabilizar iniciativas concretas para limitar o aquecimento global, que já causa efeitos nas economias e na sociedade.
Nesse sentido, o parlamentar tem participado de várias audiências e encontros durante a conferência, especialmente na busca de mais investimentos para a política ambiental brasileira, com foco na Amazônia. Uma das agendas da comitiva brasileira foi realizada nesta terça-feira (11) com um grupo de congressistas da Noruega, para debater a parceria entre os países no Fundo Amazônia. Foi o segundo encontro com esse teor no evento das Nações Unidas que discute as mudanças climáticas globais. Antes, na segunda-feira (10), a conversa foi com parlamentares da Alemanha.
Os dois países europeus estão entre os principais investidores do Fundo. Gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Fundo Amazônia é um canal de financiamento de projetos de conservação e sustentabilidade. Atualmente, 102 iniciativas são apoiadas pelo programa, somando mais de R$ 1,8 bilhão aportados.
O apoio internacional é crucial para o funcionamento do fundo, mas a sua manutenção depende de transparência e de resultados. O diálogo entre os parlamentares serviu para que o grupo brasileiro agradecesse o apoio prestado e garantisse que os esforços serão mantidos no futuro. O senador Jorge Viana afirmou que o país terá muito a lucrar se aprimorar esforços pelas metas de preservação ambiental e defendeu que o movimento ambiental precisa ser fortalecido a partir da sociedade civil.
“Vamos ter que ter uma mudança nesse diálogo, porque muito provavelmente o modelo que vai vir será bem diferente do que nós tínhamos até aqui. Isso vai nos exigir uma adaptação, buscar outros caminhos para seguir em frente com o propósito de valorização de nosso ativo mais poderoso que são os recursos naturais, a biodiversidade e a floresta. Eu vou seguir nessa luta, mesmo sem mandato. Acho que as cooperações precisam ser mantidas, ampliadas, agora com maior envolvimento da sociedade civil e com foco ainda maior na economia. Quanto mais essa política se transformar em geração de renda para os pequenos produtores e populações tradicionais, mais força terá esse desafio”, afirmou.
Para os parlamentares brasileiros que participam da COP, a retirada do Brasil para sediar a conferência no próximo ano foi um retrocesso. “A mudança climática não é uma mudança de opinião, muito menos ideológica. É uma questão econômica. Agora, mais do que nunca, vamos precisar que sociedade civil se manifeste e que o Congresso brasileiro possa ter um papel mais ativo ainda, já que há uma manifestação do governo eleito de ser cético às mudanças climáticas e ao próprio Acordo de Paris. Não se trata de uma opção política. O mundo não tem escolha”, reafirmou Jorge Viana.
O senador Jorge Viana também falou sobre o descontentamento com a transferência da Fundação Nacional do Índio (Funai) para a estrutura do recém-criado Ministério dos Direitos Humanos. Dessa forma, o órgão deixa a supervisão do Ministério da Justiça. O protesto foi apoiado pelos presentes no evento parlamentar coordenado pelo senador acreano.
Livro de regras – A COP-24 deve fechar o “livro de regras” do Acordo de Paris, com as instruções para que cada país signatário (195 ao todo) regulamente e coloque em andamento as suas contribuições. Além disso, o documento também servirá de guia para o auxílio financeiro que os países desenvolvidos devem prestar aos demais.
Da Conferência do Clima, na Polônia, Jorge Viana segue neste próximo fim de semana para o Acre, onde irá participar da programação dos 30 anos sem Chico Mendes, onde pretende reafirmar seu compromisso de continuar lutando por uma economia de baixo carbono, com geração de renda e valorização das florestas e de quem vive nela.
“Os desastres climáticos se multiplicam no mundo inteiro, inclusive na Amazônia, a custos altíssimos. É muito mais barato fazer a prevenção do que tentar, depois dos desastres, fazer a reconstrução. Como diz o ex-presidente Obama, nossa geração é a primeira a sentir os efeitos das mudanças climáticas e a última que pode fazer alguma coisa para mudar”, concluiu. (Assessoria)