O Ministério Público do Acre (MP-AC) pediu a indisponibilidade de bens e o afastamento do cargo de três policiais militares suspeitos de torturarem um jovem durante abordagem em Rio Branco. Segundo o MP, as agressões ocorreram no mês de outubro, na Rodovia Transacreana, em Rio Branco.
A Polícia Militar do Acre (PM-AC) confirmou que os policiais Ângelo Gleiwitz Moreira Siriano, Fábio de Oliveira Barbosa e David Duarte Sobrinho estão presos há cerca de dez dias. A PM-AC ressaltou ainda que vai acatar toda decisão judicial.
O advogado Everton Frota, que compõe a defesa dos militares, explicou que os policiais estão presos no Batalhão de Operações Especiais (Bope). Segundo ele, esse pode ser um dos casos que a vítima relata com precisão o fato, mas a defesa consegue provar o contrário.
“Tiveram outros casos que o MP alegou diversas situações em que a vítima falava do fato com precisão, mas lá na frente nós comprovamos que não era bem aquilo. Acreditamos que nessa situação também vamos comprovar a inocência e poder absorver os militares”, afirmou.
Abordagem
O MP-AC destaca que ajuizou uma ação civil pública contra os policiais por improbidade administrativa. Segundo as investigações, a vítima estava com um amigo em uma motocicleta quando foi abordada pelos PMs.
A polícia pediu a documentação do veículo, mas a dupla afirmou que não possuía os documentos. A vítima relatou ao MP que foi algemada, jogada dentro da viatura e levada para o aterro de resíduos sólidos. Lá, o rapaz afirmou que foi espancado com chutes e socos pelos policiais.
A vítima detalhou ainda que teve as duas pernas quebradas, diversas lesões no corpo e passou por uma cirurgia ortopédica.
Após as agressões, os militares teriam abandonado o rapaz na BR-364, próximo a Terceira Ponte da capital acreana. A vítima, então, pediu socorro à mulher e foi levado para o hospital pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Investigações
Ainda segundo as investigações, o MP-AC conseguiu identificar o trajeto da viatura utilizada pelos militares no dia do crime. Dados do GPS da viatura comprovaram que os PMs estiveram no local descrito pela vítima. Os policiais também foram reconhecidos pelo rapaz.
As fotos dos três militares foi divulgada pelo Ministério Público do Acre (MP-AC), nesta quarta-feira (19). A defesa dos policiais repudiou a divulgação da imagem dos clientes.
“A associação vai se manifestar contra essa exposição da imagem dos policiais dessa maneira. O princípio da presunção da inocência, prevista na Constituição Federal, deixa claro que ninguém pode ser considerado culpado até transito julgado. Essa exposição da imagem antes de uma apuração e que prove que eles são culpados ou agiram com dolo, ao ponto de vista da defesa, é precipitada”, pontuou.